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10/09/2021 às 12h09min - Atualizada em 10/09/2021 às 11h49min

Em ano marcado pela pandemia, vendas de livros sobem 48,5% no Brasil

No primeiro semestre de 2021, 28 milhões de exemplares foram comercializados

Isabelle Gesualdo - Editado por Talyta Brito
Reprodução: Pexels.com

O hábito da leitura sempre foi uma forma de bem-estar e, na pandemia, isso ficou ainda mais comprovado. Os leitores encontraram nos livros um antídoto para a solidão. Os livros têm o dom de transportar os leitores para lugares distintos, transmitir conhecimento e cultura.  A leitura é tão benéfica que existe uma terapia à base de livros. O fenômeno da biblioterapia existe desde a Antiguidade, era utilizado na Grécia e Roma antiga.

 

No início do século XX, a biblioterapia foi comprovada cientificamente e hoje é utilizada em diversas partes do mundo, geralmente é aplicada em escolas, presídios, orfanatos e hospitais. O terapeuta é o próprio livro, por ser capaz de possibilitar o desenvolvimento pessoal do leitor e liberar emoções positivas.

 

Diante de um cenário pandêmico, em que hábitos tiveram de ser reformulados, alguns brasileiros redescobriram o gosto pela leitura. Houve uma alta de 48,5% nas vendas de livros no Brasil, de acordo com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel).

 

No primeiro semestre de 2020, 18,9 milhões de livros foram vendidos e, de janeiro a julho deste ano, as vendas alavancaram, somando um total de 28 milhões de exemplares comercializados. 

 

Os dados refletem dois momentos distintos: o início da pandemia, com as restrições e fechamentos temporários das empresas e um setor livreiro mais consolidado, em 2021, com o afrouxamento das medidas sanitárias e a reabertura das livrarias.

 

O pesquisador de livro-reportagem, Alexandre Maciel, comenta que os dados são uma surpresa, porque antes da pandemia, o mercado editorial passava por dificuldades, sobretudo financeiras. As livrarias físicas foram abaladas pelo fenômeno de promoções na Amazon que, por oferecer um preço abaixo do mercado, prejudicam as editoras. 

 

As pesquisas de 2019 da Snel demonstram a crise pela qual o mercado livreiro passava, com uma queda acentuada entre os primeiros semestres de 2018 e 2019. Em 2018, 24 milhões de exemplares foram vendidos; já em 2019, os dados contabilizaram 21 milhões. 

 

A explicação para a alta significativa no número de vendas durante a pandemia é que “as pessoas tiveram, em primeiro lugar, mais tempo para pensar em si mesmas. Mais tempo para pensar em sua formação, nas experiências de conhecimento e apreensão do mundo, que é isso que a leitura nos traz”, comenta o professor doutor Alexandre Maciel. 

 

Apesar do progresso no setor livreiro no último semestre, publicar um livro durante a pandemia foi um desafio para alguns escritores. Lídia Taquary, autora do livro “Corpo, coração e cicatrizes", comenta que, antes da publicação, pensou que os livros fossem vendidos de maneira rápida e fácil, mas tem sido um desafio desde a primeira tiragem, que aconteceu em março de 2021. 

 

A escritora pensou em uma maneira lúdica de atrair leitores: "Tive que colocar a cabeça para funcionar. Dar acesso ao leitor a uma parte minha, não só com as palavras digitais, mas também por meio da carta. Acho que quem compra um livro quer sempre saber como é a letra do autor. Então, passei a mandar uma carta com cada livro que postava”, conta Lídia Taquary.

 

Taquary comenta que alguns escritores tiveram bloqueio criativo durante a pandemia; com ela, foi ao contrário: encontrou na poesia uma maneira de regurgitar a angústia, foi assim que nasceu “Corpo, coração e cicatrizes”, que conta com versos escritos antes e durante o período pandêmico. A escritora sobressaiu aos impasses impostos pela pandemia, ao medo de não dar certo e espera que a leitura do livro seja “um passaporte para definitivas viagens pelo corpo, coração e cicatrizes”. 


 


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