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05/08/2021 às 22h37min - Atualizada em 05/08/2021 às 22h14min

Conta de luz, Amazônia e Bolsonaro

A relação da alta no custo da energia com o desmatamento e o governo atual

Beatriz Gonçalves Da Silva - Edição por Brenda Freire
Foto: Reprodução/ Marcelo Machado de Melo - FOTOARENA

Os últimos dez anos não têm sido dos melhores para a Amazônia, o desmatamento vem piorando e, de acordo com dados do instituto Imazon, só em 2020 a floresta perdeu 8.058 km de área verde e a situação continua se agravando.

Em abril deste ano, o desmatamento já atingiu 778 km² e apresenta um crescimento de 45% comparado a abril do ano passado. A conta de luz também não está nos seus melhores momentos, segundo levantamento feito pelo Poder360, o preço da tarifa residencial subiu 110,6% em 2021, em contraste com 2013. 

 

Se você está se perguntando qual a relação desses fatos apresentados, veja:

 

Com as queimadas, o solo fica prejudicado e a água acaba não cumprindo seu ciclo, o que resulta em falta de abastecimento dos reservatórios. Também há a falta de chuva em decorrência da seca e os gases do efeito estufa (que já são agravantes), passam a ser liberados pelas queimadas, espalhando-se e potencializando o aquecimento global.

 

Ainda não está clara a relação dos fatos? 

 

Aqui no Brasil, mais da metade da energia utilizada vem de usinas hidrelétricas, desta forma, a escassez de água nos reservatórios reduz a capacidade de funcionamento dessas usinas e aí, é preciso pensar em alternativas para que não haja falta de energia elétrica. Uma das alternativas escolhidas pelo Governo tem sido o uso de usinas termelétricas que, geram energia através da queima de madeira, carvão mineral, petróleo e qualquer outro produto que gere calor. As consequências são os gases liberados no ar, que também intensificam o aquecimento global e o aumento na conta de luz, já que há gastos com combustíveis fósseis.  

 

Em junho deste ano, houve um reajuste de 52% no valor da conta de luz, que está em bandeira tarifária vermelha 2 e então está sendo cobrado R$9,49 a cada 100 kWh. As bandeiras representam os custos na geração de energia, a vermelha significa que o custo está mais alto para gerar energia, isso porque, está sendo feito uso de usinas termoelétricas. 

 

No dia 28 de Junho, em pronunciamento, o Ministro de Minas e energia, Bento Albuquerque, pediu que a população colaborasse com o consumo de água e energia.


“É fundamental que, além dos setores do comércio, de serviços e da indústria, a sociedade brasileira, todo cidadão-consumidor, participe desse esforço, evitando desperdícios no consumo de energia elétrica. Com isso, conseguiremos minimizar os impactos no dia-a-dia da população. O uso consciente e responsável de água e energia, reduzirá consideravelmente a pressão sobre o sistema elétrico, diminuindo também o custo da energia gerada.” , conta.

 

Ao início do discurso o Ministro chegou a mencionar que o país enfrenta uma das piores crises de seca dos últimos 91 anos mas, em nenhum momento falou sobre a situação do meio ambiente e como isso afeta diretamente no funcionamento das usinas hidroelétricas e o Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, reforçando o discurso de Bento Albuquerque, disse que “Demos mais um azar aí” , evitando encarar os problemas ambientais. 

 

“Eu sou totalmente contrária ao nosso governo atual e falar do meio ambiente e sustentabilidade dá impressão que virou modinha né mas não é modinha, é algo que a gente que tem um pouco mais de idade sabe que com o passar dos anos o clima mudou devido a essas queimadas e o desmatamento… E o Presidente e seus ministros são totalmente despreparados ou talvez não tenham capacidade psíquica para estar no poder. Eles fogem da realidade do mundo, é preciso cuidar do meio ambiente para que a natureza nos devolva coisas boas.” Este é o comentário da estudante de Direito, Edna Pereira, 51, quando informada sobre o discurso do Ministro e do Presidente da República referente a situação das hidrelétricas.

 

Edna mora com seu filho de 15 anos, em uma casa de 4 cômodos. Ela trabalha de segunda a sexta das 09h às 18h e está com as aulas em ensino remoto, por conta da pandemia e Arthur, seu filho, já está indo para a escola. Quando perguntado à estudante sobre o peso do aumento na conta de energia elétrica em seu orçamento, a mesma conta que na casa reside apenas ela e o filho e que o valor que paga na conta de luz tem sido desproporcional quanto ao uso da energia.

 

“Causa revolta porque moramos em duas pessoas das quais uma trabalha e a outra vai para escola, não fica ninguém em casa para que a energia elétrica venha tão alta assim como está vindo principalmente no último ano,então eu acho que a forma e o descaso que o governo tem para com a população é um absurdo. [...] Esse aumento abusivo que tem acontecido nos últimos anos, pesa muito em relação ao meu bolso porque não só a energia aumentou mas também alimentos e produtos de higiene e limpeza que você tem que ter dentro do seu lar então acho que pesa muito, e meu salário continua estagnado não houve aumento nem de R$1, com o que eu ganho não consigo acompanhar a inflação do meu país principalmente em relação à energia elétrica.”, comenta.

 

O relato da Edna se assemelha ao de diversos brasileiros que também não receberam nenhum aumento salarial e também aos que foram demitidos, aos que tentam se sustentar apenas com o auxílio emergencial ou então com o seguro desemprego.

 

Para a solução deste problema, que é tão profundo, há opções de outras fontes de energia que são sustentáveis e mais em conta, porém, não se vê o governo buscando essas alternativas. Assim como não é visto ações contra o desmatamento, que deveria ser o primeiro ponto a tratar, desse montante de problemas. Em todos os discursos, o presidente foge do assunto e, quando ousou falar sobre, elaborou uma fala para a Rússia totalmente contrária a suas ações, dizendo que 'tem orgulho' de preservar a Amazônia.
Enquanto não houver preservação do solo, das matas, da fauna, do verde, nada de fato se resolverá. Podem usar até mesmo usinas com as melhores tecnologias que não será o suficiente se não preservarmos o meio ambiente. 

 

O governo, que veste tanto a camisa do Brasil, só associa o verde da nossa bandeira ao Real (R$).

 

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