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17/09/2021 às 19h37min - Atualizada em 21/09/2021 às 12h02min

A arte da retórica está presente na atualidade

Como uma boa argumentação e oratória criam um lanço com a história da antiguidade e com o mundo atual.

Paulo Victor Alves dos Reis - Revisado por Isabelle Marinho
Foto / Reprodução: Neilpatel

Ao decorrer das relações do corpo social, nos deparamos com diversos discursos persuasivos, que de uma certa forma têm grande relevância no processo de tomada de decisãoQuem tem a arte da retórica sobre seu domínio terá destaque no convívio humano, impondo suas ideias e gerando grupos que se sintam representados pelos mesmos pensamentos, os transformando em verdade.

Quando se fala sobre as pirâmides financeiras, as promessas de ganhos exorbitantes aparecem. Elas utilizam a persuasão e fazem apelos sociais, além de uma grande habilidade de argumentação, fazendo com que seus seguidores comprem seus modelos financeiros, por mais que não corresponda com a realidade.

Essa arte de argumentar e utilizar a retórica no atual corpo social também fica mais evidente nos anos eleitorais. Considerando que alguns políticos se empenham em construir uma campanha com a imagem de herói para a população e utilizam Fake News para atacar seus adversários nas eleições.

Arte de argumentar na história

Na Grécia Antiga surgiu um grupo de pensadores conhecido como sofistas, que são os mestres na arte da retórica. Para eles, o certo era possuir a virtude de argumentação técnica de persuasão e conhecimento. Ou seja, para o sofista não existe a verdade, a verdade é o que faça acreditar.

Sócrates foi um grande adversário dos sofistas em alguns requisitos como: diálogo, ironia, questionamento e aporia (um paradoxo). O seu primeiro passo para isso foi a famosa dúvida: “sei que nada sei”.

O que os sofistas têm de semelhante aos vendedores de pirâmides financeiras e políticos?

A semelhança entre ambos é a construção de diálogo e debate sobre um fato social, bem estruturado e alinhado e com objetivo final, por uma boa argumentação e utilizando-a ao seu favor.

Porém, os sofistas tinham apenas o intuito de realizar grandes debates, eles não são considerados mentirosos, mas sim mestres da retórica e professores itinerantes, devido aos seus deslocamentos. Seu principal objetivo era introduzir ao cidadão à vida política, entretanto, não existia uma verdade, ela era relativa ou aparentava ser, sua meta era vencer as discussões.


Já os vendedores de pirâmides e políticos de falsas promessas têm apenas o intuito de ter ganhos financeiros e interesses pessoais.

Entendendo um pouco mais

Para compreender melhor o assunto, o graduado em ciências sociais e mestre em sociologia, Thiago Ocampos,  contou sobre os efeitos da persuasão: “Os efeitos são construções argumentativas de discursos antagônicos sobre a realidade, a criação de 'bolhas', grupos que não se comunicam, se retroalimentam de imagens próprias, não dialogam com o diverso e levam ao extremo da disputa sobre a realidade quando utilizam a força física para 'convencer' o diferente".

Ainda, sobre os sofistas estarem presentes na atual sociedade, relatou que:

“Não acredito que os sofistas estejam presentes na sociedade atual, acredito que elementos de oratória e retórica continuam sendo utilizados com o intuito de persuadir grupos e pessoas em prol de um determinado discurso. No cotidiano essas técnicas estão altamente desenvolvidas com elementos sofisticados, com uma linguagem adaptada aos avanços da tecnologia virtual, capazes de construir uma realidade coerente, na qual as pessoas de um grupo se encontram representadas por essa 'realidade' e não possuem elementos críticos para questionar a coerência ou elementos desse discurso, algumas pessoas sentem-se confortáveis com o discurso que gostam de acreditar.”  

Portanto, ao ter a experiência de alguém utilizando a arte da oratória ou retórica, observe e questione bastante para não ser persuadido como os demais grupos de massa.
 


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