Em 1999, uma jovem japonesa, muito sonhadora decidiu que iria seguir uma profissão diferente da destinada à família. Ao invés de se tornar uma produtora de leite e cuidar de gado, a jovem seria mangaká. A mulher em questão é Hiromi Arakawa, filha número quatro de um total de cinco, criados em Hakkaido no Japão. Apesar de estudar e ser criada para seguir a profissão da família, Hiromi viu em seu hobby o futuro que sonhava. Quando decidiu seguir o sonho dos mangás, conversou com os pais e aos 26 anos mudou-se para Tóquio em busca de um emprego.
Hiromi começou a trabalhar no meio editorial em uma revista de video games sob o pseudônimo Edmund Arakawa. O nome masculino era necessário, pois as mulheres não eram bem aceitas na profissão. Mangaká é termo utilizado para definir pessoas que criam ou desenham para mangá, com a expansão da cultura otaku o termo ficou mais popular. Aqui no ocidente, utilizamos os termos ilustradores e desenhistas.
Enquanto trabalhava na revista de videogames, a mangaká publicou sua primeira história, “Stray Dog” e ganhou o 9º Prêmio Enix Século 21. A visibilidade permitiu que Hiromi assinasse contrato com a empresa para publicar mangás de forma exclusiva. Porém, a escritora decidiu continuar se escondendo em um nome masculino para que os trabalhos não perdessem credibilidade, assim nasceu Hiromu Arakawa.
Em julho de 2001, ainda na Enix - hoje Square Enix, Hiromu começou a estudar sobre alquimia, história, guerras e até filosofia. Tudo isso para iniciar o trabalho de maior visibilidade e que permaneceria por nove anos, Fullmetal Alchemist.
Fullmetal Alchemist é um mangá que foi publicado de 2001 até 2010, com 27 volumes, sendo 108 capítulos, que contavam a história dos irmãos Edward e Alphonse Elric. Eles tentam utilizar os poderes da alquimia para ressuscitar a mãe, no entanto, a Alquimia, prática utilizada na idade média, possui um conceito fundamental: a troca equivalente. Para que o “feitiço” do alquimista dê certo é necessário uma troca equivalente ao que é desejado. No processo, o desejo dos irmãos não é alcançado e eles perdem bastante ao realizar essa transmutação.
Edward perde a perna esquerda e sacrifica seu braço direito para salvar o irmão, que fica preso em uma armadura medieval. Após as perdas, os irmãos seguem em busca da lendária Pedra Filosofal, que acreditam ser capaz de ampliar os poderes de alquimia e conseguirem seus corpos de volta.
O mangá está sendo reimpresso aqui no Brasil pela JBC.
No ano de 2009 um novo anime foi exibido, intitulado “Fullmetal Alchemist: Brotherhood”. Exibido até julho de 2010, esta versão é totalmente fiel ao mangá e também possui especiais (chamadas OVAs - Original Video Animation) e um filme de animação para completar algumas pontas soltas. Aqui no Brasil o anime foi exibido pela Rede TV e atualmente está disponível no catálogo da Netflix.
Fullmetal Alchemist - Brotherhood
Reprodução: Studios Bones
Games, Action figures e mais
Em 2017, a criação de Hiromi foi adaptada de um novo jeito. Após sair dos mangás para animes, a história ganhou uma versão live-action. O filme japonês foi dirigido por Fumihiko Sori, que foi responsável pelo filme “Dragon Age”.
Apesar de se manter fiel à história original, uma curiosidade é que os filme não conquistou os fãs ocidentais por problemas técnicos como os efeitos da armadura de Alphonse, ou os ângulos de câmera que deixam a desejar. Atualmente o filme está com nota 5,2 no IMDB, site de rankeamento de produções audiovisual. Porém, os fãs orientais adoraram a obra. Na semana de lançamento, o filme foi exibido em 441 salas de cinema e arrecadou aproximadamente US$ 3,3 milhões.
Confira o trailer do live action de Fullmetal Alchemist:
Sucesso Mundial
Um dos maiores motivos para o sucesso de Fullmetal é relacionado a dedicação de Hiromi Arakawa ao falar sobre temas como Alquimia e Ciência. Você pode conferir um artigo inteiro sobre esse fator aqui no Lab, A Ciência de Fullmetal Alchemist - Lab Dicas Jornalismo.
O ano de 2021 é especial pois marca os 20 anos da produção do mangá. No dia 12 de julho, a Square Enix realizou uma live para celebrar a publicação. O evento contou com a participação das dubladoras originais, as atrizes Romi Pak e Rie Kugimiya, que dublaram os protagonistas Edward e Alphonse.
Além da live de comemoração, a Square Enix anunciou Fullmetal Alchemist Mobile, que ficará disponível para iOS e Android. A data de lançamento ainda não foi divulgada, mas um teaser já foi liberado.
Confira o teaser:
É importante contarmos que Hiromi Arakawa desenvolveu uma trama que vai além da redenção dos irmãos. O mangá e suas adaptações sempre focam nas relações humanas. A ação, comédia e drama, tudo na medida para nos trazer uma obra bem equilibrada.
Os Otakus (fãs da cultura japonesa e suas produções) colocam até hoje Fullmetal Alchemist como um dos melhores mangás/anime da história e no momento da produção desta matéria o mangá ocupa a 6ª posição de uma lista com mais de 30 mil mangás. E o 1º lugar na lista de animes. O enredo coerente, apesar de complexo e extenso, personagens carismáticos e as personagens femininas trabalhadas sem a necessidade de sexualização somado a ciência, magia e guerras conseguiram com que Fullmetal Alchemist chegasse a longevidade, mesmo que a obra já tenha finalizado a tantos anos.