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11/07/2021 às 21h42min - Atualizada em 09/07/2021 às 16h06min

Esperança em tempos difíceis: como ela pode nos ajudar?

Para muitas pessoas a esperança tem sido o recurso para enfrentar a pandemia e aguardar por dias melhores

Thays Silva - Editado por Andrieli Torres
Foto: Arquivo pessoal de Lena Caetano
Era dezembro de 2019 quando o primeiro caso de coronavírus era registrado em Wuhan, na China. No início não parecia algo tão preocupante, mas com o passar dos dias as pessoas começaram a ficar inquietas. Ainda assim, daqui do Brasil muitos acreditavam que logo o vírus seria contido e não chegaria por aqui. Esse foi o pensamento de Lena Caetano. Como jornalista, ela estava sempre se informando de tudo e ficou apreensiva com a situação na China, mas alimentou a esperança de que aquilo parasse por ali. Infelizmente, isso não aconteceu.

Em fevereiro, o vírus chegou ao Brasil. Em março, chegou a Cachoeira do Sul, cidade do Rio Grande do Sul onde Lena mora. Logo veio o uso da máscara, as restrições, o isolamento. Acostumada a estar com os amigos e visitar o filho, que morava em Curitiba, Paraná, Lena, de repente, se viu sozinha. Trancada em casa para proteger sua saúde e a dos outros.

Para os adeptos a um estilo de vida mais “caseiro”, o isolamento não foi tão impactante. Mas, esse não era o estilo de vida de Lena. Nas segundas-feiras, no trabalho, costumava relatar o que tinha feito no final de semana. Por vezes apenas pegava a sua garrafa térmica, sua cuia e saía ainda sem ter decidido se iria tomar chimarrão numa praça ou se iria visitar alguém para dividir a bebida símbolo da tradição gaúcha. Não, para Lena o isolamento definitivamente não foi fácil.

Os fins de semana dela eram em casa. Nada de praça, nada de amigos para conversar ou abraçar. Aliás, foi do abraço que ela mais sentiu falta. Para a jornalista, um ato que é um remédio que não podia ser usado.

Apesar de tudo, não desanimou. Confiou na ciência e em Deus e esperou. Como ela mesma conta, foi otimista, mas com amparo na fé. E quase um ano depois, veio a vacina contra a Covid-19. Enfim, uma solução se aproximava. Numa noite de segunda-feira, os primeiros imunizantes chegaram ao Rio Grande do Sul e cinco pessoas foram vacinadas. No dia seguinte, 19 de janeiro de 2020, Lena Caetano apresentava o jornal no qual trabalha e dava a boa notícia ao vivo: a vacinação no estado tinha começado. Foi com a voz embargada que ela deu a notícia, enquanto conversava com a repórter Telma Thomaz, que trazia todos os detalhes do assunto.




Aquele foi o momento que ‘virou a chave’ para ela. “O começo do fim do pesadelo chamado pandemia.”

Mesmo com a boa notícia, a vez dela demorou um pouco. Cinco meses. Até que chegou o grande dia de tomar a primeira dose da vacina. Palavras não conseguem traduzir esse momento, mas Lena desabava. “Meu momento da vacina foi ímpar. Não percebi a injeção, não pensei, só senti uma coisa boa que se manifestou em lágrimas, alívio e gratidão a Deus pela dádiva da imunização. Sentimento de alívio, mais segurança e sim, esperança. Cada dia é menos um dia de pandemia”.

Esperança. Foi esse sentimento que a sustentou até aqui. Aliás, não só a Lena. Um psicólogo norte- americano C. S. Snyder (autor do livro Psychology of Hope: You Can Get Here from There) acreditava que a esperança é uma ‘ideia motivacional’, uma ‘habilidade’ que ajuda a pessoa a chegar onde precisa. Ele fez um estudo sobre como a esperança afeta as pessoas e descobriu que indivíduos com depressão passavam a ver mais o lado positivo das coisas, e a sorrir mais quando tinham esperança.

Hoje, quando olhamos nossas redes sociais, nos deparamos com dezenas de fotos de amigos sendo vacinados. Todos fazem questão de registrar o momento. Seriam pessoas que aguardavam com esperança pela vacina e agora estão agradecidos por ter chegado a hora? Bom, pelo menos para Lena foi o que aconteceu. E mesmo estando ciente de que apenas uma dose não garante imunização (e nem mesmo as duas doses dão 100% de proteção), ela mantém a esperança de dias melhores.

“Há 100 anos o mundo conseguiu vencer a pandemia da gripe espanhola sem um terço das condições e conhecimentos humanos e tecnológicos que temos hoje. Como não acreditar?”, questiona.

Esperança em dias melhores e alegria pelo que já se conquistou até aqui. É isso que resume o estado emocional da Lena hoje. E para muitos a situação é a mesma. Como diz o ditado, a esperança é a última que morre. E é com ela que muitos estão vivendo um recomeço.

Logo vai chegar o momento de rever os amigos. Um abraço, um chimarrão no banco da praça, sorrisos não mais escondidos. Logo tudo isso vai chegar. Para a Lena e para todos nós.

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