Até meados do século XX, a mulher era vista como sensível e frágil por ter só função que era ser dona de casa, até que em 1960 com o inicio do movimento feminista começou discussões sobre seu papel na sociedade. A teórica feminista Laura Mulvey, via que os filmes de 1930 a 1960, influenciaram a visão da mulher que inconscientemente as vêem até hoje, como apenas um ser que tem a capacidade de manipulação através do visual e da sexualidade.
Nos dias atuais, temos as MPDG, que existem apenas para o desenvolvimento emocional do personagem principal. Com um perfil meigo, ótimo gosto musical, atrapalhada e com pequenos defeitos; feita para suprir idealizações masculinas.
Luana do instagram @The feminist Patronum, diz que quando temos uma mulher por trás de um filme, é nítida a diferença. Em "Esquadrão Suicida" (2016) temos uma imagem ruim da Harley Quinn, já no filme "Aves de Rapina", protagonizado por mulheres, onde não precisaram de uniformes curtos e hiperssexualização do corpo de nenhuma das atrizes, temos outra visão. Na gravação da série "Loki", a atriz Sophia Di Martino (Sylvie), relatou o cuidado da equipe e da diretora por ela ser mãe e está em periodo de amamentação onde foi desenvolvido um traje para isso.
Estereótipos
Dentro da indústria cinematográfica existem muitos estereótipos usados nas mulheres: as que só ligam para o amor; as que buscam uma rivalidade feminina; as que só conversam sobre homens; apenas se importam com aparência e a hiper sexualizadas.
A publicitária e colaboradora da produtora independente de equipe 100% feminina chamada Dracaína, Débora Fiuza, comenta que a questão do lugar de fala ser das mulheres, não ajuda na estereotipação por parte dos diretores homens, mas isso não é desculpa para uma representação limitada que ainda temos hoje. Quando se propõe a falar sobre e representar um grupo na arte, seja qual for, a pesquisa é o mínimo para construir personagens que se comuniquem com as narrativas reais que quer representar.
Personagens femininos criados por homens
Apesar de algumas exceções, quando homens dirigem filmes o gênero feminino costuma ser mal representado ou pouco visto em filmes. Lou Cardoso, jornalista e criadora de conteúdo diz que existem vivências que somente uma mulher pode entender, onde passa a existir muitos vícios de estereótipos no audiovisual e precisa ser quebrado para que as produções sejam cada vez mais originais, de qualidade e próximo da realidade.
A série da Netflix, "O Gambito da Rainha", apesar de ter uma protagonista mulher interpretada pela Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), nos créditos não há participação feminina na produção, com isso, nas redes sociais, a série virou meme pelo jeito que a personagem entrava no fundo do poço, uma clara visão masculina e estereotipada.
Cargos de liderança
Um estudo da Universidade de San Diego, apontou que as mulheres respondem por apenas 28% dos produtores, 21% dos produtores executivos, 18% das editoras, 12% dos roteiristas e 3% dos diretores de fotografia no cinema americano em 2020. Lou Cardoso explica que isso é um reflexo de como as mulheres ainda estão longe de alcançar a tão sonhada liderança. Por mais que elas estejam recebendo oportunidades no cinema, quem ainda bate o martelo são homens brancos e héteros.
A cultura do patriarcado estrurada na sociedade considera que as mulheres têm só que lidar com tarefas domésticas e funções de liderança seria apenas para homens. Débora do instagram @dracainafilmes, reforça que cargos considerados de mais responsabilidade tem pouco espaço para mulheres, pessoas trans e racializadas. O mercado de trabalho é tão preconceituoso quanto a sociedade em que está; a abertura para diretoras e autoras é um sonho para um audiovisual apresentar narrativas diversas. Cinema é cultura e deveria representar todas elas.