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11/11/2021 às 20h21min - Atualizada em 11/11/2021 às 20h09min

Crônica - A fragilidade que há em viver

Infelizmente uma estrela do nosso Brasil se foi de maneira repentina, e então pensei: "nossa, a vida é frágil"

Hellen Almeida - Editado por Andrieli Torres
Foto: Pessoa com medo/Reprodução: Google

Devo admitir que nunca fui o tipo de pessoa que se preocupa com a morte, na realidade não compreendia essa preocupação — é um fato imutável, então não é melhor viver o hoje? — até que nesta semana, percebi o quanto a vida humana é frágil.

 

Perdão, sempre esqueço de me apresentar! Prazer, me chamo Luís, sou estudante de jornalismo e já compartilhei algumas experiências por aqui como minha percepção inicial do ensino remoto, como encontrei um refúgio emocional na arte frente à pandemia e refleti sobre o que 2020 significa para o nosso futuro. Caso queira ler, aqui estão:

 

Conheça outras crônicas narradas por Luís:

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Crônica: a arte grita o que a alma não é capaz de dizer

Crônica - 2020: seria este o início do fim?

 

Uma estrela a menos na terra, uma, a mais no céu 

 

Acredito que a este ponto todos sabem do triste falecimento da cantora Marília Mendonça e assim como eu, ficaram surpresos com o quão repentino foi o ocorrido: eu mesmo estava vivendo uma tarde tranquila em meu quarto.

 

Até ouvir frases como "avião cai… cantora sofre com o impacto… rainha da sofrência” vindo da televisão da sala e antes que a curiosidade me invadir, fazendo com que eu me direcionasse ao cômodo ao lado, recebi o que pareciam ser milhares de mensagens e notificações de amigos, parentes e noticiários.

 

Devo admitir que o gênero musical dela não era meu favorito, mas sabia bem sua importância para a indústria da música nacional e a admirava como profissional e pessoa.

 

Ao assimilar a notícia, fui consumido por uma tempestade em minhas emoções e tudo se agravou quando me recordei do que minha avó diz: “a vida humana é muito frágil, nunca sabemos o amanhã”.

 

Medo de viver

 

Não sei bem como explicar, mas esta fala de minha avó se uniu em minha mente como fios que se entrelaçam, e lembrando do assustador momento que vivemos, uma pandemia mundial que levou inúmeras pessoas, um vírus que ainda não foi 100% combatido… Tudo isso “virou” uma chave em minha mente e como um dilúvio, que destruiu tudo ao redor lá estava eu, com medo de viver.

 

Cancelei todos os jantares e reuniões com amigos e familiares - ainda que todos estivessem vacinados e com teste negativo para o novo coronavírus - não queria sair do meu quarto, que dirá de minha casa! 

 

Só pensava nos acidentes que poderiam ocorrer e como uma criança apavorada, peguei minha manta e a levei até minha cabeça - como quando criança e jurava que os monstros em meu quarto não me veriam com o cobertor mágico de proteção - coisas pequenas da vida como cozinhar, mexer em eletrônicos e até mesmo tomar banho me apavoraram por dias.

 

Quando tudo muda 

 

Não importava o que minha mãe dizia e quanto ela me garantisse que está tudo bem e não há perigo algum, eu não saia do meu quarto e por algum tempo acreditei que seria assim para sempre: vitamina D? Tenho suplementos para isso. Trabalhar? O home office nunca esteve tão presente.

 

Mas recebo uma video-chamada daquela que poderia me tirar desse dilúvio de emoções e me trazer para a luz novamente: minha avó. Ao atender, ela me olha com aquele brilho no olhar de amor e sabedoria, como quem sabe que suas palavras farão impacto na vida de quem ouve, seu sorriso é convidativo com suas covinhas meigas e a testa tranquila de quem já viu de tudo no mundo, meu coração sempre se aquece com aquela imagem.

 

Ela diz que minha mãe contou o que tem ocorrido comigo e quando desabafo com ela sobre meu medo de viver ela me olha atenta em cada palavra - como seus anos na psicanálise ensinaram - para então dizer o que me traria de volta a luz:

 

“Meu querido, quando vovó disse que a vida é frágil e não sabemos o amanhã não foi no sentido de causar pânico, muito pelo contrário: era para entendermos a dádiva que é viver! Acredito que temos apenas uma vida neste planeta, então é nossa missão desfrutá-la ao máximo e realizar nossos sonhos sem pensar na opinião alheia. A vida é bela, meu neto, então viva!”

 

Depois da sua fala, me senti mais tranquilo, diria até mesmo que com coragem, e fui gradualmente cuidando daquilo que começou a me paralisar. Compreendi que sim, viver pode ser assustador, mas não o fazer é pior.

 

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