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17/09/2021 às 16h13min - Atualizada em 17/09/2021 às 15h54min

Quem é o quadrinista Flávio Colin?

Dono de um traço característico, o ilustrador é um dos grandes nomes das HQs brasileiras

Júlia Victória - Editado por Ana Terra
O universo das histórias em quadrinhos no Brasil é vasto e recheado de talentos. Por vezes ofuscado pelas grandes editoras e HQs de super-heróis, quadrinistas brasileiros que foram importantes para a produção artística no país não são frequentemente lembrados pelo público. Um desses artistas, é o ilustrador carioca Flávio Colin. Dono de um traço característico e que, mesmo após 19 anos de seu falecimento, inspira muitos quadrinistas independentes.
 
Multitalentoso, Flávio foi ilustrador, publicitário, escultor e criador de HQs. Suas primeiras obras foram publicadas nos anos 50 pela Rio Editora Gráfica. Um dos seus maiores êxitos na época, foi o lançamento de As Aventuras do Anjo. A história gira em torno de um milionário que passa a investigar crimes com a ajuda de seus parceiros Faísca, Metralha e Jarbas. Além dos quadrinhos, a publicação se tornou uma radionovela policial criada e interpretada por Álvaro Aguiar. Nos primeiros trabalhos, é possível observar a influência do estilo claro-escuro de desenho do cartunista norte-americano Milton Caniff, criador das tiras Terry e os Piratas.

Nesse período, Flávio foi para São Paulo e começou a desenhar pela Editora Outubro, administrada por Jayme Cortez e Miguel Penteado. Foi onde teve contato com o terror e passou a desenhar histórias do gênero. Pela Outubro, ele também produziu O Vigilante Rodoviário, adaptação do primeiro seriado brasileiro que fez muito sucesso na TV. Flávio era entusiasta das produções nacionais e não era fã de quadrinhos de super-heróis. Por isso, era comum ver figuras tipicamente brasileiras, como personagens do folclore e outros elementos culturais.

 

Em 1962, Flávio e um grupo de outros quadrinistas participaram da criação da Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre (CETPA), com o objetivo de priorizar a criação de quadrinhos do Brasil e diminuir o número de importações estrangeiras. O projeto ambicioso era apoiado pelo governador Leonel Brizola e esse fator foi decisivo para o seu fechamento em 1964. Brizola era considerado um dos líderes da esquerda e, por isso, foi perseguido pelos militares. Todos os integrantes da Cooperativa foram considerados comunistas pelo regime e praticamente excluídos do mercado editorial.
 

Sem poder exercer sua profissão, Flávio deixou temporariamente de produzir histórias em quadrinhos e entrou no campo da publicidade, por onde atuou durante 14 anos e marcou o nome como um dos melhores profissionais da área. Depois desse tempo parado, voltou a desenhar, dessa vez pelas editoras Vecchi e Grafipar. Os anos como publicitário aperfeiçoaram os traços de Flávio, o qual diversificou e trabalhou com terror, histórias eróticas, além de criar personagens de várias regiões do Brasil. Nos anos 80, o mercado editorial passou por mais uma crise e Flávio teve de intercalar serviços de publicitário com algumas publicações na Editora D-Arte.
 

Como artista, Flávio foi muito reconhecido e ganhou três prêmios HQ Mix, considerado o “Oscar dos Quadrinhos do Brasil”, em 1990 (Grande Mestre dos Quadrinhos), 1994 (Desenhista Nacional) e 1997 (honorário). E também recebeu dois prêmios Angelo AgostiniFlávio Colin faleceu em 2002 e deixou um legado para os futuros quadrinistas. Hoje, suas obras são resgatadas em relançamentos, como é o caso da editora Pipoca & Nanquim, que reuniu as principais histórias do ilustrador na edição de luxo de Terror no Inferno Verde.

Fonte: Pipoca & Nanquim / Reprodução

Fonte: Pipoca & Nanquim / Reprodução


Com 220 páginas, a edição traz a HQ que dá título ao livro e também algumas das principais obras como Honorato, já leu Dickens?, Filho do Urso, O Caso dos Dez Negrinhos, Os Minatá-Karaiá, A Terceira Arca, Viu a Caveira? e O Passeio da Peste e Joaquim: O Magnífico. O volume também apresenta informações sobre a vida e a carreira de Flávio e depoimentos de pessoas que foram inspiradas pelos quadrinhos do ilustrador carioca.
 

Terror no Inferno Verde está na pré-venda na Amazon e será oficialmente lançado no dia 24 de setembro. 
 

 

REFERÊNCIAS:
NALIATO, Samir. Flavio Colin: Uma lenda viva dos quadrinhos; e brasileiro, com orgulho! Universo HQ, 2001. Disponível em: . Acesso em: 17 de setembro de 2021.

RAMOS, RICARDO. Editoras Fazem Importante Resgate Histórico Do Trabalho De Flavio Colin. Torre de Vigilância, 2021. Disponível em: . Acesso em: 17 de setembro de 2021.
UCHA, Francisco. Por que precisamos celebrar os quadrinhos 100% brasileiros de Flavio Colin. Omelete, 2020. Disponível em: . Acesso em: 17 de setembro de 2021.

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