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01/07/2021 às 20h12min - Atualizada em 01/07/2021 às 20h37min

A importância da representatividade nos desenhos animados para a formação do público infantojuvenil

Joérica Cunha - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte/Reprodução: Google

Não importa a geração, os desenhos animados fazem parte do cotidiano das crianças, e desempenham um papel fundamental no estimulo do imaginário infanto-juvenil.
Os desenhos animados, além do entretenimento, servem também para apresentar as crianças algumas “regras” de convivência em sociedade, assim como tratar de aspectos relacionados a moral e ao respeito.

Por conta da grande presença e influência dos desenhos animados na vida do púbico infanto-juvenil, as grandes produtoras passaram a utilizar as animações como ferramenta de diálogo e representatividade, incluindo cada vez mais personagens LGBTQIA+, não brancos, pessoas com deficiências, e outros grupos minoritários, em suas histórias.

A discussão sobre a diversidade nas produções infantis intensificou em outubro de 2017, quando a revista norte-americana The Hollywood Reporter anunciou que a Disney Channel estaria desenvolvendo o seriado Andi Mack, que contaria a história de um personagem gay em uma serie infanto-juvenil. A emissora sofreu uma forte retaliação de uma grande parte do público adulto, que alegaram que a exibição da série poderia incentivar negativamente o crescimento do(s) filho(s).



Andi Mack não foi a primeira produção a abordar o tema, muito antes disso, animações como Pica-Pau e Bob Esponja, já colocavam em pauta assuntos como identidade de gênero, orientação sexual, questões de etnia e famílias não tradicionais.

Em junho de 2020, a emissora Nickelodeon confirmou com o personagem Bob Esponja pertence à comunidade LGBTQIA+, e em 2005 Stephen Hillenburg, criador do personagem, afirmou que a esponja amarela seria assexuado.

Bob Esponja não é a única animação da década de 90 que sutilmente aborda o tema. A personagem Velma, de Scooby-Doo, é lésbica. Em Os Simpsons, a Lisa é polissexual. Em Pica-Pau, a ave adorava usar vestidos e maquiagem em diversos episódios, o que gerou uma discussão na internet sobre a possibilidade de ser Drag Queen.



As animações atuais continuaram adotando a abordagem de tais temas, porém de uma forma menos sutil do que a que era antigamente. A animação da Disney, The Owl House (A Casa da Coruja), tem como protagonista uma personagem que possui relações tanto com personagens masculinos quanto femininos, sendo abertamente bissexual. Já em Steven Universe, as guardiãs do garoto de 12 anos, Garnet, Ametista e Pérola, foram desenhadas para representar diferentes padrões de corpo, gênero e sexualidade.

Por sua vez, em Hora de Aventura, Marceline e Princesa Jujuba são um casal de lésbicas, e também há personagens transsexuais. Além disso a animação traz um constante alerta sobre o abuso sexual, o personagem Rei Gelado sempre tenta se aproveitar das meninas sem consentimento e, em um episódio, é advertido pelo personagem Jake: “Seu assédio constante ao sexo feminino me enoja!”.

Já em Doutora Brinquedos, a personagem principal é uma menina negra que sonha em ser médica, espelhando-se na profissão da mãe. A importância da divisão de tarefas domésticas também é lembrada: em alguns episódios, a mãe ajuda a filha a traçar seus diagnósticos enquanto o pai está na cozinha preparando lanches para o filho caçula. Recentemente, foi levado ao ar nos Estados Unidos um episódio com um casal homoafetivo e interracial formado por duas bonecas da Doutora Brinquedos. A relação homossexual foi mostrada com naturalidade e não foi o tema do enredo, que abordava a proteção contra terremotos.



Em uma sociedade onde a inclusão das minorias ainda não é bem aceita, é de extrema importância que as animações desempenhem o papel, e auxiliem no processo de identificação individual e representatividade.

A presença de personagens negros em papeis de destaques, por exemplo, é fundamental para que as crianças não sejam influenciadas negativamente, e normatizem o preconceito, e até mesmo a violência física. A Disney serve como referência no aspecto, ao trazer inúmeras vezes personagens femininas, empoderadas, com diversidade de cabelos e etnias, em suas animações de sucesso como Valente, A Princesa e o Sapo, Pocahontas, Mulan e Moana.



Os personagens permitem que os processos de identificação ocorram em espaços que vão além dos sentidos comuns da realidade cotidiana, ao liberar a imaginação. Constrói-se assim um movimento essencial do desenvolvimento que pode ser alcançado sempre que a criança for inserida na fantasia.

A partir disso, as crianças presentes sentem-se aceitas, a identificação não é limitada ao momento em que se assiste a animação, ela se estende às conversas no carro, ao almoço, aos bordões dos personagens, a decoração da festa de aniversário. A representatividade pode gerar autoestima, empoderamento, aceitação e felicidade. Não apenas desenvolve o senso crítico, as expressões comportamentais, a percepção de mundo adjunto com o respeito e a sensibilidade.

REFERÊNCIAS:
CAHINSARES, Mariana. O que falta para as animações da Disney terem mais representatividade? Omelete, 23 de jun. 2021. Disponível em: < https://www.omelete.com.br/filmes/disneyanimacoes-representatividade-lgbtqia/ >. Acesso em 29 de jun. de 2021.

ALBURQUEQUE, Letícia. Conheça 6 animações que têm muito a ensinar. Guia do Estudante, 08 de out. 2020. Disponível em: < https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/conheca-animacoes-jovens-adultos-tem-muito-ensinar/ >. Acesso em 30 de jun. de 2021.

A importância das animações no desenvolvimento infantil. Conexão Alingo, 07 de ago. 2015. Disponível em: < https://conexao.xalingo.com.br/2015/08/07/a-importancia-das-animacoes-no-desenvolvimento-infantil/?cn-reloaded=1 >. Acesso em 29 de jun. de 2021.

Como os desenhos animados podem ajudar no desenvolvimento das crianças. Colégio Andrade Dorigon. Disponível em: < http://colegiodorigon.com.br/como-os-desenhos-animados-podem-ajudar-no-desenvolvimento-das-criancas/#:~:text=Os%20desenhos%20animados%2C%20assim%20como,%C3%A0%20moral%20e%20ao%20respeito. >. Acesso em 30 de jun. de 2021.
 


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