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30/11/2021 às 15h59min - Atualizada em 23/11/2021 às 14h57min

Escritoras negras que marcaram a história literária com suas obras

Autoras como Maria Firmina dos Reis, Conceição Evaristo ou Carolina Maria de Jesus, são figuras importantes para a história da comunidade negra no Brasil

Bruna Rodrigues - Revisado por Márcia Nascimento
Maria da Conceição Evaristo de Brito, autora de Becos de Memória. (Foto/Reprodução: Rafael Arbex/Folhapress)

O universo literário é um mundo cheio de opções para quem gosta de ler, seja romance, ficção científica, fantasias, poemas e biografias, existem milhares de possibilidades para serem exploradas. Por muito tempo, quase não se falava sobre autores negros e como são figuras importantes no mundo da literatura. Nomes como Machado de Assis e Carlos de Assumpção, são mais conhecidos, mas pouco se falava sobre autoras negras e sua importância na história.

 

Autoras como Maria Firmina dos Reis, Conceição Evaristo ou Carolina Maria de Jesus, são figuras importantes para a história da comunidade negra no Brasil. Através de poemas, contos, romances e biografias, é possível encontrar uma luta que abriu portas durante décadas, e que trouxe uma visão mais poderosa, com muita dor e superação.

Escritoras

 

Conceição Evaristo

 

O livro "Becos Da Memória" é um dos mais importantes romances memorialistas na história da literatura brasileira. A partir de seus personagens, Conceição traz a complexidade humana, sentimentos profundos do cotidiano, o desamparo, o preconceito, a fome e a miséria do dia a dia das pessoas que vivem por um fio.

 

 

Em relatos dos moradores de uma favela, a autora conta sobre um processo de despejo, onde as pessoas são obrigadas a deixarem suas casas, em troca de quantias baixas de dinheiro ou madeira para construir um barraco em outro lugar. Conceição discute questões importantes, que ainda estão presentes na sociedade brasileira nos dias de hoje e insere o leitor no dia a dia dos moradores, vivendo suas dores, medos e lutas.

 

Maria da Conceição Evaristo de Brito, nasceu no dia 29 de novembro de 1946, na favela no alto da Avenida Afonso Pena, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Conceição foi criada pela mãe Joana Josefina Evaristo, uma lavadeira e pelo padrasto Aníbal Vitório, que era pedreiro na comunidade onde moravam. A autora cresceu com as três irmãs, filhas do mesmo pai e da mesma mãe, anos depois com os cinco irmãos, fruto do novo relacionamento da mãe com o padrasto.

 

Aos sete anos, Conceição foi morar com a irmã mais velha da sua mãe, Maria Filomena da Silva, lavadeira, e o marido, Antônio João da Silva que também era pedreiro, o casal não tinha filhos. Quando completou oito anos, teve que trabalhar como empregada doméstica e como baba, tudo isso enquanto estudava. Já no primário, Conceição recebeu seu primeiro prêmio de literatura quando ganhou o concurso de redação da escola com o título "Por que me orgulho de ser brasileira"Ela trabalhou como doméstica até os vinte cinco anos e se mudou para o Rio de Janeiro para fazer faculdade em 1973.
 


Maria da Conceição é formada em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, também fez mestrado em Literatura Brasileira na PUC do Rio, com a  dissertação em "Literatura Negra: uma poética de nossa afro-brasilidade" (1996).  Conceição possui doutorado em Literatura Comparada na Universidade Federal Fluminense, defendendo a tese "Poemas Malungos, cânticos irmãos" (2011), onde estuda obras de artistas afro-brasileiros. Ela foi professora na rede pública de ensino da capital fluminense, se aposentando em 2006.

Sua estreia na literatura aconteceu quando tinha 44 anos, quando alguns dos seus contos e poemas foram publicados nos Cadernos Negros, uma serie literária que teve início no final dos anos 70, com o intuito de publicar a escrita de afro-brasileiros. No total, Maria da Conceição Evaristo de Brito, foi uma autora de contos, poemas e romances. Ela possui sete livros publicados, sendo cinco traduzidos para o inglês, árabe, espanhol e francês. 
 
 

Maria Firmina dos Reis

 
"A Escrava - Conto original", o livro de conto é uma história narrada por uma mulher branca, que conta a história de dois escravos fugitivos, Joana e seu filho Gabriel. Joana, escrava que teve sua liberdade aos dois anos de idade e que após dois anos de liberdade, foi escravizada e acabou enlouquecendo, principalmente depois da separação de seus filhos gêmeos, Urbano e Carlos, que foram vendidos e levados para o Rio de Janeiro. 

 

 

Em sua última fuga, Joana conhece uma senhora branca, que lhe ajuda a se esconder do feitor, mas só é com a chegada de Gabriel que a história começa a ser narrada pela escrava em vinte páginas, que originalmente foi publicada na Revista Maranhense em 1887.
 

Maria Firmina dos Reis nasceu em 11 de março de 1822, em São Luís do Maranhão, mas só foi registrada em 21 de dezembro de 1825. Filha de um relacionamento extraconjugal de Leonor Felipe dos Reis, seu pai é desconhecido. Ela se tornou órfã aos cinco anos de idade e se mudou para uma vila em São José de Guimarães, onde foi morar com sua tia materna. Maria teve fácil acesso à educação, graças as boas condições financeiras de sua tia.

