Lab Dicas Jornalismo Publicidade 728x90
31/07/2021 às 19h18min - Atualizada em 31/07/2021 às 17h24min

Animações com protagonismo feminino: Por que as garotas dão conta

Ingrid Brandt - Editado por Ana Terra
Mulheres fortes com histórias cativantes, nas tramas elas não são as mocinhas indefesas, mas sim, personagens que enfrentam algum grau de dificuldade tendo que lidar por si mesmas com a situação. Cada uma delas com jornadas diferentes não invalidando seu potencial, contudo, acrescentando vigor e autenticidade em seus caminhos. Aqui as protagonistas são elas e sim elas passam no teste Bechdel, que consiste em filmes que tenham pelo menos duas mulheres conversando entre si, sem que o assunto seja sobre homens.

O foco agora traz o longa Persépolis de 2007, dirigido por Vincent Parannoud e Marjane Satrapi, a autora da história e a própria protagonista, narrando sua vida a jovem iraniana vê de perto os destroços e traumas causados pela guerra. Se vendo obrigada pelos pais a deixar seu país de origem para migrar para a França. Lá ela entra em atrito pelas discrepâncias na cultura e por não se encaixar em lugar totalmente divergente do seu.

O interessante é poder contemplar sua trajetória e entender que ela não está só como muitas de nós. Marjane sofre pela ausência da família, pela avó a quem tanto ama e por amores perdidos que vem e vão que são importantes para o amadurecimento emocional. Não o bastante, ainda precisa lidar com a faculdade, sim a tão sonhada universidade, o sonho de alguns e o pesadelo de outros, mas calma, Satrapi é uma idealista resistente e isso tudo é mostrado em seu filme.

Esse definitivamente merece notoriedade, pelo fato de uma criança ter que driblar as adversidades, leis absurdas e retrógradas de um território marcado pela violência e abuso de poder. A obra em questão trata-se de A Ganha-Pão, filme que tem como uma das produtoras executivas Angelina Jolie e que recebeu indicação ao Oscar de Melhor Animação em 2018. Conta a história de Parvana, uma menina de 11 anos que mora em Kabul (Afeganistão), onde o pai professor é preso por ter livros considerados ilegais no país. A região em si passa a ser chefiada pelo Talibã e mulheres sem a autorização do marido não podem sair de casa. Esse vira o grande dilema de Parvana, pois para sobreviver precisa se passar por menino para sustentar a família, com sua irmã, mãe e irmão caçula. Sempre com a cabeça cheia de imaginação gerada pelas historinhas contadas por seu pai, Parvana é uma sonhadora que não se prende aonde seus olhos não alcançam, usufruindo de seu auto poder de reinventar tudo à sua volta.
Mais que uma lenda, uma realidade usada através da fantasia, Mulan é uma das animações da Disney com conteúdo muito à frente de seu tempo. Uma jovem ter que enfrentar perigos, até mesmo a morte, isso tudo para proteger o pai da terrível ameaça ocasionada pelo ego inflado do homem em ambicionar mais do que lhe é devido. A guerra leva Fa Mulan para o campo de batalha rumo ao desconhecido, tendo que fingir ser quem não é, um homem. Com o nome de Ping, ela conhece o amor, amizades e salva toda a China. Isso mesmo, uma mulher salva um país, interessante, não é mesmo? Uma das cenas mais belas, é quando o Imperador da China, antes de condecorar Mulan, ele a repreende e logo em seguida afirma que ela é salvadora de todos, a música no fundo sobe evidenciando a magnitude da prévia e assim todos a referenciam. Diga-se de passagem é o meu desenho favorito do estúdio; ainda menina não possuía uma mente tão romantizada como das princesas e ela não é uma delas, e sim uma guerreira.
O estúdio Ghibli é o precursor quando se trata de personagens femininas, além de dar voz, espaço para o protagonismo, os filmes usam fabulação em cenários altamente ilusórios. O escapismo utilizado nos contos traz um fragmento da infância perdida transversalmente com cenas épicas e O Serviço de Entregas da Kiki faz isso com formosura. Kiki é uma bruxa que precisa viajar e ficar um ano fora de casa para aprender sobre seus poderes mágicos, porque na tradição familiar uma bruxa quando está prestes a completar 13 anos, é necessário passar um tempo longe adquirindo experiências. Com seu gato preto falante Jiji, ela se instala em pousadas ao longo da caminhada, sendo assim a independência se torna uma amiga dela. Recorrentes idas ao mercado, trabalhos manuais como entregas fazendo jus ao título do filme, só para mostrar como a vida de uma menina vira de ponta-cabeça em curto período. O citei e não A Viagem de Chihiro, pois, Kiki é mais adulta mesmo sendo tão nova, ela se desloca com facilidade no que muitos têm medo de deixar. O conforto, a estadia de um lar aconchegante, a dependência física e emocional tudo de forma opcional ou seja mesmo sendo tradição ela foi por querer. A coragem foi a engrenagem para à autossuficiência.
A guerra está presente em quase todas essas histórias, o cenário caótico não as fizeram reféns, mas as impulsionaram a serem desejosas por algo a mais. O que seria esse “algo a mais”? Uma vida digna, o luxo não as seduz, mas sim a liberdade.

Referências:
30 filmes de animação com protagonismo feminino. Nó de Oito, 2018. Disponível em: <http://nodeoito.com/animacao-protagonismo-feminino/>. Acesso em: 31 de julho de 2021.
Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »