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01/08/2021 às 02h39min - Atualizada em 31/07/2021 às 16h17min

As janelas da pandemia

Projeto criado no Instagram pelo jornalista Eduardo Carvalho em maio de 2020, mostra que não estamos sozinhos

Evellyn Torres - Editado por Andrieli Torres
Foto: Reprodução/Victor Moriyama

Com a pandemia e o isolamento social, muitas pessoas se sentiram perdidas, com medo e tendo que lidar com o luto de parentes e amigos. No Brasil, já passa de 550 mil mortos, todos com rostos e nomes em meio a tantos números divulgados. Para aqueles que passaram a ver o mundo por uma janela, seja ela virtual ou física, há uma conclusão, a de que não estamos sozinhos na angústia, perdas e pequenas conquistas. 

 

É assim que David do Rio de Janeiro tenta levar a vida, com os livros ao seu alcance reflete sobre a vida, como estamos vivendo e como podemos construir futuros melhores. Além da leitura, David permanece na companhia do violão “é o que tem me humanizado nos últimos anos, ele é a minha maneira de me expressar artisticamente e é onde eu me tranquilizo. Então é onde eu me reumanizo, porque o convite à desumanização não é pequeno, não é pouco”, desabafa.

 

Para Afra de São Paulo, a batedeira antiga, pouco profissional, de muito uso tornou-se uma grande amiga na quarentena para manter a sanidade com dias mais doces. “Mais gostosos. Eu gosto muito de fazer bolos, e aí com ela eu tenho testado novas receitas, feito aquelas receitas que acalentam o coração ou que trazem boas lembranças.”

 

São apenas dois dentre mais de 130 relatos que emergem de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Berlim, Londres e diversas regiões do país e do mundo. As “Janelas da Pandemia" é um projeto no Instagram pelo jornalista Eduardo Carvalho criado em maio de 2020, que trabalhou até fevereiro de 2021 no Museu do Amanhã e atualmente é curador independente. 

 

Eduardo já tinha visto algumas exposições e conversado sobre como determinados objetos tocavam as pessoas. Junto com a ideia, o jornalista teve um sonho que influenciou a criar a página que serve como um museu da vida na pandemia. 

 

Sobre o sonho, ele conta que, após acordar, entrou em contato com amigos. “Qual é o objeto mais precioso para eles, no caso do sonho pra mim era minha mãe que eu tinha que proteger, mas para eles, qual seria o objeto mais precioso. O que tem feito a diferença durante os dias de pandemia.” Com as respostas, a ideia ganhou forma, por meio de imagens, áudios e vídeos curtos sobre o que está ajudando a manter a lucidez no período, ele afirma:

 

“Muita gente mandou que o tapete de yoga tava ajudando bastante, outros que o celular tava ajudando.Teve um que eu recebi de Campinas, a pessoa começava a dobrar roupa, ela se sentia novamente numa normalidade. Outra foi a Tereza Cristina que é uma cantora, as lives dela fizeram com que ela ficasse mais feliz porque também estavam fazendo feliz os outros.”

 

Para o jornalista, a importância está em preservar as narrativas e ouvir diferentes histórias. “O Brasil tem uma péssima fama de não preservar a sua história, a pandemia é algo muito forte, impactou a vida de muita gente, tirou a vida de muita gente, foi uma série de erros e isso não vai sair da nossa memória, não vai sair tão cedo”, conclui.

O que matém e dar forças às pessoas em meio ao perído conturbado pode ser um livro, uma cafeteira, gatos e cachorros, o sol ou até mesmo uma gestação. Tendo que se adaptar as mudanças,
é possivel encontrar um escape, um alívio, ao enxergar histórias de janelas semelhantes. Afinal, somos todos humanos com sentimentos de tristeza, saudade e esperança.


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