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14/10/2021 às 23h22min - Atualizada em 03/07/2021 às 17h02min

Apropriação Cultural: turbantes e tranças

Pode ou não pode?

William Haxel - Revisado por Márcia Nascimento
Modelos com turbante (Fonte: Foto/Reprodução/Vogue).

Visto apenas como um acessório para completar a estética, os turbantes e as tranças passou a ser utilizados sem seus reais sentidos. Entretanto, o que hoje é visto como um acessório, carrega consigo vários símbolos e significados que auxiliam na emancipação social e política do movimento negro.

Discutir sobre o conceito permite perceber que não é sobre poder ou não poder fazer usos desses elementos, mas sim entender todos os significados contidos em cada um.

Afinal, o que é apropriação cultual?

De acordo com o Doutor em Ciências Sociais, Rodney William: ‘’Apropriação cultural é, teoricamente as ações praticadas por grupos majoritariamente dominantes. Consiste em se apoderar de elementos de uma cultura minoritária ou inferiorizada, e utiliza destes elementos sem as devidas referências e permissão, eliminando ou modificando seus significados. Muitas das vezes ocorrem por fins lucrativos ou estéticos.
Portanto, nesse sentido, interpreta-se apropriação cultural fazer o uso desses elementos sem saber o real sentido ou simplesmente por questão estética,

 Sobre o turbante

Marcado pelo período colonial, o turbante surge para o movimento negro como um resgate da estética e da cultura, ele, politicamente, simboliza a resistência cultural dos descendentes dos africanos escravizados no Brasil. Além disso, eram utilizados para: mediação de conflitos, ajudar a carregar o filho, carregar jarros de água na cabeça, além dos mistérios. A design e ilustradora, Bangé Yhodhy conta a história do turbando no Canal Preto, assista o vídeo:

Bangé Yhodhy conta a história do turbando no Canal Preto (Reprodução: YouTube). 

Resgatando o caso de Thaune:

Em 2017, Thauane Cordeiro, postou em suas redes sociais que estava no metrô, onde foi abordada por uma mulher negra sobre o fato de estar usando turbante. Tauane rebateu: ‘’ tá vendo essa careca? Isso se chama câncer, então eu uso quando quiser! Adeus’’.

A postagem contada por Thauane nunca foi de fato provada, mas foi tratada como verdade absoluta tornou-se viral na internet uma vez que a mesma postou uma hashtag “”#Vaiterbrancodeturbantesim’’. A história teve bastante repercussão, servindo como motivo de ataques às mulheres negras e deslegitimando a luta dos movimentos.
 
Sobre as tranças 

As tranças afros vão muito além de um simples penteado. Para muitos negros, é uma das formas de expressar a identidade, o orgulho dos cabelos e a sua história.

Sendo assim, vamos relembrar uma história envolvendo os algoritmos do google:

''TRANÇAS BONITAS''

 



''TRANÇAS FEIAS''


Sendo Assim, os turbantes e tranças são utilizados sem o devido conhecimento histórico-cultural, como reafirma a blogueira Keilla Estefani. "Muitas pessoas usam apenas por estar na moda, por complementar a peça de um look, mas para mim, além da estética, reforça a minha ancestralidade com o candomblé". 

Mesmo se fosse apenas moda, vale a pena parar para refletir: Mulheres negras usam turbantes desde a África, durante a escravidão e continuam usando ainda hoje, mas o ''acessório'' só se torna moda quando uma modelo ou uma atriz branca aparece na capa de uma revista ou em outros veículos de comunicação.

Por fim, nunca foi apenas moda ou estética. Os turbantes, as tranças, o cabelo black power e os dreads são símbolos cheios de significados para a cultura afro-brasileira; portanto, não é sobre poder ou não poder usar, mas sim em tomar conhecimentos dos significados e então decidir ou não fazer o uso desses elementos.


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