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24/08/2021 às 16h35min - Atualizada em 26/07/2021 às 13h21min

Por que as tendências estão saturando tão rápido?

Saiba os motivos por trás da velocidade com a qual as trends terminam tão rápido quando muitos compram por influência da internet

Naurielle Escoto - Editado por Larissa Barros
Reprodução / Pexels

Os influenciadores já tomaram conta das redes sociais há algum tempo e isso não é novidade para ninguém. A velocidade com a qual essa profissão afetou a nossa forma de consumo é algo que também está cada dia em maior evidência. Um estudo feito pela empresa de marketing e influência Spark em parceria com o instituto QualiBest, apontou que 76% dos consumidores já compraram algo baseado em recomendações de influenciadores digitais. 
 
O Instagram se tornou uma das maiores vitrines digitais da atualidade e isso acaba, de um jeito ou de outro, instigando o nosso lado consumista. Segundo Olivia Merquior, especialista em moda e co-fundadora do High Low Podcast, que tem como ênfase os diversos assuntos do mundo da moda, esse boom de novas tendências e facilidade em influenciar está diretamente conectado com as redes sociais. "Elas (tendências) estão acompanhando o fluxo de troca de mensagens criado pelas redes sociais", diz Olívia. 
 
A pesquisa contou mais de mil participantes, onde 18% declarou não notar a diferença de um publipost (postagem publicitária) para uma publicação sem publicidade. A visibilidade dessas publicações fica cada vez maior e com os influenciadores de moda não é diferente. As marcas sentiram o impacto de contratar profissionais desse segmento como um bom retorno e não parecem nem perto de romperem essa parceria.  
Olívia vê esse movimento como uma ‘realidade revestida de purpurina pelas publicidades’. 

 

"Eu entendo que os algoritmos estão exercendo perfeitamente o seu papel de uniformizar gostos, principalmente da GenZ. Também entendo que as grandes fast fashion como a SHEIN entenderam que movimentos de redes sociais de massa não se convertem em atitudes reais. Também entendo que quanto menos oportunidades de trabalho descentes, mais as pessoas tem o sonho de virar influencers e escapar de uma vida miserável e anônima via redes sociais. Vivemos em um mundo colonizado pela tecnologia e alienado de valores importantes para futuro, mas essa realidade é revestida de purpurina pela publicidade", destaca a especialista em moda. 

 
Mesmo que influenciador seja uma profissão ainda muito recente, o excesso de publicidade acaba saturando as tendências cada vez mais rápido, um exemplo são os shorts godê, a estampa tie dye entre várias outras que acabaram tão rápido quando surgiram nos últimos anos. Para a especialista, esse consumo muitas vezes exacerbado, pode ter influência da insegurança e falta de estilo próprio.

 

 "Estilo tem a ver com afirmação, com coragem. Consumo tem a ver com insegurança, cansaço, necessidade de compensar alguma falta. O nosso mundo estimula a coragem e a afirmação (nas publis),  ao mesmo tempo que cria um ambiente de competição, exaustão e vaidade corrosiva na vida real. Estilo tem sido vendido por aí como se fosse saber se vestir “bem”, saber a trend do momento, o que estimula a compra de coisinhas baratas. Estilo não se aprende, nem se compra." Concluí Olívia.  

 
Além disso, outro fator importante com relação a velocidade com a qual as tendências evaporam é o embate direto com a sustentabilidade, onde tantas novas tendências são lançadas, as vezes dentro de um mesmo mês, não durando nem mesmo o dobro desse tempo e então entra o fator desperdício. Olívia, finaliza dizendo acreditar que estamos vivendo o auge do capitalismo e até mesmo os discursos de sobre sustentabilidade acabam se tornando um produto. 


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