Foto: Reprodução/ InstagramA noite do dia 4 de maio revelou um grande contraste no cenário brasileiro: uma parcela generosa da população esperava - ansiosa - o momento em que a participante do Big Brother Brasil, a famigerada Juliette, ganhasse o prêmio. Por outro lado, a nação ficou angustiada com as notícias e rumores sobre o estado de saúde do ator Paulo Gustavo. No fim da noite, os brasileiros partilhavam dos mesmos sentimentos: alegria e tristeza, esta, todavia, sobressaia.
Internado desde o dia 13 de março em um hospital na zona sul do Rio de Janeiro, o ator e humorista lutou com veemência pela vida. Sempre cuidadoso e temente ao vírus, Paulo fazia testes semanais. O quadro clínico do ator era instável, variou entre melhoras e pioras, levando os seus fãs a ecoar correntes de oração pelo país inteiro.
Entubado no dia 22 de março, Paulo Gustavo, que fazia as pessoas perderem o fôlego de tanto sorrir, passou a respirar através de pulmão artificial - terapia por ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea). Ainda que o quadro do ator fosse considerado grave, os fãs, amigos e familiares não deixaram de acreditar na sua recuperação.
No entanto, no dia 3 de maio, ele teve embolia gasosa (quando os vasos sanguíneos são obstruídos por bolhas de ar). A equipe médica divulgou um boletim em que afirmava que a situação clínica era “instável e de extrema gravidade”. No dia 4 a equipe informou que o quadro era irreversível.
Paulo Gustavo morreu aos 42 anos, no auge da sua carreira, deixando o esposo, dois filhos e uma legião de fãs. O ator recebeu homenagens dignas de sua trajetória talentosa e admirável. O Brasil o aplaudiu de pé. Nas redes sociais, Paulo foi agraciado. Uma rua de Niterói teve o nome trocado e será nomeada “Rua Ator Paulo Gustavo”. É lamentável Paulo não estar aqui para ver o seu rosto estampado no site oficial da sua diva do pop, a cantora Beyoncé, que também prestou homenagem.
Os internautas demonstraram indignação pela morte de Paulo Gustavo e de mais de 400 mil vidas que foram perdidas. Grande parte das perdas poderiam ser evitadas caso houvesse vacinação em massa.
Em entrevista ao Fantástico, a mãe e musa inspiradora dos sucessos de PG, Déa Lúcia desabafou: “Durante um ano, a gente viajou o país até as crianças nascerem e eu terminava o espetáculo falando que homofobia era crime. A corrupção mata! E roubar na pandemia é assassinato. Eu chorei com cada mão e choro, vou continuar chorando, mas essa luta vai ser minha. Eu vou lutar e vou falar o tempo todo. Na pandemia, cada morte de um filho, eu chorava por essa mãe, sem saber que o meu filho ia passar por isso”.
Paulo foi preciso, manifestava-se sobre suas opiniões, sobretudo contra o preconceito de maneira cômica. Ele tinha o dom em transformar o que era dor em comédia. Um dos seus maiores sucessos, dona Hermínia representava boa parte das mães brasileiras, com seu jeito autêntico.
A mulher de vestidos estampados e bobes na cabeça, virou patrimônio nacional e por trás das características engraçadas e marcantes da personagem, o intuito era fazer os espectadores refletirem acerca da homofobia. Paulo Gustavo com todo o seu talento e autenticidade, fez o Brasil aprender sobre as diferenças sorrindo; levantou pautas sociais necessárias.
A morte de PG revelou um lado ainda mais admirável do ator: o altruísta. Doou R$1,5 milhão para as Obras Sociais Irmã Dulce. Durante a pandemia, depositou R$ 1 mil para as pessoas que fizeram parte dos filmes, além de doar cerca de meio milhão de reais para o Amazonas, para ajudar na compra de cilindros de oxigênio. Ele era discreto, seu único objetivo era ajudar o próximo, sem holofotes e estas ações só vieram à tona após a sua morte.
Paulo Gustavo partiu, mas sempre estará presente na memória dos brasileiros, pois deixou legados incríveis, tal como ele.
