Residente em cirurgia geral, Paula Strauch teve a foto de perfil clonada por golpistas no final de outubro deste ano. ‘Mandaram mensagem para a minha avó, mas ela não viu. Depois ligaram e ela atendeu, pois identificou minha foto. Eles escreveram pedindo um favor com urgência e disseram que não podiam falar’, conta. A médica atendia pacientes quando foi avisada pelo pai sobre o ocorrido. Neste caso, quem aplicou o golpe confundiu a avó com a mãe da cirurgiã, foi através dessa confusão que o roubo fracassou.
Segundo estimativas da Polícia Civil da Bahia, em 2020 até 15 pessoas por dia foram vítimas de golpe no estado. Com o aumento das ocorrências, familiares de médicos tornaram-se alvos recorrentes pelo status social e média salarial da profissão. “Um perfil com minha foto do Cremeb entrou em contato com a minha mãe dizendo que eu mudei de número, mas eu já a havia alertado porque o mesmo incidente aconteceu com vários colegas de trabalho”, diz uma médica que pediu para não ser identificada.
As fotos são, na maioria dos casos, retiradas do Cremeb, e aparecem após o preenchimento do nome completo dos profissionais de saúde. No entanto, informações pessoais e números telefônicos são privados e acessados ilegalmente pelos criminosos. Pai e mãe são os contatos mais visados pelos golpistas. Para o delegado do Grupo Especializado de Repressão aos Crimes por Meio Eletrônico (GME) na Bahia, Charles Gomes, os criminosos conseguem os telefones por hackeamento de dados e usam engenharia familiar. Supõem que o telefone obtido seja dos pais, como no caso de Paula.
Os médicos devem denunciar a infração na delegacia, digital ou presencial, para a polícia focar na repressão do delito. Se não houver registro, o criminoso continuará agindo, pois, uma investigação não foi aberta, sinaliza Charles.
“Na questão dos médicos eles devem fazer o boletim de ocorrência porque, com certeza, está havendo um furo em um banco de dados relacionado à medicina. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está sendo ferida em algum momento”, acrescenta.
Em todos os casos ouvidos pela reportagem, a transferência bancária não foi concretizada. Mas o delegado de polícia lembra que, ao se passar por outra pessoa, o crime já classifica-se como falsa identidade com detenção de três meses a um ano. Quando há o estelionato, onde o criminoso obtém vantagem ilícita, por redes sociais, o tempo de reclusão varia entre quatro a oito anos.
Habilitar o duplo fator de segurança e conferir, por ligação ou mensagem de voz, se a pessoa da foto de perfil é a mesma por trás do celular são estratégias eficientes para evitar ser vítima de golpes nas redes sociais. Para ativar a verificação em duas etapas, deve-se ir em “Configurações”, depois em “Conta” e em “Verificação em duas etapas”. Após isso, é preciso escolher seis números para o PIN. Os dígitos serão pedidos quando o telefone for registrado em uma nova conta do WhatsApp e não devem ser compartilhados pelo proprietário.
Referências:
CORRÊA, Marjourie. "Golpes no WhatsApp utilizam a foto de perfil da vítima com um novo número; saiba como se proteger". Folha de Pernambuco. Disponível em:
"Golpes por WhatsApp cada vez mais arrojados: saiba como se proteger". Correio. Disponível em: