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07/09/2021 às 18h10min - Atualizada em 04/09/2021 às 17h40min

Flávio Renegado fala sobre diversidade musical, racismo e sua parceria de sucesso com Elza Soares

Cantor conta sobre sua trajetória musical e destaca a importância da música em sua vida

Pedro Lima - revisado por Jonathan Rosa
Flávio Renegado sobe as lentes de Denise Ricardo. (Foto: Reprodução/ Denise Ricardo)

Talvez você não conheça Flávio de Abreu Lourenço, o artista de origem humilde e nacionalmente conhecido como Flávio Renegado. Ele vem se destacando no cenário musical e como ativista social, levantando pautas pertinentes à sociedade através de suas redes sociais. Nesta entrevista falamos um pouco sobre o começo de sua carreira, sua visão quanto aceitação do público ao gênero musical que o consagrou e sobre a parceria de sucesso feita com a cantora Elza Soares.

O que te levou a caminhar no meio da musica Rap? Bom... Comecei a cantar rap com treze anos, né mano. Eu sempre fui apaixonado por música, eu canto Rap porque é o gênero musical que me arrebatou. Acho que se não fosse rap eu cantaria música de qualquer maneira, porque cada dia que passa eu tenho mais certeza que sou músico. Mas o rap eu tenho uma paixão ímpar por ser a música da verdade, a música que fala a realidade, que prega a verdade, então o rap ganhou esse lugar no meu coração nesse sentido.

Como define seu caminho profissional? Cara, eu me defino como esse ser cosmopolita, que é um ser periférico, tá ligado. A periferia é um lugar que reúne tudo! Reúne tecnologia, reúne resistência, reúne passado, futuro, presente. Eu sou isso, sou um pouco disso tudo. Eu sou um pouco dessa nova periferia que vem se consolidando, se erguendo e se fazendo presente.

Em seu ponto de vista, o que motivou a criação do Rap, e o que o impulsionou a transformar a realidade em gênero musical? Se você analisar a história do hip-hop ele surge e tomou força nos guetos norte-americanos por uma série de coisas. Primeiro em poder falar o que se pensa, o que se acha e o que se vive, ele se deu muito nesse lugar de resistência e sobrevivência. Então o rap veio como representante dessa rapaziada que estava ali esquecida e marginalizada no gueto, que não tinha condição financeira para adquirir equipamentos e fazer música na perspectiva que deveria. Eles encontraram no Rap e hip-hop uma maneira de produção barata e que podia se falar o que pensava, a liberdade de expressão à tona, então sinto que ali o Rap nasceu e ganhou fôlego, tá ligado. Por ser uma expressão do gueto, de quem não tinha espaço para falar o que pensa, o que acha, o que sente e o que vive. Então no meu ponto de vista é aí que o gênero ganhou força.

Servindo como ferramenta de resistência, por muito tempo o rap foi marginalizado. Acredita que por ser um gênero musical feito em sua maioria por negros periféricos fez com que a sociedade tivesse essa visão? Sim! Um pouco sim, cara. A sociedade é preconceituosa, né mano. Principalmente com o que vem da periferia. O samba viveu isso, o rap viveu isso, o funk vive isso, a música nordestina vive isso. É isso, a sociedade quer que a gente continue quieto e calado no gueto só que a periferia é o centro! Hoje nós somos a pauta, hoje nós damos a pauta para discussão, tá ligado. Então vamos continuar lutando e fazendo a pauta nossa acontecer.

Composição sua e de Gabriel Moura, a música Negão e Negra traz uma letra forte e uma mensagem contra o racismo. Como surgiu a ideia para essa composição? Quando rolou a possibilidade de fazer um feat com a Elza, eu quis logo fazer uma música para coroar esse momento e aí nasceu Negão e Negra. Mostrei a ela, que curtiu e gravamos o som. Foi uma música feita para ser interpretada por mim e por ela, a gente já compôs a música pensando nesse feat nessa parceria. E eu tive a felicidade dela curtir e aceitar o feat, então o máximo respeito! Obrigado meu parceiro Gabriel Moura, por acreditar e chegar junto comigo nessa daí, espero que tenhamos a oportunidade de escrever várias outras mais, e vamo que vamo!

Ainda sobre o single Negão e Negra. Como foi ter a Elza Soares como parceira musical? Um presente, minha madrinha musical a partir dali nós coroamos essa parceria depois de Negão e Negra já fizemos outro feat que foi Divino Maravilhoso de Gil e Caetano. E espero esse ano fazer mais feat com ela e poder ter ela junto comigo em outras canções também. E não vamos parar por aí não, ainda tenho muito que fazer nessa vida.

Por fim.... Qual mensagem você deixa para os jovens que veem o Rap como forma de externar suas dores e através da música fazer uma sociedade melhor? Cara, o Rap é a música da verdade, se você quer cantar Rap pense nisso! Pense em cantar a sua verdade, em cantar a verdade que você acredita, a verdade que te move. Você será um rapper feliz, o Rap tem que ser o que a gente sente ele é o nosso coração. Temos que dar vida ao nosso coração, tá na hora de dar voz ao coração. O século XXI tá aí para nos mostrar os aplausos, tá ligado. Temos que dar voz ao nosso coração, deixar nosso peito falar e ser feliz, é isso.

Black Power na voz de Flávio Renegado e Elza Soares. (Reprodução: Renegado Tema - YouTube)


Bom... Muito obrigado pela entrevista, foi uma honra, um prazer estar com vocês. Obrigado pelas perguntas maravilhosas adorei todas, e vamo que vamo. Pessoal que não conhece meu trabalho convido a conhecer minhas redes e ficar por dentro, todo dia de manhã faço um café com chocolate se quiser bater um papo de manhã cedo vai lá tomar um café comigo.

Certo? Beijo no coração, fé em Deus e é nois que tá! Até breve!

Entrevista originalmente publicada no Portal Comenta em 13/01/2021


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