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20/08/2021 às 00h00min - Atualizada em 20/08/2021 às 00h01min

Desmatamento na Amazônia chegou ao maior índice em dez anos

A taxa apresentou queda no mês de julho mas ainda não é o ideal

Gabriela Pereira - Editado por Júlio Sousa
REPRODUÇÃO: FLORIAN PLAUCHEUR / AFP


 

A Amazônia atingiu a marca de 8.381 km² de desmatamento de agosto de 2020 até junho de 2021. Segundo o Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), esse é o maior marco para esse período nos últimos dez anos. No entanto, no mês de julho, houve uma queda de 4,6% na taxa de desmatamento. 

 

Segundo estudos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em comparação com julho de 2020, a queda é de 10%. Mesmo com a queda nos números, a taxa de desmatamento continua acima dos padrões considerados aceitáveis. 

 

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

 

De acordo com a Dra Cristiane Nepomuceno, bióloga e advogada ambiental, as políticas de proteção e preservação ambiental são negligenciadas pelo ministério da saúde, o que contribui para esses níveis elevados de desmatamento. 

 

O Ministério do Meio Ambiente não estar de olho para o garimpo ilegal e o desmatamento é o reflexo de uma gestão política que valoriza mais o empreendedor que a natureza. Infelizmente, é o que temos para hoje. Isso é triste e vai na contramão do direcionamento do restante do mundo e das orientações do último relatório da ONU sobre mudanças climáticas”, afirma. 

 

Desde o começo do mandato do atual presidente, Jair Bolsonaro (Sem partido), o índice de desmatamento ilegal subiu consideravelmente, isso se dá ao fato do plano de governo de Bolsonaro não incluir politicas de prevenção eficazes, além dos diversos cortes de gastos sofridos pelo Ministério do Meio Ambiente. 

 

Além disso, o ex- ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, teve uma gestão marcada por muitas polêmicas, desde defender a extração ilegal em terra indígena a paralisar o Fundo Amazônia, projeto que capta doações de países para preservação e fiscalização dos biomas. 

 

Apesar de, à primeira vista, algumas atitudes do governo, no tocante à Amazônia, não representarem risco a essa área de preservação, muitos ativistas, cientistas e pesquisadores encaram a inércia estatal como incentivo para as praticas de garimpo e extração ilegal de madeira. 

 

“Por termos a inexistência de uma boa administração de políticas ambientais no governo atual, colhemos os resultados disso. Infelizmente, o que se pode dizer é que a política do atual governo em relação ao meio ambiente é inexistente”, afirma a Dra Cristiana. 

 

Após Salles ser exonerado do governo de Bolsonaro, em julho deste ano, Joaquim Álvaro Pereira Leite assume o cargo de Ministro do Meio Ambiente. O novo Ministro foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), organização ligada ao setor agropecuário, além disso, foi diretor da Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais. 

 

PLANO AMAZÔNIA 2021-2022 

 

Em abril, às vésperas da Cúpula de Líderes sobre o Clima, organizada pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, o governo anunciou algumas diretrizes e objetivos com o intuito de combater o desmatamento na Amazônia Legal até o final de 2022. 

 

O Plano Amazônia 2021-2022 tem como objetivo dar continuidade às ações de preservação da Operação Verde Brasil 2. “As agências ambientais, a Polícia Federal, o Ibama, o ICMBio, a Polícia Rodoviária Federal, continuam tendo o apoio logístico das Forças Armadas, mas esse é um trabalho que precisa contar necessariamente com as Polícias Militares Estaduais”, afirmou o ex- ministro Ricardo Salles. 

 

No entanto, a nova ação causou discussão e foi amplamente criticada por órgãos atuantes nesse setor. Em nota, o Greenpeace afirma que: “Depois de 2 anos sem metas para proteger a Amazônia, governo brasileiro apresenta plano com proposta que permite desmatar 16% a mais do que quando assumiu”. 

 

Em um documento assinado por vários institutos ligados ao clima e meio ambiente, dentre eles: Greenpeace Brasil, Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), Observatório do Clima (OC), Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN), Instituto de Estudos Econômicos (Inesc), Instituto Socioambiental (ISA) e SOS Mata Atlântica, várias críticas são tecidas ao novo plano. 

 

De acordo com o documento “"O Plano Amazônia 21/22 e o discurso na cúpula climática expressam a falta de competência, credibilidade e compromisso com resultados efetivos de combate ao desmatamento, que comprometerão não apenas a saúde ambiental do Brasil e da Amazônia brasileira, como também a economia nacional, que ficará manchada pelo impacto climático e socioambiental desse desgoverno. Oferecer recursos ao Brasil, neste contexto, seria entregar um cheque em branco que aumentará a violência e a destruição da Amazônia”. 

 

DESMATAMENTO E A AÇÃO DIRETA NA VIDA DA POPULAÇÃO

 

O desmatamento gera desequilíbrio ambiental, além de prejudicar ou destruir parte dos biomas brasileiros, provocando grande perda da biodiversidade. Além disso, as mudanças climáticas são fruto desse desequilíbrio. “Neste mês, passamos por enormes variações de temperatura, indo de um inverno severo para um calor de quase 30°C. As mudanças estão aí, para quem quiser ver”, afirma a Dra Cristiana Nepomuceno. 

 

Estudos comprovam que existe ligação direta entre o desmatamento e o surgimento de novas doenças, podendo até surgir epidemias em decorrência disto, reforça a bióloga.
 

“O meio ambiente integra a fauna, a flora e a vida humana. Com o tempo, o ser humano foi promovendo o desmatamento e construindo cidades em torno dos rios, que são vitais para o desenvolvimento das sociedades. Esses locais de desmatamento eram o habitat de diversas espécies de animais e plantas, algumas, foram domesticadas por humanos e outras até mesmo extintas. Com o avanço da invasão humana à natureza, passamos a estabelecer contato com espécies que antes não estavam próximas de nós e isso faz com que elas tragam novos vírus e bactérias para as cidades e não possuímos defesa imune para eles. Logo, conclui-se que a destruição de habitats naturais das espécies pode causar um desequilíbrio que afeta até mesmo a saúde dos homens”. 














 

REFERÊNCIAS

 

M. LAÍS. DESMATAMENTO DA AMAZÔNIA CRESCE 51% NOS ÚLTIMOS 11 MESES. G1. 19 DE JUNHO DE 2021. DISPONÍVEL EM : <https://g1.globo.com/natureza/amazonia/noticia/2021/07/19/desmatamento-na-amazonia-cresce-51percent-nos-ultimos-11-meses-em-relacao-ao-periodo-anterior-aponta-imazon.ghtml>

 

DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA CAI EM JULHO, MAS É 7,8% MAIOR NOS SETE MESES DE 2021. GLOBO RURAL. 13 DE AGOSTO DE 2021. DISPONÍVEL EM <https://revistagloborural.globo.com/Noticias/Sustentabilidade/noticia/2021/08/desmatamento-na-amazonia-cai-em-julho-mas-e-78-maior-nos-sete-meses-de-2021.html
 

R.PEDRO. PLANO DO GOVERNO APRESENTA METAS PARA REDUZIR DESMATAMENTO. AGÊNCIA BRASIL. 14 DE ABRIL DE 2021. DISPONÍVEL <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-04/plano-do-governo-apresenta-metas-para-reduzir-desmatamento-na-amazonia-0>

 
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