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27/08/2021 às 11h23min - Atualizada em 27/08/2021 às 11h12min

Crônica: Por que só nos importamos com a empatia no Setembro Amarelo?

Fernando Azevêdo - Editado por Larissa Bispo
Foto: Reprodução/Grupo Ramasa

Setembro está se aproximando, e eu fico pensativo. Durante todo o ano, as pessoas têm usado a internet para destilar ódio umas contra as outras; é assustador. Onde fica a preocupação com a saúde mental do outro? A junção dos discursos de ódio e a cultura do cancelamento fez e faz vítimas com uma frequência absurda. A empatia é completamente escassa quase que de janeiro a janeiro - menos em setembro.
 

A campanha que diz que o Setembro é Amarelo e que a vida das pessoas importa, defendendo a prevenção ao suicídio - associado principalmente a transtornos mentais -, faz todos usarem o laço amarelo, mas será que realmente nos importamos? Até que ponto fazemos isso só para seguir a agenda, quando na verdade passamos o ano cancelando os outros ou lançando ódio para quem nem conhecemos, na internet? O adoecimento provocado por esses discursos também mata. Aquela "opinião" que você acha super adequada de expressar, mas que é infeliz, sabe? Ela pode matar.
 

O Setembro Amarelo é muito importante, mas de nada vale se atentar a essa discussão somente no período dessa campanha. Esvazia o sentido. Não precisamos de empatia só em setembro. É bom repensar o que falamos ao outro. Quando alguém posta uma foto, não quer saber se engordou, se emagreceu, se tem estria, celulite, se o cabelo é da cor que você gosta. Essa pessoa não quer saber nada. Ela só quer deixar esse registro lá. E nem importa se ela é famosa ou anônima. Quando sua opinião pode ferir alguém, você guarda ela, e repensa.

Se não gosta de alguma música, precisa atacar o artista? Penso que não. Eu não gosto de peixe e nem por isso saio falando mal de todos os peixes por aí. Eu só não consumo, desde que provei e não curti. E é isto que as pessoas pregam no Setembro Amarelo: como é importante saber o que é opinião e o que é ódio disfarçado, o que dizer e o que calar. Julgar os outros não te faz melhor que eles, talvez isso fale mais de você mesmo. Mas - e o pensamento me vem mais forte agora - por que as pessoas só se importam com isso em setembro?

Após mais um tempinho, um novo pensamento me atinge: as palavras têm poder. Muito. Cada coisa que a gente escuta tem o poder de nos transformar. A gente pode levantar ou derrubar uma pessoa com só umas quatro palavrinhas. Então, que a gente comece a escolher as melhores palavras, porque temos também a responsabilidade de lidar com a saúde mental dos outros. Que o Setembro seja Amarelo e os demais meses sejam de qualquer cor, mas também de respeito. De menos julgamentos e mais acolhimento. E que a empatia seja abundante em todos os meses. É, estou bem reflexivo.


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