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04/09/2021 às 20h03min - Atualizada em 04/09/2021 às 19h46min

Aquarela, que embalou a infância de várias gerações, é a canção mais tocada de Toquinho nos últimos anos

A música, pura poesia reflexiva, trilha o caminho da infância à vida adulta

Bianca Mingote - revisado por Jonathan Rosa
Capa do álbum Aquarela - Ariola, 1983. (Foto/ Reprodução: Ilustração/ Elifas Andreato)
 

Criatividade, fantasia, improviso e simplicidade… Grandes palavras com significados complexos marcam a narrativa da canção Aquarela de Toquinho. Narrativa essa que guiam o período da infância que nem imaginávamos que iria se esvair de nossas almas com o tempo.

Toquinho, cantor e compositor brasileiro, completou 75 anos em julho e sua carreira é marcada pela parceria com Chico Buarque, Jorge Ben, Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Com a data comemorativa de quase oito décadas de vida do Toquinho, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) fez um levantamento das obras musicais do artista. O resultado foi de 399 canções e 1076 gravações cadastradas em seu banco de dados.

Aquarela foi a sua música mais tocada nos últimos cinco anos. A canção é fruto da parceria com Vinicius de Moraes, Guido Morra e Mushi. Quem nunca tentou desenhar seguindo à risca as frases iniciais da música que atire a primeira pedra.
 

Numa folha qualquer eu desenho um sol amarelo

E com cinco ou seis retas é fácil fazer um castelo

Corro o lápis em torno da mão e me dou uma luva,

E se faço chover, com dois riscos tenho um guarda-chuva

Canção Aquarela. (Reprodução: Toquinho - Tema/ YouTube)



Infância colorida. Futuro preto e branco

A canção perpassa pelo universo da infância, menciona cenários e cores que fazem com que o ouvinte seja embalado a imaginar cada um dos elementos construindo um desenho. Ressaltando assim, a capacidade criativa de cada um.

Quando crianças não percebemos, mas no trecho: “Se um pinguinho de tinta cai num pedacinho azul do papel/Num instante imagino uma linda gaivota a voar no céu”, o cantor nos mostra a leveza da infância em poder transformar problemas em soluções criativas. A todo instante, com a música, são acionados gatilhos de memória que nos levam a ter a imaginação de uma criança e explicita o poder que temos ao imaginar possibilidades no desenho:
 

Entre as nuvens vem surgindo um lindo avião rosa e grená

Tudo em volta colorindo, com suas luzes a piscar
Basta imaginar e ele está partindo, sereno, indo
E se a gente quiser ele vai pousar

É importante olhar para o cuidado ao mencionar as cores durante a composição, o que evidencia um ambiente de brincadeira e de possibilidades. A canção muda a trajetória ao mencionar a palavra futuro, aqui o compositor optou por mostrar como esse período é incerto e que é suscetível a perder algumas coisas, inclusive, as cores.
 

Um menino caminha e caminhando chega no muro

E ali logo em frente, a esperar pela gente, o futuro está
E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar
Não tem tempo nem piedade, nem tem hora de chegar
Sem pedir licença muda nossa vida, depois convida a rir ou chorar

Neste ponto o ouvinte é direcionado a refletir sobre em que momento perdeu a essência da infância e como é real a forma como o futuro invadiu sua vida. As reflexões são profundas e terminam como um trecho que deixa um convite e menciona a importância de aproveitar as fantasias da vida, quando crianças, enquanto se tem controle, mesmo que mínimo, do seu próprio mundo.

Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá

O fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar
Vamos todos numa linda passarela
De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá

Em 1983, produzido pela Start Anima e criado pela FCB/Siboney, a música embalou um comercial da Faber Castell. A segunda versão foi lançada em 1995 e contou com elementos 3D, além de aproximadamente 850 artes pintadas à mão com giz de cera, lápis de cor e tinta. Em 2018 a empresa relançou uma versão pautada na diversidade racial para lançar a coleção de lápis de cor Caras & Cores.


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