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21/11/2021 às 11h44min - Atualizada em 21/11/2021 às 12h32min

Nem Superman, nem Homem de Ferro: conheça “Capitão 7”, o primeiro super-herói brasileiro

O seriado conquistou o público infantil nos anos 50 e ganhou uma versão em quadrinhos, colocando o Brasil no mapa das grandes produções do gênero de super-heróis

Thayzuki Santos - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: TV Record / Divulgação: Google
O universo dos quadrinhos (ou HQs) presenciou um rápido aumento de popularidade com o surgimento dos super-heróis no início do século XIX. Nos anos 40, nomes como Superman (1938) e Capitão América (1941) já eram conhecidos pelo público norte-americano e representavam altos índices de vendas, com edições que ultrapassavam a marca de 1 milhão de cópias. Não demorou muito para que as histórias fossem adaptadas para outras mídias, resultando nos primeiros seriados de super-herói televisionados da história.

A boa repercussão de produções live-action – com atores reais – como "Batman" (1943) e "Superman" (1948) marcava, então, a hegemonia do gênero de super-heróis no ramo do entretenimento. O sucesso estrondoso dessas obras se espalharia pelo globo e influenciaria em 1954 o surgimento do primeiro super-herói brasileiro, conhecido como "Capitão 7".

A ideia de produzir o seriado partiu do cineasta Rubem Biáfora, considerado um dos maiores críticos de cinema do país, porém todas as características do protagonista – uniforme, superpoderes e até mesmo a história do personagem – foram criadas por seu intérprete, o ator Ayres Campos. O seriado foi ao ar pela primeira vez na TV Record em 1954 e terminou em 1966, com cerca de 500 episódios exibidos durante este período. A princípio, a obra era transmitida ao vivo e depois de um tempo passou a ser gravada.

Capitão 7 era a alcunha do personagem Carlos, um jovem fazendeiro que morava com seus pais no interior de São Paulo. Certo dia, eles ajudam um alienígena, que decide retribuir o gesto levando Carlos ao Sétimo Planeta – sua terra natal – para transformá-lo em um super-herói. Tempos depois, o rapaz retorna à Terra como um tímido químico, mas com poderes extraordinários como superforça, a capacidade de voar e um traje atômico praticamente indestrutível.

Entretanto, as habilidades do Capitão 7 não eram demonstradas em vídeo, pois os recursos tecnológicos da época eram precários. Algo semelhante acontecia nas produções norte-americanas, como em "Superman". Nela, toda vez que era necessário representar uma cena com vôo, por exemplo, o personagem era convertido em uma animação, devido ao fato de os estúdios não conseguirem produzir os efeitos especiais com atores.




Ainda assim, a obra era um fenômeno entre as crianças e o sucesso comercial fez com que o protagonista recebesse o patrocínio da marca Vigor, em uma parceria que originou o Clube do Capitão 7. Bastava juntar dez tampinhas do leite Vigor e se dirigir até a sede do clube para receber um certificado de associação, em uma cerimônia que contava com a presença do próprio herói.

Com relação ao nome do personagem, algumas fontes dizem que o "7" faz menção ao canal onde o seriado era exibido, pois este era o número da TV Record em São Paulo. Outras afirmam que, na verdade, faz referência ao nome do planeta onde Carlos adquire seus poderes.

Como em toda história de aventura, o nosso herói contava com aliados e vilões. Carlos namorava a filha de um agente da Interpol, chamada Silvana, que em determinado momento da trama viaja até o Sétimo Planeta e vira uma heroína, passando a atuar ao lado de seu amado no combate ao crime. O arqui-inimigo do Capitão 7 era o Caveira, que assume a identidade após tentar escapar da prisão e destruir seu rosto nas cercas elétricas, utilizando uma máscara para cobrir as marcas.

O impacto causado pelo seriado colocou a TV Record em evidência na grade de programação, rivalizando com outra grande produção da época, "O Vigilante Rodoviário" (1962) da Rede Tupi. Contudo, existem poucos registros sobre a série disponíveis na internet, pois o acervo de filmagens foi perdido em um dos incêndios sofridos pela emissora e os episódios nunca foram lançados em outros formatos de mídia, como VHS e DVD.

Vale ressaltar que o sucesso não se limitou apenas à televisão. O ator Ayres Campos, responsável pela criação do personagem, licenciou os direitos para a editora Continental e em 1959 foi lançada a primeira versão em quadrinhos do Capitão 7. Ao todo, foram publicadas 54 edições, até o ano de 1965. O principal ponto positivo é que nas HQs era possível representar os superpoderes do protagonista.

Ayres faleceu em 2003 e os direitos autorais do personagem foram transferidos à família do intérprete. O Capitão 7 fez a sua aparição mais recente na revista "Alfa: A Primeira Ordem" (2017), criada pelo autor Elyan Lopes, um dos grandes nomes do cenário nacional de quadrinhos. O projeto tinha como objetivo dar mais visibilidade aos super-heróis brasileiros, reunindo personagens clássicos e atuais em uma grande aventura.

O programa Arquivo N, transmitido pelo canal Globo News, exibiu em 2003 um especial reunindo alguns programas infantis que marcaram a história da televisão brasileira. Confira abaixo o trecho que fala sobre o Capitão 7.



 
REFERÊNCIAS:

INFANTV. Capitão Sete – Capitão 7 (1954). Disponível em: Acesso em: 15 de nov. de 2021.

LEITE, O. Capitão 7: Um dos primeiros super-heróis brasileiros. Mania de Gibi. 31 de out. de 2012. Disponível em: Acesso em: 15 de nov. de 2021.

 

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