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02/07/2021 às 12h21min - Atualizada em 02/07/2021 às 12h11min

Crônica: Subiu o preço da vida

Caro demais para comer, morar e viver.

Beatriz Gonçalves Da Silva - Editado por Talyta Brito
Foto: Reprodução/arquivo Mauricio Hora - Morro da Providência

Terezinha não jantou ontem, a comida que tinha só alimentava seus três filhos, “alimentava”… Foi no açougue no começo do mês e o quilo da carne era o preço do gás. Seu pouco dinheiro só lhe deixava escolher entre um ou outro. Sem gás não se cozinha a carne, sem carne não alimenta os filhos. Lembrou da madeira, ouviu seus vizinhos dizendo que uma boa opção seria voltar a usar o fogão a lenha, neste instante, lembrou-se também do ministro da Economia, Paulo Guedes enchia a boca para falar que o preço do botijão de gás cairia pela metade assim que Jair Bolsonaro assumisse a presidência.

 

Mentira! O preço do botijão de gás não baixou, mas a fome, essa aí só aumenta. Em meio a pandemia as coisas só pioraram e você se pergunta “é possível ser pior do que o governo Bolsonaro?”, a resposta é sim, a situação ficou tão ruim quanto o atual governo e por culpa, consequentemente, do atual governo. O Brasil voltou para o mapa da fome. 

 

De acordo com o Ministério da Cidadania, há 14,5 milhões de famílias em situação de extrema pobreza, isso significa que essas pessoas recebem de renda per capita R$89,00 por mês. Antes da pandemia, esse grupo contava com um milhão a menos de pessoas. E então, novamente você se pergunta “mas e o auxílio emergencial, não ajudou?”, não totalmente, não livrou os filhos de Terezinha da fome, não colaborou para que o número de pessoas incluídas nesse grupo diminuísse.

 

O preço do gás aumentou, o quilo da carne também, a conta de luz teve reajuste e os R$375,00 - isso se você for mãe solo - do auxílio emergencial de 2021 não paga nem o aluguel. 

 

Terezinha atrasou o aluguel, precisava alimentar as crianças, três crianças. Se viu novamente em posição de escolher entre um ou outro só que dessa vez não pensou na madeira, que era inclusive  o material barato que consistia na estrutura de seu humilde barraco. A mulher pensou apenas na fome de suas crias, sabia que “barriga vazia não para em pé” e queria seus filhos em pé, prontos para a luta que é sobreviver nesse país tão desigual. Queria que seus filhos crescessem logo para lutarem ao seu lado, contra toda essa indiferença que o povo que não tem propriedade, carro de luxo, bolsa de grife e carne na mesa, sofre. 

 

A mãe das três crianças não vê a hora deles tirarem o título de eleitor para terem o poder mais incrível que qualquer cidadão pode ter, o poder de escolha, o voto! 


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