Quantas vezes você pensou em seus acessórios como algo além de um complemento para sua imagem, que transparece algo artístico e o trabalho minucioso de alguém? A joalheria autoral no Brasil é quase invisível para a grande massa, acima das dificuldades de importação de material e ser reconhecido paralelamente a um mercado industrial, os profissionais criam peças de extremo cuidado e inovam na divulgação desses produtos no ambiente digital.
Os joalheiros — como assim é reconhecido um designer que além de planejar e desenhar, executa as peças— e principalmente, os microempreendedores precisam se inovar e se fazer interessante, em um mercado de grandes indústrias de jóias e acessórios. Foi percebendo isso, que essa reportagem foi pensada, a partir da identidade visual dessas três marcas de joias que merecem a sua atenção.
Essas três marcas de joias autorais, encontraram alguns desafios na pandemia e existem no mercado com suas particularidades.
“Encontrei na joalheria técnicas e processos que me surpreendem e me permitiram construir objetos, que vão embora mas ficam vivos, pendurados no corpo, passeando por vários lugares. Eu vejo na joia uma grande possibilidade de discurso não-verbal, através dela a gente pode contar histórias e cada um vai ler do seu próprio jeito. eu gosto de contar histórias fora do padrão, que acontecem a pessoas que desafiam a regra e permitem-se ser e fazer o que não é esperado delas” , explica Bruno Cardoso.
Ojire Art (@ojireart)
A Ojire Art transparece uma mensagem e uma identidade muito perceptível, desde o primeiro contato com o visual da marca, percebe-se que são peças pensadas por uma mulher negra e que produz objetos que representam a cultura afro-brasileira. A Ojire Ventura é a designer responsável pelas peças e CEO da marca. Desde 2015 no mercado, ela iniciou com a confecção de roupas e por um período curto, até se deter exclusivamente na produção de acessórios. Durante a pandemia a marca também produziu máscaras, buscando sanar a necessidade do mercado, mas foi algo rápido. A fundadora conta que a marca foi feita com o intuito de representar a sua personalidade e identidade, expressando a ancestralidade dela como afroempreendedora.
A designer Ojire Ventura também pontua que é um mercado que exige investimento e maiores são os desafios enquanto afroempreendedora, mas foi durante a pandemia que a marca lançou um financiamento coletivo e conseguiu 60% de lucro para assim, produzir as peças em latão e cobre que tanto sonhou.“Está muito ligada a minha busca pessoal de representatividade, de buscar essa estética que nos foi negada. Hoje grande parte do mercado de moda, todo não, mas grande parte do mercado de moda é muito eurocentrado, e enfim, não diz o que eu sou, eu não me conecto com esse mercado, claro que eu consumo esse mercado, mas ele ainda não é exatamente o que está na minha essência, o que me representa e a marca nasce através desse desejo, de usar peças que me conectassem com a minha ancestralidade, com o que eu sinto, (...) e aí fui criando peças pra mim, pra que eu tivesse, pra que eu conseguisse me expressar e a partir daí que nasceu a marca, porque outras pessoas estavam se conectando com essa mesma ideia e me pedindo e aí fui fazendo”, afirma designer, Ojire Ventura.
O perfil da Ivi Designs é uma experiência, realmente, não há uma palavra melhor para descrever do que “Joalheria Irreverente”, como consta na bio do Instagram. Utilizando de texturas e frutas, a marca transparece a identidade da joalheira e fundadora Ivi Viero. A empresária conta que a persona que inspirou a identidade da marca foi ela mesma.
Dessa forma, iniciou a confecção em Portugal, durante sua formação acadêmica e em 2020, voltou ao Brasil com a ideia da marca e impulsionando as redes sociais por aqui. A Designer industrial também contou que, um dos maiores desafios na joalheria autoral no país é a pouca valorização do trabalho artístico e artesanal, principalmente, peças com produções individuais.
“Eu entendo a marca como direcionada pra pessoas que são assim mais irreverentes, mais despojadas, mas com uma certa atitude, digamos assim, que não gostam tanto de coisas clássicas e usuais, que gostam de coisas mais diferentes. Eu acho que o que faz a marca ser a marca, é tudo que envolve a criação de cada peça, sabe? Desde a inspiração, se pode surgir de coisas muito inesperadas, por exemplo, a próxima coleção que eu que eu tô desenvolvendo agora eu me inspirei porque eu vi umas formas de bacterianas, daquelas placas microscópicas lá de propagação bacteriana, e achei as formas interessantes então foi daí que surgiu a inspiração estética pra próxima coleção”, disse Ivi Viero.
A única marca que já nasceu em meio a pandemia foi a Ivi Designs, mas foi percebendo o mercado e o crescimento em plataformas de vídeos e fotos, que a joalheira e fundadora Ivi Viero começou a divulgar sua marca e se fazer interessante em um país tão grande, como ela declarou ser uma das dificuldades em produzir joias, se tornar mais uma marca dentre tantas.
Então, te convido a curtir e seguir essas empresas, que mostram como jóias são peças que vão além de acessórios, que carregam tempo e dedicação de artistas, que querem se expressar em um mercado homogêneo.