Segundo o jornal Estadão, estima-se que no Brasil 5 milhões de pessoas pratiquem o veganismo. E a busca por essa prática de consumo, que pode ser definida como um estilo de vida que exclui qualquer tipo de consumo vindo de origem animal, vem ganhando força no país. De janeiro de 2012 a dezembro de 2017 as pesquisas envolvendo o termo ‘vegano’ aumentaram 14x entre os brasileiros, como mostra o site Wvegan.
Os cosméticos também entram nessa onda, de acordo com a revista Veja, uma pesquisa Ibope realizada em 2018 apontou que “55% dos brasileiros dariam preferência para produtos veganos se houvesse indicações e marcações nas embalagens ou se o preço fosse o mesmo de produtos convencionais”.
Vendo essa tendência crescer e a busca por um menor impacto no ambiente, a estudante de engenharia ambiental Milena Andrade Ferreira, de 20 anos, resolveu investir na área. Ela começou a produzir cosméticos veganos há cerca de 1 ano e 3 meses. “Conversando com uma amiga eu vi ali uma grande oportunidade de criar cosméticos que me ajudassem com as necessidades da minha pele e de outras pessoas de uma forma menos impactante e mais sustentável, unindo 2 coisas que são muito do meu interesse: autocuidado e sustentabilidade!”, disse Ferreira. Hoje, ela tem sua marca própria, a Roccia natural.
A estudante afirma ainda, que o seu objetivo com cosméticos veganos era trazer algo mais eficaz e com menos impacto para o meio ambiente e para a saúde.
Apenas trazer cosméticos limpos e livres de sulfato e petrolatos ainda não era suficiente para trazer o conceito de um cosméticos verde e seguro. Então optei pelos cosméticos naturais e veganos, que além de serem biodegradáveis e serem de origens mais sustentáveis, incentivam as pessoas a repensar seu consumo de produtos de origem animal e assim podermos melhorar a situação do nosso planeta.
Para o processo de criação dos produtos, Ferreira analisa primeiramente quais as necessidades do seu público, depois disso pesquisa sobre matérias primas e propriedades, além de também verificar para qual tipo de pele e cabelo ela vai fazer. Com as matérias primas em mãos, ela começa a realizar testes até que o produto atinja um bom resultado de eficiência, consistência, custo e estética. Após os testes serem concluídos, Ferreira pensa nas embalagens e etiquetas para deixar o produto bonito e apresentável.
Lara Nunes de Lacerda, 20 anos, é designer e afirma que é vegana há 3 anos. Ela optou pelo veganismo primeiramente por questões de saúde, mas percebeu que esse movimento vai muito além disso.
A indústria da carne é prejudicial para o ecossistema (emissão de gases poluentes, consumo de água, desmatamento), prejudica comunidades locais nas quais as indústrias se localizam e, o mais óbvio, toda a crueldade animal envolvida, não apenas ao matá-los, mas a tortura de mantê-los trancafiados para maltratar, desde testes de cosméticos até retirar a força o leite.
Lara usa cosméticos veganos e diz que além da não exploração animal, esse tipo de produto apoia comerciantes locais. Entretanto, ela pontua que grandes marcas têm aderido à linha de produtos veganos, porque é uma tendência de mercado. “As marcas que têm um público mais jovem perceberam essa movimentação e querem manter o público, as que testam sabem que não vão perder nenhum número significante de consumidores e mantêm seu público com o nome da marca, que já se solidificou com o tempo. Não acredito que exista de fato uma boa intenção por trás disso”, afirma.
Cruelty Free
O termo cruelty free significa “livre de crueldade” em tradução livre, e é muito usado por marcas de cosméticos para deixar evidenciado que não fazem testes em animais. Cada país tem sua própria legislação quanto ao assunto, e no Brasil não há uma lei federal que proíba os testes em animais. Entretanto, de acordo com a Revista Galileu, alguns estados possuem leis específicas, para conter esse tipo de teste, como: Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pará e Pernambuco.
Em abril deste ano, o curta-metragem Save Ralph ganhou destaque e gerou comoção de muitas pessoas. Ele foi criado para uma campanha da instituição Humane Society International, com o propósito de denunciar e criticar o abuso de animais. No curta, o coelho Ralph representa um animal que sofre diversos tipos de teste e exploração, ele mostra a sua dura rotina. Na versão dublada para português, o ator Rodrigo Santoro faz a voz de Ralph. Confira:
Curta metragem Save Ralph, dublado em português. (Canal: The Human Society of the United States/ Reprodução: Youtube)
E você sabia que existem diversos tipos de selo Cruelty free? Saiba quais são os principais.
Leaping Bunny
Peta Cruelty Free
A PETA (Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais, em livre tradução) tem o seu próprio selo Cruelty Free de certificação. Para receber o selo da Peta, é necessário comprovar que os testes não foram realizados.
Not tested on animals
Selos veganos
A diferença de selos cruelty free e selos veganos é que no cruelty free animais não são testados enquanto os veganos, além de animais não serem usados, nenhum ingrediente contém origem animal.
Veja os principais selos veganos:
Certified Vegan
Ele foi verificado e emitido pela organização sem fins lucrativos Vegan Action. Para obter este selo é preciso mostrar documentos e contratos que comprovem a produção 100% vegana, segundo o blog Sallve.
Cruelty free and Vegan
Na segunda versão, a Peta certifica que o produto da fórmula é 100% vegano.
Certificado Produto Vegano
O programa “Certificado Produto Vegano SVB” foi lançado em 2013 pela Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) e garante uma certificação de que o produto não possui nenhum tipo de composição de origem animal.
O veganismo é um movimento político que vai muito além dos cosméticos, mas compreender como esse universo é e começar aderindo pequenos atos, como boicotar empresas que fazem esses testes são formas de começar a mudar o mundo e respeitar o nosso meio-ambiente.