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01/11/2021 às 17h20min - Atualizada em 01/11/2021 às 16h38min

Ecofeminismo: o movimento que liga a mulher a natureza

Conheça a epistemologia feminista que vem crescendo no Brasil

Laiz Vaz - editado por Larissa Nunes
Busto feminino com flores cobrindo o rosto | Foto: Modefica
O termo "ecofeminismo" é relativamente novo dentro do movimento feminista, ele surgiu apenas em 1974, na análise ‘Is female to male as nature is to culture?’ (O feminino está para o masculino como a natureza está para a cultura? em tradução literal) escrita pela ativista Françoise d’Eaubonne. O texto buscava explicar como a luta feminista, pela equidade de direitos e oportunidades entre homens e mulheres, está ligada as reenvidicações por um mundo mais sustentável e a preservação do meio ambiente.

Para compreender melhor o ecofeminismo, é preciso saber que essa epistemologia é apenas uma parte de todo um movimento que busca um mundo mais equilibrado entre o sexo feminino e masculino. Porque como toda e qualquer comunidade há pensamentos, ideais e percepções diferentes e no feminismo não poderia ser diferente.
 

De acordo com a pesquisadora Sabrina Fernandes, doutora em sociologia e dona do Canal Tese Onze, cada vertente tem um entendimento diferente do surgimento da opressão da mulher e sobre o que precisa ser feito para acabar com a sociedade patriarcal. No geral há quatro principais vertentes, liberal, radical, marxista e anarquista, mesmo que sejam muito diferentes entre si, todas possuem princípios semelhantes, como a luta contra a violência doméstica, direitos sexuais e reprodutivos. Conheça mais sobre elas:

Feminismo liberal

 

As feministas liberais, como o próprio nome já sugere, estão diretamente ligadas ao liberalismo. Elas acreditam que lutando por igualdade dentro do capitalismo, as mulheres vão alcançar o empoderamento individual, ou seja, elas buscam apenas uma reforma na estrutura social que já vivemos.

 

Esta vertente surgiu logo após a revolução francesa, junto com o iluminismo, e ambos possuem ideias semelhantes, como: igualdade, fraternidade e liberdade.
 

Feminismo Radical

 

O movimento radial acredita que a opressão da mulher está ligada ao gênero, inclusive para elas, gênero é apenas uma construção social e seus objetivos não são chegar a uma igualdade de gêneros, mas sim na extinção do termo; assim elas acreditam que podem romper com toda e qualquer parte do patriarcado por completo. 

 

Uma das principais pioneiras do movimento é a Simone de Beauvoir, escritora francesa e ativista do movimento feminista. Um de seus livros o ‘Segundo Sexo’ é usado até hoje como argumentos para as feministas liberais, de lá surge a frase "Não se nasce mulher, torna-se".

 

Feminismo Marxista

 

As feministas marxistas acreditam que o capitalismo é a raiz da opressão feminina, logo, além de oprimir as mulheres, também as exploram. Então para elas a solução para extinguir o patriarcado seria necessário acabar com o capitalismo e a propriedade privada, adotando um regime comunista.

 

O movimento marxista também levanta a questão do trabalho doméstico, que em sua maior parte é exercido por mulheres que gerem o lar sem remuneração e nenhum reconhecido dentro do sistema capitalista. Visto que o trabalho doméstico é invisibilizado e romantizado e muitas vezes já esperado por parte das mulheres em uma estrutura patriarcal. 

 

Feminismo Anarquista

 

O movimento anarquista não acredita em instituições ou no Estado como objetos ou meios para a transformações. Para elas, as elaborações de leis ou até mesmo o poder de voto não são alternativas para dar voz às mulheres. 

 

Esta vertente vê a solução para a opressão da mulher, seja, uma sociedade sem governos. Em que nela os homens e as mulheres possam viver livremente sem rótulos ou controle por parte de uma organização.

 
 

Epistemologia Ecofeminista

 

Epistemologia é um ramo da filosofia que estuda o ser humano e natureza, uma ciência que discute e trabalha sobre as limitações de conhecimentos do humano em relação à natureza. Dentro do feminismo a vertente que possui maior relação com o ecofeminismo e a epistemologia é a marxista/socialista, visto que, o ecofeminismo tem como base que tanto a degradação da mulher, quanto a destruição do meio ambiente estão diretamente ligadas ao capitalismo. 

 

Por isso o ecofeminismo tem como base a busca por equilíbrio entre o ser humano e a natureza, onde os dois trabalham em colaboração entre si, ao contrário da situação de dominação na qual realmente vivemos. Onde as indústrias devastam florestas, descartam indevidamente os materiais e exploram os animais, principalmente os do sexo feminino, como as vacas na produção de leite e procriação de bizerros e as galinhas na produção de ovos.

 

As propostas das mulheres ativistas do movimento buscam mostrar que, apesar de estarmos acostumados a viver com o capitalismo e suas estruturas econômicas, há inúmeras alternativas de vidas que promovem um maior cuidado com a natureza e com a saúde da sociedade. Como por exemplo o incentivo ao consumo de alimentos orgânicos, a popularização deste caminho alimentar auxiliam milhares de pequenos trabalhadores rurais, além de evitar os a inserção de 4.051 agrotóxicos, liberado ao uso das commodities, segundo dados do Ministério da Agricultura, no seu organismo.

 

O ecofeminismo possui muita afinidade com o veganismo, que no geral é um modo de vida onde não se consome nada que venha de origem animal. Ele também possui uma ligação muito forte com o sagrado feminismo que visa a ligação da mulher com a mãe natureza e a terra.

Visto o cenário atual em que vivemos, onde a luta contra o aquecimento global e o desmatamento vem sendo colocadas cada vez mais em pauta, o movimento ecofeminista vem crescendo gradativamente em conjunto.


 

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