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10/09/2021 às 08h39min - Atualizada em 03/09/2021 às 09h04min

A morte não é o fim: o legado de Chadwick Boseman

Joérica Cunha - Editado por Fernanda Simplicio
Foto: Jordan Strauss/Invision/AP, File | Reprodução: Google


No dia 28 de agosto de 2021 completou 1 ano que o ator Chadwick Boseman, conhecido pelo seu papel como T’Challa, o Pantera Negra, nos filmes da Marvel, faleceu, aos 43 anos de idade, em decorrência de um câncer de cólon.

Chadwick Aron Boseman nasceu em 29 de novembro de 1976, na cidade de Anderson, localizada no estado norte-americano, Carolina do Sul. Chadwick mostrou desde cedo o seu talento para as artes cênicas, tendo escrito e encenado a sua primeira peça enquanto ainda estava no primeiro ano do ensino médio, em 1995. Mais tarde, estudou artes plásticas na Universidade Howard, em Washington D.C. 

Sua estreia na televisão foi em 2003, em um episódio da série Parceiros da Vida. Posteriormente, participou também de episódios das séries televisivas Lei&Ordem (2004) e CSI: New York (2006).  A primeira participação de Boseman em um filme longa-metragem aconteceu em 2008 com o filme No Limite: A História de Ernie Davis.

Ainda em 2008, Chadwick iniciou sua carreira como diretor, ao dirigir o curta-metragem Blood Over a Broken Pawn. E foi apenas em 2013, que o ator conseguiu o seu primeiro papel como protagonista em um longa-metragem, interpretando Jackie Robinson, o primeiro homem negro a jogar na principal competição de baseball dos Estados Unidos, a Major League Baseball, no filme 42: A história de uma lenda. No ano seguinte, ele estrelou a cinebiografia de James Brown, e em 2015, no filme Capitão América: Guerra Civil, deu vida ao Pantera Negra, o seu personagem de maior sucesso e que revolucionou a sua carreira.



Diagnosticado com câncer de cólon em 2016, Chadwick não se deixou abater, e atuou em nada menos que 10 filmes enquanto lutava para sobreviver, protagonizando os longas-metragens King: Uma História de Vingança (2017), Crime sem Saída (2019), A Voz Suprema do Blues (2020) – filme que lhe rendeu uma indicação póstuma de Melhor Ator no Oscar; além de reprisar o seu papel como Rei T’Challa nos filmes Pantera Negra (2018), Vingadores: Guerra Infinita (2018) e Vingadores: Ultimato (2019).

Seu último trabalho, lançado de forma póstuma, foi a série animada da Marvel, What If...? (2021), e tem emocionado os fãs ao lembrarem de toda a sua trajetória.

Entre sessões de quimioterapia e inúmeras cirurgias, Chadwick preferiu enfrentar sua maior luta, a mais verdadeira, longe das câmeras, sem qualquer tipo de alarde. Guardou para si a sua condição e preferiu seguir o caminho contrário ao das grandes estrelas: afastou a mídia de seus problemas pessoais e administrou os trabalhos no cinema sem trazer à tona seus dramas reais.

Com uma carreira meteórica, em conjunto com a história dos blockbusters, quando ele se tornou o primeiro homem negro a protagonizar um filme do Universo Marvel, o qual contava com um elenco 90% negro, o ator deixa um legado que se confunde com o do próprio T’Challa, personagem que o acompanhou em diversas produções.

Desde o início de sua carreira, Chadwick lutou veementemente para combater os estereótipos racistas da cultura popular, e se preocupava constantemente em levantar debates sobre as pautas. Sua luta era para revolucionar a visão da indústria cinematográfica acerca dos estereótipos estabelecidos aos personagens negros por tantos anos. O astro foi grandioso nesta batalha, sendo parte importante dela, deixando sua marca e, de fato, fazendo história nos cinemas.



Chadwick Boseman não apenas deixou sua marca devido à luta para trazer debates sobre os negros na indústria cinematográfica, como também deu aula de atuação por onde passou. Dotado de habilidade e disciplina, o ator tornou-se referência quando se fala em interpretar personagens com intensidade e comprometimento.

Durante a premiação do Oscar de 2019, quando o filme Pantera Negra (2018) levou três estatuetas, Boseman fez um discurso arrebatador, um discurso poderoso sobre o racismo e luta pra conseguir espaço e representação.

 
“Ser jovem, talentoso e negro, todos nós sabemos como é escutar que não há lugar pra você se destacar, ainda que você seja jovem, talentoso e negro. Nós sabemos como é escutar que não há filme pra você participar, um palco pra você se apresentar. Nós sabemos como é ser a cauda e não a cabeça. Sabemos como é estar abaixo e não acima. E isso nos acompanhou todos os dias do nosso trabalho, porque nós sabíamos que nós tínhamos algo especial que nós queríamos oferecer ao mundo. Que nós poderíamos ser humanos mais completos nos papéis que estávamos interpretando. Que poderíamos criar um mundo que exemplificasse o mundo em que queremos viver.”

O legado seu deixado vai além dos seus filmes, e engloba tudo aquilo que o ator representou para toda uma legião de fãs, que se sentiam representados pelos seus personagens, e tocados pelas suas histórias. Mesmo após sua morte, os ensinamentos do ator e as suas obras permanecem. Seu discurso e sua luta perpetuam. Chadwick Boseman marcou toda uma geração, e jamais será esquecido.
 
“Na minha cultura, a morte não é o fim. É mais um ponto de partida.” – T’Challa, Pantera Negra (2018).
 
 
REFERÊNCIAS:
Chadwick Boseman: como ator de Pantera Negra fez história nos cinemas. Rolling Stone, 28 de ago. de 2021. Disponível em < https://rollingstone.uol.com.br/cinema/chadwick-boseman-comoator-de-pantera-negra-fez-historia-nos-cinemas/ > Acesso em: 30 de ago. de 2021.

GALVÃO, Pedro. Netflix lança documentário sobre Chadwick Boseman, que ficará 30 dias no ar. Estado de Minas, 20 de abr. de 2021. Disponível em < https://www.em.com.br/app/noticia/cultura/2021/04/20/interna_cultura,1258617/netflix-lanca-documentario-sobre-chadwick-bosemanque-ficara-30-dias-no-ar.shtml > Acesso em: 30 de ago. de 2021.
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