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19/09/2021 às 16h53min - Atualizada em 16/09/2021 às 20h34min

"Fonte: vozes da minha cabeça" e o acervo de fake news que espalha desinformação e bloqueia o diálogo

Beatriz Gonçalves Da Silva - Editado por Larissa Bispo
Foto: Reprodução G1

Você conhece aquele meme “fonte: vozes da minha cabeça”? O que temos visto nos últimos anos é que muitos textos de formato jornalístico que circulam pela mídia têm como fonte o meme mencionado.

 

Explicando o meme:

 


O meme em questão se refere a situações em que o sujeito fala e/ou escreve algo baseado apenas em suas convicções, sem nenhuma base teórica para comprovação dos fatos apresentados. 


Vale ressaltar que, além desse tipo de fonte, utilizar-se de formatos e gêneros jornalísticos é uma maneira de mascarar as informações inconcludentes do texto, buscando gerar, de alguma forma, credibilidade. 

 

Fake news:

 

Notícias falsas e geralmente anônimas são criadas para enganar os leitores acerca de algum assunto, e isso é o que conhecemos por fake news. O termo começou a ganhar força em 2016 durante a corrida presidencial dos EUA, mas esse tipo de notícia existe há muito tempo e é uma problemática para a sociedade.

As fake news são elaboradas para de fato enganar seus leitores, para manipulá-los com relação a determinado assunto e, geralmente, o assunto em questão é de teor político. 

 

Esse tipo de notícia falsa tem poder de manipulação porque seu conteúdo é elaborado já pensando em agradar o público alvo, dessa maneira, o assunto tratado sempre busca concordar com as opiniões dos leitores. E é aí que surge o fenômeno do viés da confirmação, que é o fato de sempre acreditarmos em argumentos que concordem com nossas opiniões e de discordarmos daquilo que for contrário ao que acreditamos simplesmente por existir divergência. 

 

Caos:

Sabe aquela fofoca entre vizinhos? Aqueles boatos que circulam pelo bairro sobre os novos bens materiais de fulano e a vida sexual de ciclana? As fake news se assemelham a esse tipo de desinformação justamente por não obter um parâmetro real ou completo sobre o fato, são construídas na base da enganação ou da suposição e assim fazem com que aquele que consome o conteúdo se baseie em mentiras e especulações para formar sua opinião, ou apenas reafirmá-la.

 

Não pense você que essas notícias falsas não tem nenhum malefício. Pelo contrário, elas são prejudiciais à sociedade.

 

Em 2014, uma mulher foi espancada até a morte por conta de uma fake news baseada em suposições, isso porque ela se parecia com a suspeita de um boato no facebook sobre uma mulher que raptava crianças para rituais de magia negra. Após um tempo, a polícia averiguou que não haviam denúncias sobre esses raptos na região do Guarujá, onde Fabiane, a vítima da fake news, foi morta. Além disso, a imagem do retrato falado, que concluíram que fosse a vítima, era referente a uma suspeita de um crime cometido em 2012, no Rio de Janeiro. 


Já em 2018, em meio às eleições, algumas fake news foram elaboradas visando manchar a imagem do candidato à presidência Fernando Haddad, dando margem para o atual presidente, Jair Bolsonaro, atacar o adversário. Com isso, surgiu a fake news sobre “kit-gay” que diziam ser um material distribuído nas escolas durante o governo petista. Houve também a fake news da mamadeira de piroca onde uma foto de uma mamadeira com bico no formato de pênis foi compartilhada nas redes sociais acompanhada da “informação” de que o objeto estava sendo distribuído nas creches e escolas. Na época, essas situações foram um prato cheio para os conservadores atacarem seus oponentes políticos e destilarem os mais diversos tipos de ofensas às pessoas pertencentes ao grupo LGBTQIA+.  


Inclusive, os bolsonaristas são conhecidos por compartilharem fake news. Em 2020, algumas contas de eleitores do atual Presidente foram retiradas do ar por conta do compartilhamento de informações falsas e, não compreendendo a problemática de não averiguar as informações ou então compartilhar inverdades apenas por má fé, os donos dos perfis desativados alegaram que a decisão se tratava de censura a liberdade de expressão. 

 

Pensando nisso, fica aqui um vídeo explicativo sobre a liberdade de expressão, direito garantido pela nossa Constituição Federal: Liberdade de expressão tem limite?

O vídeo é conteúdo exclusivo do curso Vaza Falsiane, que ensina a entender e combater as fake news. 

 

“O curso é bastante interessante. A linguagem é despojada, mas trata seriamente do assunto, com exemplos do cotidiano. Aprendo bastante com a diversidade de ferramentas utilizadas no curso (texto, vídeos e questões).” Esse é o depoimento de Maíra Fernandes, estudante de Jornalismo e aluna do curso Vaza Falsiane que é gratuito e indicado não somente para os profissionais de comunicação. 

 

“Fiz o curso e entendi que a monetização da informação é facilitada pelo desenvolvimento tecnológico.” É o que disse a também estudante de Jornalismo, Beatriz Macedo.

Sobre a monetização da informação, citada por Beatriz, é o que ocorre com as fake news e seus títulos e anúncios tendenciosos. Quanto mais atrativo e extravagante for a chamada do texto, mais cliques ele vai receber e, usualmente, esses sites que hospedam fake news são nutridos de diversas publicidades, que é onde o click (que direciona o leitor à publicação) é monetizado.

E, atualmente, esse tipo de chamada tem ganhado mais visibilidade do que as informações de portais de notícias renomados. Isso porque, como mencionado anteriormente sobre o viés da confirmação, as pessoas querem consumir apenas aquilo que esteja de acordo com suas próprias verdades, sem dar oportunidade para opiniões divergentes e o resultado disso é a desinformação. Não dar espaço para o novo e não ouvir o outro te priva da oportunidade de conhecer e entender mais sobre outros pontos de vista. A informação não é apenas aquilo que queremos acreditar que seja real ou não, mas sim um conjunto de dados sobre um fato e esse conjunto é formado por pontos de vistas pois cada ser humano interpreta um fato de acordo com suas vivências e experiências pessoais por esse motivo é tão importante a troca de informações, o diálogo.

Agora que as coisas estão mais claras, vamos voltar lá para o início. O meme. 

 

"Vozes da minha cabeça” não configura fonte de material algum, então, como primeiro passo para fugir das fake news, comece a avaliar as fontes das notícias, os autores e os portais onde elas estão sendo veiculadas. 

 

Uma notícia real é a representação dos fatos, buscando ser o mais fiel possível ao acontecido, dessa forma ela não procurará confirmar a opinião de ninguém mas sim, ser fidedigna os fatos reais do ocorrido. 

 

A Maíra, aluna do curso Vaza Falsiane, nos contou sua experiência com fake news:
 

“Sim, já caí [em fake news]. Descobri com a ajuda de colegas me orientando sobre a fonte das informações. Desde então, tenho evitado compartilhar qualquer tipo de informação, que não seja dos principais portais.” E, como você faz a verificação de notícias/conteúdo que consome?Basicamente, me certificando das fontes e seguindo pessoas e portais com bastante credibilidade no país.”


Mais uma vez, “vozes da minha cabeça” não configura fonte de material algum! Verifiquem as fontes e dados utilizados, se atentem aos portais de notícias que vocês acompanham e dialoguem. 

 

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