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31/07/2021 às 23h05min - Atualizada em 31/07/2021 às 22h39min

Amizade Adolescente e os amigos que não devem fazer parte do nosso presente

O filme de comédia mostra que algumas amizades não foram feitas para durar

Raphaela Vitor - Editado por Talyta Brito
Reprodução/ Photo Gallery - IMDb
Foi em uma quinta-feira às 2h30 da manhã que tomei coragem de assistir Amizade Adolescente, um filme de comédia que estava na minha lista há séculos, esperava ter uma distração e dar algumas risadas para conseguir lidar com mais uma madrugada em claro, no fim consegui atingir meu objetivo, porém, algo a mais despertou em mim quando os créditos rolaram:
 
eu precisava cortar o meu laço de amizade com uma pessoa

Mas como eu cheguei à essa conclusão por conta de um mero filme adolescente? Entretanto, acho um pouco injusto reduzir a obra de Jason Orley a tal categoria, o seu enredo nos apresenta a estranha amizade de Monroe (Griffin Gluck), um adolescente de 16 anos e Zeke (Pete Davidson), um jovem adulto de 23 anos. Mon nutre uma admiração imensurável pelo mais velho desde a infância, ele foi sua figura de irmão mais velho, descolado e legal o bastante para enturmar Mo na sua turma mais velha.

Essa dinâmica funciona por um tempo, e entre noites de bebedeira nos estacionamentos de mercados a festas regadas a álcool, presenciamos Zeke e Mo enfraqueceram cada vez mais o laço de irmandade existente entre eles, isso porque, enquanto Monroe está passando pela fase de autoconhecimento da juventude, Zeke estagnou no tempo se tornando um adulto irresponsável cujo as ações destroem não só a si mesmo como todos a sua volta, incluindo o próprio Mo, e é quando começamos a ver o início do fim dessa amizade peculiar.

E apesar de ser 6 anos mais velha que o personagem principal me vi no mesmo dilema, como digo adeus a alguém com quem cultivo tantas memórias e momentos bons? Infelizmente, a vida real é um pouco mais complicada, mas assim como Zeke não fazia sentido no presente de Mo, percebi que um amigo também não faz sentido de estar no meu.

É uma sensação amarga e estranha, pois términos de amizades geralmente acontecem de forma silenciosa, um dia a pessoa está na sua vida e no outro não, pronto simples assim!! No entanto, existem alguns casos em que a amizade respira por aparelhos e por alguma razão nenhuma das partes se manifesta para desligar o cabo, é como se estivéssemos velando um cadáver em decomposição e cada interação a partir desse longo velório se torna quase artificial e obrigatória.

E depois de anos com essa sensação me assombrando, me toquei que o único motivo de ainda tentar recuperar o relacionamento com este amigo, atualmente desconhecido, era a memória afetiva que eu ainda nutria para com ele, e por culpa dessas lembranças ignorei que o prazo de validade da nossa amizade havia expirado e deixei que um bolo de mofo tóxico se alastrasse, porque simplesmente ignorava a cruel realidade de que: aquela amizade não fazia mais sentindo em existir.
 
Mas sei que tivemos bons anos de erros e acertos, risadas e choros, segredos e inúmeras piadas internas, e sou grata por todos eles, no entanto, quando presenciei Mo se despedir da memória de Zeke, percebi que não sinto falta de quem ignora qualquer tentativa de contato da minha parte, e sim da pessoa que esse alguém já foi, uma recordação, que com alívio, finalmente consigo dar o meu adeus.  
 
 
 
 

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