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11/07/2021 às 03h21min - Atualizada em 10/07/2021 às 16h46min

A participação de personagens negros no universo Geek

O texto passa pela aparição dos primeiros personagens até HQs premiados no Brasil

Kevin Costner - Editado por Ana Terra

Ao longo dos anos, quando olhamos para a evolução da sociedade moderna, também notamos que isso reflete diretamente nas histórias em quadrinhos. A cobrança justa por respeito para mulheres, LGBTQI+, negros, muçulmanos, dentre outros, ganharam destaque e isso é cobrado cada vez mais dentro de editorias e estúdios pelos consumidores de determinado produto.

Em 1966, Stan Lee e Jack Kirby, apresentaram Pantera Negra na edição 52 do HQ do Quarteto Fantástico, outros heróis negros já existiam, como é o caso do Gabriel Jones do Comando Selvagem de Nick Fury e Lion Man, personagem da extinta All-Negro Comics – uma editora formada por escritores e artistas negros.

Certamente você leitor já percebeu que, sem luta por direitos igualitários, aparições de negros na TV ou até mesmo em HQs são representadas por criminosos ou como funcionários de famílias ricas. Como é o caso da aparição do jovem negro Giby, um empregado de família que teve sua aparição como empregado na revista O Tico-Tico, entre 1905 a 1962.

Qual a diferença entre representar e representatividade?

Na minha infância, não me recordo de ver um super-herói na televisão parecido comigo e que viesse a me representar. Obviamente que isso seria até ingenuidade, mas, isso mudou em 2018 quando fui assistir Pantera Negra.

Sucesso absoluto e rodeado de críticas positivas, o marco que o filme da Marvel representou foi indiscutível – recordo que, na época, o longa chegou a alcançar a quinta maior bilheteria em estreias nos Estados Unidos.

Então você pensa: “a representatividade invadiu o cinema”, no entanto, nem sempre é assim. O ato de representar é constar, aparecer (a famosa participação especial). Já a representatividade é literalmente contextualizar tudo o que está sendo apresentado, e foi exatamente o que Pantera Negra fez à população na época.

Existe Racismo Institucional?

Capitão América, um militar símbolo de heroísmo e que carrega com si um escudo que faz alusão a maior potência comercial do planeta. Porém, essa história se encerou quando Steve Rogers entrega seu patrimônio a Sam Wilson em Vingadores: Ultimato, dando fim ao seu ciclo como capitão. A atitude de Rogers deu início ao roteiro da série Falcão e Soldado Invernal, que demonstrou como um negro, mesmo sendo herói, também sofre.

A série lançada no início de 2021, mostra que Sam possui conflitos por ser negro e carregar a imagem que, para os estadunidenses, sempre foi propaganda de valores. Ainda na trama, a irmã de Sam, Sarah Wilson, também sofre com instituições bancárias para conseguir um empréstimo bancário.

Mas isso é só no cinema ou nas HQs? Não! Em 2020, o jornal The Guardian publicou um estudo em que pequenos comerciantes sofrem com empréstimos negados, o que é diferente quando solicitado por pessoas brancas. As situações discutidas em Falcão e Soldado Invernal não ficam no silêncio, no final da trama e em rede nacional, Sam discute e apresenta aos líderes do governo como essas questões de inclusão e respeito são necessárias para um país melhor.

Bora falar de Brasil?

O último censo demográfico aponta que 47,5% dos brasileiros foram classificados como branca, 43,4% como parda e 7,5% como negra. E isso foi tema de um artigo publicado na revista 9 Arte, onde foi discutido o porquê a maior população do país carece de tanta representatividade nas HQs.
No entanto, listo aqui duas histórias em quadrinhos com nacionais e vencedoras do prêmio Jabuti.

• Castanha do Pará: foi a primeira HQ vencedora do prêmio Jabuti. Ela conta a história de um jovem que vive nas ruas de Belém do Pará e vive sua vida com furtos e migalhas.

Negro, franzino e com uma cabeça urubu, o jovem possui a imaginação a mil por hora, e com o sonho de se tornar um grande jogador de futebol.

• Jeremias – Pele: outra ganhadora do prêmio, mostra como Jeremias lida com o preconceito por conta de sua pele. Mesmo com as diversidades, também são apresentados toda superação e preparo para vida.

A história da editora de Maurício de Souza teve como seu roteirista Rafael Calça.

Referências:

'BLACK-OWNED FIRMS ARE TWICE AS LIKELY TO BE REJECTED FOR LOANS. IS THIS DISCRIMINATION?' The Guardian, 2020. Disponível em:<https://www.theguardian.com/business/2020/jan/16/black-owned-firms-are-twice-as-likely-to-be-rejected-for-loans-is-this-discrimination>. Acesso em: 10 de junho de 2021.
CARNEIRO, Raquel. “Racismo é o grande vilão da Marvel em ‘Falcão e o Soldado Invernal’ Veja, 2021. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/blog/tela-plana/racismo-e-o-grande-vilao-da-marvel-em-falcao-e-o-soldado-invernal/>. Acesso em: 10 de junho de 2021.
MARQUA, Philipp. “O longo caminho dos super-heróis negros nos quadrinhos”. Deutsche Welle, 2020. Disponível em: <https://www.dw.com/pt-br/o-longo-caminho-dos-super-her%C3%B3is-negros-nos-quadrinhos/a-54044308>. Acesso em: 10 de junho de 2021.
SANTOS, Roberto Elísio dos. A maioria da população brasileira é minoria nos quadrinhos. 9ª Arte, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 75-77, 2020. ISSN: 2316-9877. Disponível em: <http://www.revistas.usp.br/nonaarte/article/view/168128>. Acesso em: 10 de junho de 2021.

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