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01/10/2021 às 15h27min - Atualizada em 29/09/2021 às 15h49min

Mulheres por trás das câmeras e nas telas do cinema

A representação feminina no cinema em meios estereótipos e sexualizados

Beatriz Costa Rodriguez - editado por Larissa Nunes
Chris Pizzello_Pool

Até meados do século XX, a mulher era vista como sensível e frágil por ter só função que era ser dona de casa, até que em 1960 com o inicio do movimento feminista começou discussões sobre seu papel na sociedade. A teórica feminista Laura Mulvey, via que os filmes de 1930 a 1960, influenciaram a visão da mulher que inconscientemente as vêem até hoje, como apenas um ser que tem a capacidade de manipulação através do visual e da sexualidade.
 

Nos dias atuais, temos as MPDG, que existem apenas para o desenvolvimento emocional do personagem principal. Com um perfil meigo, ótimo gosto musical, atrapalhada e com pequenos defeitos; feita para suprir idealizações masculinas.

Luana do instagram @The feminist Patronum, diz que quando temos uma mulher por trás de um filme, é nítida a diferença. Em "Esquadrão Suicida" (2016) temos uma imagem ruim da Harley Quinn, já no filme "Aves de Rapina", protagonizado por mulheres, onde não precisaram de uniformes curtos e hiperssexualização do corpo de nenhuma das atrizes, temos outra visão. Na gravação da série "Loki", a atriz Sophia Di Martino (Sylvie), relatou o cuidado da equipe e da diretora por ela ser mãe e está em periodo de amamentação onde foi desenvolvido um traje para isso.
 

Cartaz do Filme Aves de Rapina - Imagem divulgação: IMAX


Estereótipos

Dentro da indústria cinematográfica existem muitos estereótipos usados nas mulheres: as que só ligam para o amor; as que buscam uma rivalidade feminina; as que só conversam sobre homens; apenas se importam com aparência e a hiper sexualizadas.

A publicitária e colaboradora da produtora independente de equipe 100% feminina chamada Dracaína, Débora Fiuza, comenta que a questão do lugar de fala ser das mulheres, não ajuda na estereotipação por parte dos diretores homens, mas isso não é desculpa para uma representação limitada que ainda temos hoje. Quando se propõe a falar sobre e representar um grupo na arte, seja qual for, a pesquisa é o mínimo para construir personagens que se comuniquem com as narrativas reais que quer representar.
 

Personagens femininos criados por homens

Apesar de algumas exceções, quando homens dirigem filmes o gênero feminino costuma ser mal representado ou pouco visto em filmes. Lou Cardoso, jornalista e criadora de conteúdo diz que existem vivências que somente uma mulher pode entender, onde passa a existir muitos vícios de estereótipos no audiovisual e precisa ser quebrado para que as produções sejam cada vez mais originais, de qualidade e próximo da realidade.

 

A série da Netflix, "O Gambito da Rainha", apesar de ter uma protagonista mulher interpretada pela Beth Harmon (Anya Taylor-Joy), nos créditos não há participação feminina na produção, com isso, nas redes sociais, a série virou meme pelo jeito que a personagem entrava no fundo do poço, uma clara visão masculina e estereotipada.

 

Personagem do "Gambito da Rainha" -  Imagem divulgação: Netflix

 

Cargos de liderança
 

Um estudo da Universidade de San Diego, apontou que as mulheres respondem por apenas 28% dos produtores, 21% dos produtores executivos, 18% das editoras, 12% dos roteiristas e 3% dos diretores de fotografia no cinema americano em 2020. Lou Cardoso explica que isso é um reflexo de como as mulheres ainda estão longe de alcançar a tão sonhada liderança. Por mais que elas  estejam recebendo oportunidades no cinema, quem ainda bate o martelo são homens brancos e héteros. 


A cultura do patriarcado estrurada na sociedade considera que as mulheres têm só que lidar com tarefas domésticas e funções de liderança seria apenas para homens. Débora do instagram @dracainafilmes, reforça que cargos considerados de mais responsabilidade tem pouco espaço para mulheres, pessoas trans e racializadas. O mercado de trabalho é tão preconceituoso quanto a sociedade em que está; a abertura  para diretoras e autoras é um sonho para um audiovisual apresentar narrativas diversas. Cinema é cultura e deveria representar todas elas.
 

Gráfico com dados de produções audiovisuais no Brasil - Imagem: Ancine



 


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