O thriller erótico composto por oito episódios de cinquenta minutos, Sex/Life, série produzida e disponibilizada pela Netflix, usa como referência o livro escrito pela psicóloga escolar B. B. Easton, lançado em 2016 e titulado como 4homensem44capítulos, para propor inovação ao gênero a partir da valorização do prazer feminino.
Feito por mãos de uma equipe composta por mulheres, e direcionado para o público feminino, a série gerou um debate que dividiu opiniões. Já que, através de cenas sensuais e coloridas, se sobressaiu o clichê de um romance conflituoso entre um triângulo, ao invés da crítica à supervalorização do sexo centralizado na satisfação masculina.
SINOPSE: A psicóloga e dona de casa, Billie Connelly, vive confortavelmente com o seu marido, Cooper Connelly, e os dois filhos pequenos na cidade de Connecticut, Estados Unidos. No entanto, a estabilidade da vida perfeita é insuficiente e tediosa para ela que, antes de tudo, gozava grandemente da diversão, liberdade e prazer sexual.
Entre às noites de cansaço, dúvidas e frustração, Billie decide extravasar tudo em seu diário, que mais tarde, vira um compilado de contos bem detalhados referentes as aventuras sexuais intensas vividas por ela e seu ex namorado badboy, rico e sexy, chamado Brad Simon.
Assista o vídeo-trailer da série na íntegra:
Apesar de considerar o diário uma válvula de escape, Billie percebe que, quanto mais escreve, mais apegada fica a nostalgia. Confusa com o efeito contrário ao esperado, Billie se vê ainda mais perdida após descobrir que Cooper tornou-se às escondidas, um leitor fiel do seu diário.
O ÓBVIO NÃO É O ÓBVIO Segundo a autora de Sex/Life, StacyRukeyser, em entrevista concedida ao programa jornalístico de televisão, CNN Tonight, edição titulada Liberdade Sexual, a série tinha como intenção contemplar o prazer feminino e instigar a reflexão sobre a autonomia dos papeis sociais da mulher contemporânea.
Partindo, então, da proposta da direção e roteiro, entende-se à primeira vista que Sex/Life oferece uma narrativa que apresentará uma protagonista em uma jornada de autoconhecimento e empoderamento, enquanto alinha seus desejos e anseios à uma rotina que exige dela, diferentes funções, sendo elas as de esposa, mãe, mulher e profissional.
No entanto, a estória enche os olhos dos telespectadores de forma exemplar com cenas muito instigantes enquanto performasse e fotografia. Devido a isso, falta espaço para o protagonismo necessário da personagem, a qual caberia a responsabilidade de trazer à tona os debates que a série se propôs a fazer.
Sendo assim, a narrativa gira em torno, praticamente, de dois homens — ambos heteros top, sendo um abusivo e tóxico e o outro egocêntrico —, que procuram de todas as formas conquistar o coração de Billie, que sempre se apresenta em desvantagem e em cima do muro.
Por fim, Sex/Life entregou o óbvio enquanto prometia algo fora da caixa, deixando na superficialidade as discussões sobre relacionamento, empoderamento e prazer feminino, que podiam ter sidos explorados de maneira mais direta, objetiva e madura, sem apelar para os clichês.