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30/04/2021 às 15h32min - Atualizada em 30/04/2021 às 15h28min

Cruelty free | O método que tem conscientizado pessoas a aderirem o estilo de vida vegano

Cruelty free é um termo em inglês que significa livre de crueldade animal, tem ganhado visibilidade nós últimos anos. Muitas empresas reconhecidas no mercado tem buscado alternativas para não testarem em animais

Por Ynara Mattos - Editado por Maria Paula Ramos
Reprodução/ Humane Society International (HSI) - Ralph o coelho cobaia que deu vida a campanha “Save Ralph”

Nas últimas semanas, a campanha “Save Ralph”, idealizada pela Humane Society International (HSI), viralizou nas redes sociais. Seguida por um curta-metragem onde o ator Rodrigo Santoro dá voz a Ralph, um coelho cobaia, cego do olho direito e com um zumbido em uma das orelhas. Que relata como ocorre todo esse processo de testes de envenenamento químicos em animais, neste caso, especificamente, em coelhos. A campanha tem o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a crueldade que há em testes realizados em animais, e, sobre a importância de não utilizar e consumir marcas que realizam esses procedimentos, tendo em vista que já há opções alternativas. A ação tem como slogan “Nenhum animal deve sofrer ou morrer em nome da beleza”.

 

 

A Humane Society International com a colaboração afsa (Avaliação de Segurança Livre de Animais), estão criando um currículo de treinamento inédito para apoiar empresas menores e autoridades governamentais a entender e confiar nos resultados de abordagens não-animais, de modo a implementar totalmente as proibições de testes em animais. 

 

Alguns dos fatos sobre testes de cosméticos: 

 
  • Marcas livres de crueldade como Lush, Dove e Herbal Essences criam produtos inovadores com segurança, contando com testes modernos não-animais em combinação com ingredientes existentes com histórias estabelecidas de uso seguro.
 
  • A HSI e seus parceiros estão trabalhando para proibir testes cosméticos em animais nos maiores e mais influentes mercados de beleza do mundo, bem como a venda de produtos cosméticos ou ingredientes que foram recentemente testados em animais em qualquer outra parte do mundo.
  • A campanha foi fundamental para que a União Europeia se tornasse o maior mercado cosmético livre de crueldade do mundo, e para garantir proibições subsequentes na Índia, Taiwan, Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Suíça, Guatemala e em vários estados do Brasil.
 
  • As proibições são apenas o começo; O HSI e seus parceiros do setor na Colaboração de Avaliação de Segurança Livre de Animais também estão apoiando o treinamento em países em desenvolvimento para ajudar empresas e autoridades governamentais a fazer a transição para métodos não animais modernos.

A Jornalista e Influencer digital, Bárbara Martins, desenvolveu conteúdo para sua página no Instagram @falaaibabi explicando detalhadamente sobre a campanha.

 

 

Principais testes realizados em animais:

 
  • Teste de irritação dermal: Desenvolvido em 1940, tem como finalidade avaliar as grandes hipóteses de estragos provocados por elementos químicos nos seres humanos, por meio da análise das sequelas na pele e olhos dos animais. 
 
  • Teste LD 50: O teste de medição de toxicidade de substâncias é enxertado no organismo dos animais (podendo incluir cães), através de uma sonda gástrica ou diretamente no sangue. Além da perfuração, ocasiona dores intensas e fortes convulsões, acarretando outros sintomas. As doses ocorrem de forma constante até causar a morte dos animais. O intuito é descobrir qual a dose da substância que pode ser aplicada para o homem sem perigo de intoxicação.
 
  • Testes de Toxidade Alcoólica e Tabaco: Inalação de fumaça e o consumo de bebidas alcoólicas em decorrência de análise e estudos dos seus impactos destas substâncias no organismo.

 

 

Victoria Medeiros, Designer e influencer digital, dona da página @sobreserveg reconhece: 

 

“Não faz mais sentido para mim saber que meus atos, por mais simples que sejam, possam estar causando dor em outro ser vivo. Os testes em animais são absurdamente cruéis e uma simples escolha te faz deixar de financiar isso. Eu acho MUITO ultrapassado! Uma coisa é a vacina, que infelizmente sabemos ser um procedimento padrão. Outra coisa é fazer um teste para ver o quão ardidos ficam os olhos dos animais após a aplicação de um shampoo, por exemplo. Existem outras formas de realizar testes como esses. Diversas empresas cruelty free mostram isso”. 

 

Em uma das publicações em sua página do Instagram, a influencer se posiciona contra esses testes realizados em animais. 

 

 

 

Marcas que não testam em animais:

 

Marcas e cosméticos que não testam em animais, geralmente são certificadas pelo Projeto de Esperança Animal  (PEA), com o selo Cruelty Free, um termo em inglês que significa livre de crueldade animal. Já no estilo de vida vegano ou veganismo, além das marcas não testarem, elas não utilizam nenhum componente de proveniência animal. Logo, um produto vegano também é Cruelty Free. Na última semana, o PEA disponibilizou uma lista atualizada com todas as marcas que não realizam esses testes. 

 
  • Marcas Cruelty Free: Avon, Natura, O Boticário, Dailus, Vult, Eudora, Salon line, Quem disse Berenice?, L'oréal, Granado, Lush, OX, Yes, Impala, Embelleze, Bio Extratus, Inoar, entre outras. 
 
  • Marcas 100% Veganas: Vizzela, Skala, Sallve, Racco, Lola Cosmetics, Use Bob, entre outras. 
 

