Nesse período, Flávio foi para São Paulo e começou a desenhar pela Editora Outubro, administrada por Jayme Cortez e Miguel Penteado. Foi onde teve contato com o terror e passou a desenhar histórias do gênero. Pela Outubro, ele também produziu O Vigilante Rodoviário, adaptação do primeiro seriado brasileiro que fez muito sucesso na TV. Flávio era entusiasta das produções nacionais e não era fã de quadrinhos de super-heróis. Por isso, era comum ver figuras tipicamente brasileiras, como personagens do folclore e outros elementos culturais.
Em 1962, Flávio e um grupo de outros quadrinistas participaram da criação da Cooperativa Editora de Trabalho de Porto Alegre (CETPA), com o objetivo de priorizar a criação de quadrinhos do Brasil e diminuir o número de importações estrangeiras. O projeto ambicioso era apoiado pelo governador Leonel Brizola e esse fator foi decisivo para o seu fechamento em 1964. Brizola era considerado um dos líderes da esquerda e, por isso, foi perseguido pelos militares. Todos os integrantes da Cooperativa foram considerados comunistas pelo regime e praticamente excluídos do mercado editorial.
Sem poder exercer sua profissão, Flávio deixou temporariamente de produzir histórias em quadrinhos e entrou no campo da publicidade, por onde atuou durante 14 anos e marcou o nome como um dos melhores profissionais da área. Depois desse tempo parado, voltou a desenhar, dessa vez pelas editoras Vecchi e Grafipar. Os anos como publicitário aperfeiçoaram os traços de Flávio, o qual diversificou e trabalhou com terror, histórias eróticas, além de criar personagens de várias regiões do Brasil. Nos anos 80, o mercado editorial passou por mais uma crise e Flávio teve de intercalar serviços de publicitário com algumas publicações na Editora D-Arte.
Como artista, Flávio foi muito reconhecido e ganhou três prêmios HQ Mix, considerado o “Oscar dos Quadrinhos do Brasil”, em 1990 (Grande Mestre dos Quadrinhos), 1994 (Desenhista Nacional) e 1997 (honorário). E também recebeu dois prêmios Angelo Agostini. Flávio Colin faleceu em 2002 e deixou um legado para os futuros quadrinistas. Hoje, suas obras são resgatadas em relançamentos, como é o caso da editora Pipoca & Nanquim, que reuniu as principais histórias do ilustrador na edição de luxo de Terror no Inferno Verde.
REFERÊNCIAS:
NALIATO, Samir. Flavio Colin: Uma lenda viva dos quadrinhos; e brasileiro, com orgulho! Universo HQ, 2001. Disponível em:
RAMOS, RICARDO. Editoras Fazem Importante Resgate Histórico Do Trabalho De Flavio Colin. Torre de Vigilância, 2021. Disponível em:
UCHA, Francisco. Por que precisamos celebrar os quadrinhos 100% brasileiros de Flavio Colin. Omelete, 2020. Disponível em: