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20/05/2021 às 20h14min - Atualizada em 20/05/2021 às 19h44min

Karol Conká: uma nova mulher?

Após uma passagem desastrosa pelo Big Brother Brasil, a rapper busca se reerguer em uma era marcada por autoconhecimento e muita reflexão

André Arruda - editado por Luhê Ramos
Instagram/Reprodução
Karoline dos Santos Oliveira, mais conhecida como Karol Conká, é a pioneira dessa nova geração do rap feminino. A curitibana sempre foi conhecida pela sua personalidade forte e por não ter medo de expor o que pensa, além de ser um símbolo de representatividade no cenário do rap. Com uma história marcada pelas dores do racismo, Karol sempre traduziu suas feridas em músicas e também pregou o empoderamento feminino. 
 
Mas foi ainda dentro do confinamento que todo o discurso da rapper construído ao longo de sua carreira foi posto em xeque. Com um jeito extremamente agressivo e abusivo em relação aos seus colegas, as atitudes de Karol começaram a gerar revolta por parte do público. Porém, o estopim foi quando a cantora mandou o ator Lucas Penteado se retirar da mesa para que ela pudesse comer. Esse ato infeliz causou uma comoção nacional. Não foi à toa que a curitibana saiu do BBB com 99,17% dos votos, o maior índice de rejeição da história do programa. 

A realidade aqui fora para Karol foi dura. Com shows e contratos cancelados, muitos se perguntavam como ficaria a carreira da rapper. A plataforma de streaming Globoplay, decidiu então mostrar em uma série documental intitulada “A vida depois do tombo” como a curitibana encararia a onda massiva de rejeição. Ao longo dos episódios são expostos traumas vividos pela cantora que até então eram desconhecidos pelo grande público. A narrativa também busca mostrar a origem das atitudes perversas que fizeram os telespectadores odiarem a figura Karol Conká. 
 
O documentário dividiu opiniões. Para alguns se trata apenas de tentativa de limpeza de imagem, já para outros um conteúdo interessante para se consumir. Após dois meses afastada dos holofotes, Karol surgiu um tanto quanto diferente para a divulgação de sua nova fase. Se antes ela abusava de roupas ousadas e acessórios extravagantes, agora a mesma ressurgi com um visual mais leve, uma maquiagem simples e um discurso pautado no perdão. Parece que essa “transformação” vem surtindo um efeito positivo, uma vez que a canção apresentada na final do BBB vem obtendo números bem expressivos nas plataformas digitais. A rapper chegou a ter a melhor estreia da carreira com Dilúvio. 

É importante reconhecer que essa “mudança” de comportamento é sim benéfica e pode ser verdadeira. Só que por outro lado, não se pode descartar que existe uma estratégia de recuperação de imagem através dessa nova conduta. A partir de todos esses julgamentos pelos erros cometidos pela rapper, é importante refletir que ela precisa e deve arcar com as consequências. Mas também é importante pensar que a cantora não merece ter sua trajetória anulada.

Em país extremamente racista igual ao Brasil, Karol como mulher preta e de origem humilde levantou debates necessários e conseguiu acessar lugares que muito dos seus nunca se quer pisaram, e isso precisa ser levado em consideração. A mesma disse em sua participação no BBB 21 que tinha se tornado uma nova mulher. Se é verdade ou não, só o tempo poderá nos mostrar.  Enquanto essa resposta não vem, o melhor a se fazer é deixar Karoline seguir em frente na sua busca pelo perdão e autoconhecimento. 
 

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