Ao se tornar vegano você passa a ter “Um sentimento de compaixão muito forte. É realmente se colocar no lugar do outro e ver nitidamente o quão sofrimento passaria se fosse com você. Não é justo seres tão puros e inocentes passarem por tanta crueldade”. - Desabafa a Designer Victoria 

 

Estilo de vida vegano:

 

O veganismo não é apenas não se alimentar de carnes e derivados de animais, não é consumir e não utilizar produtos, roupas ou qualquer outra coisa que seja de origem animal, vai muito além, se tornou um estilo de vida, uma filosofia. Na qual, a luta é o ativismo pela causa e pelos direitos dos animais. Onde se prega o respeito, amor e carinho. 

 

Em alguns casos, as pessoas que tomam a decisão de se tornar veganas, não aderem ao veganismo automaticamente, optando por realizar esse processo gradualmente. Geralmente passando por alguns estágios até alcançar seu objetivo final. Segundo a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) esses estágios podem ser caracterizados como:

 
  • Ovolactovegetarianismo: Utiliza ovos, leites e laticínios em sua alimentação.
  • Lactovegetarianismo: Utiliza leites e laticínios em sua alimentação.
  • Ovovegetarianismo: Utiliza ovos em sua alimentação. 
  • Vegetarianismo estrito: Não utiliza nenhum produto de origem animal em sua alimentação. 
  • Veganismo: é o modo de viver que busca excluir, na medida do possível e praticável, todas as formas de exploração e crueldade contra os animais - seja na alimentação, no vestuário ou em outras esferas de consumo. 
 

De acordo com informações divulgadas pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB), No Brasil, 14% da população se declara vegetariana, segundo pesquisa do IBOPE. Nas regiões metropolitanas de São Paulo, Curitiba, Recife e Rio de Janeiro este percentual sobe para 16%. A estatística representa um crescimento de 75% em relação a 2012, quando a mesma pesquisa indicou que a proporção da população brasileira nas regiões metropolitanas que se declararam vegetarianas era de 8%. Hoje, isto representa quase 30 milhões de brasileiros que se declaram adeptos a esta opção alimentar.

 

 

A estudante, Tesoureira e influencer Danielle Veras, dona da página @euellynha no Instagram compartilha: 

 

“Inicialmente eu não tinha a intenção de ser vegana, já tinha cortado o consumo da carne animal e na época isso para mim já era suficiente. Mas, em 2020 me mudei para outro Estado e precisei trabalhar em um frigorífico. Ver o processo e escutar os porcos gritando ao morrer e depois cortar os corpos deles me fez decidir parar de consumir qualquer produto de origem animal”. 

 

O veganismo é uma ‘filosofia de vida’. E, aderir a esse estilo foi “O fato de finalmente entendermos que somos totalmente egocêntricos e egoístas por tratar um animal como se fosse nossa propriedade e pudéssemos fazer o que bem entender, esquecendo que eles também sentem dores e sofrem”. - Relata Danielle 

 

Felipe Nascimento, Publicitário dono da página @felipe.nascimento_ divide sobre como decidiu se tornar vegano e como foi essa experiência:

 

Foi há uns 5 anos. Quando ouvi uma simples frase que fez todo o sentido e me fez despertar. Sempre fui muito sensível à causa animal, e sempre me tocou bastante, mas, foi com essa frase que tudo começou. ‘Quando respeitamos todo e qualquer ser, até mesmo quem é menor que a gente. Aí sim! O mundo estará preparado para uma nova era de paz e luz.’ É preciso entender que todo mundo, nesse planeta, merece respeito e amor por igual. Por que amo meu gatinho e meu cachorro, e uso a pele de um animal caçado e morto? Tem coisas que são necessárias, e outras fúteis. Eu uso a pele de um animal que foi morto porque acho o casaco "fashion''. É cruel e nada elegante! Diferente de um tratamento de queimaduras, que utilizam a pele dos peixes. Ainda sim, os testes em animais estão defasados e antiquados”.

 

O publicitário acredita que um dos benefícios de ser vegano, é como isso se reflete no corpo. “O cabelo fica mais bonito, cresce mais rápido, a cicatrização acontece em tempo recorde (parece quase um x-men rsrs), a pele fica linda. E, uma das partes ruins são alguns comentários bem desnecessários, mas que entendo como curiosidade”. A forma como a sociedade atual enxerga os ‘veganos’ ainda gera e demonstram algum desconforto e inconformidade em relação a esse estilo de vida. “Principalmente que vamos ficar doentes pela falta da proteína animal ou que somos tão radicais a ponto de condenar todo mundo a sua volta que consome carne. O veganismo engloba todas as lutas possíveis, afinal, o que adianta defender um animal e maltratar um ser humano? O veganismo é uma luta de amor e respeito genuíno para com todos os seres”.

 

E, para quem tem o objetivo de em algum momento aderir a essa luta e ativismo pela causa animal, se tornando vegano, seguem alguns recados de quem já atingiu esse objetivo:

 

“Tenha calma, não compare o seu processo com o de outra pessoa e procure documentários que falam sobre ou assistir pessoalmente se possível, ajuda muito quando vemos o sofrimento no olho do animal”. - Aconselha Danielle

 

“Cada pessoa é um mundo. Com isso quero dizer que cada pessoa tem um tempinho e sua individualidade, eu fui tirando gradativamente, estudando. Mas você pode tirar tudo de uma vez. E assim vai. Cada ser é muito único. Pense com afeto sobre você mesmo” - Reforça Felipe

“Foco na causa. É o melhor conselho que eu poderia dar. Se você tem uma causa animal muito forte em você e não acha mais sentido em consumir produtos de origem animal, foca nisso. Simplesmente você vai começar a querer parar, quando comer carne de novo não vai ser tão prazeroso. E vai indo no seu tempo que dá certo”. - Finaliza a Victoria


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