 

Aos 22 anos, foi aprovada no concurso público para a Cadeira de Instrução Primária, se tornando a primeira professora concursada do seu Estado em 1847. Maria ocupava lugares importantes para época, e sendo uma mulher negra, sofreu muito preconceito que estão presentes até nos dias atuais.

 

No ano de 1859, Maria publicou o livro "Úrsula", um romance abolicionista no século XX, que a consagrou como escritora e a autora foi registrada  na história da literatura afro-brasileira, como a primeira romancista, dando início ao movimento literário da comunidade negra no Brasil. Maria Firmina, publicou "Gupeva" em 1861, outro romance com uma narrativa temática indianista. Em 1887 publicou junto a Revista Maranhense, o conto "A Escrava". A autora sempre se mostrou antiescravista, ela faleceu em 1917, pobre e cega. Não é possível encontrar registros pessoais de Maria Firmina, como fotos e textos escritos na época. 

 

Djamila Ribeiro

 

No "Pequeno Manual Antirracista", dividido em onze capítulos, o livro da filósofa e ativista, Djamila Ribeiro, apresenta ao leitor as origens do racismo e a melhor forma de combater. O manual trata temas importantes da atualidade, como racismo, negritude, branquitude, cultura, violência racial, desejos e afetos. 
 

 

A autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que buscam aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir responsabilidades pela mudança das coisas. Djamila, mostra como é importante entrar nesse universo e entender que o racismo está enraizado na sociedade, gerando desigualdades e abismos sociais. A autora possui outros livros que falam sobre temas importantes, como "Cartas Para Minha Avó" (2021), "Lugar de Fala?" (2016), "Quem tem medo do Feminismo Negro?" (2018), e "Pequeno Manual Antirracista (2019).
 

 Publicação de Djamila Ribeiro nas redes sociais (Divulgação: @djamilaribeiro1 - Instagram)

Djamila Taís Ribeiro dos Santos nasceu no dia 01 de agosto de 1980, em Santos, São Paulo. Formada em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo, ela concluiu o mestrado em Filosofia Política na mesma instituição em 2015, onde atuou como pesquisadora. 
 

Suas obras falam sobre temas importantes para a comunidade negra, como raça, feminismo negro e racismo. Seu primeiro livro foi lançado em 2017, "Lugar de fala?". Seu segundo livro, "Quem tem medo do feminismo negro?", publicado em 2018, reúne uma coleção de artigos publicados por Djamila no blog da revista Carta Capital, entre 2014 e 2017. O terceiro livro "Pequeno manual Antirracista", lançado em 2019, vendeu mais de 500 mil exemplares. Além de seus livros, Djamila criou o Sele Sueni Carneiro, que publica livros de outros autores nefros com o preço mais acessível. Ela também coordena a coleção Feminismo Plurais, da editora Pólen

 

Djamila já recebeu prêmios nacionais e internacionais como, Prince Claus na categoria Filosofia, oferecido pelo Ministério das Relações Exteriores da Holanda, em 2019. Ela também levou o prêmio literário Jabuti na categoria de Ciências Humanas, pelo livro "Pequeno Manual Antirracista". A obra ocupou a lista dos livros mais vendidos pela Amazon no ano de 2020.

 

Michelle Obama 

 

Através de um relato íntimo, inspirador e poderoso, o livro, "Minha História", conta a história da ex-primeira dama dos Estados Unidos. Michelle Obama se tornou uma das mulheres mais icônicas e cativantes dos últimos anos. Como a primeira-dama afro-americana a ocupar essa posição, ela ajudou a criar a primeira Casa Branca mais acolhedora da história. Se tornando uma das vozes mais poderosas nos Estados Unidos.
 

 

Michelle conta de uma forma leve e envolvente como é seu mundo, trazendo experiências da sua infância na região de South Side, em Chicago ou seus anos como executiva tentando equilibrar as demandas do trabalho e da maternidade. Ela conta também sobre o período que viveu no endereço mais famoso do mundo, desafiando todas as expectativas de uma mulher negra. O livro foi lançado em 2018 e vendeu mais de 10 milhões de exemplares no mundo todo. 

Michelle LaVaughn Robinson, nasceu no dia 17 de janeiro de 1964 em Illinois, em Chicago. Filha de Marian Shields Robinson, que era secretária de um banco e Fraser Robinson, empregado em uma empresa de purificação de água. Ela cresceu no bairro South Side, onde é ocupado por muitas famílias negras. 

A ex-primeira dama estudou na Universidade de Princeton, onde cursou Sociologia e Estudos Afro-americanos. Foi no ano de 1985 que ingressou na Escola de Direito da Universidade de Harvard, em Cambridge, se formando no ano de 1988. No mesmo ano, Michelle começou a trabalhar como estagiária no escritório de Sidley & Austin, onde se especializou em direito de propriedade intelectual. Um ano depois, conheceu Barack Obama, que ingressou como estagiário no período do verão, no mesmo escritório. 

Em 1991, em busca de uma carreira mais direcionada para os serviços públicos, Michelle se tornou assistente do prefeito de Chicago, Richard M. Daley. De 1992 a 1993, ela foi assistente do Departamento de Planejamento e Desenvolvimento de Chicago, criando um programa de treinamento de liderança para jovens adultos, o Aliados Públicos de Chicago, no ano de 1993. Michelle atuou como diretora executiva do programa até o ano de 1996.

Michelle se tornou diretora dos serviços estudantis da Universidade de Chicago, onde ajudou na organização do Centro de Serviços Comunitários da Universidade, se tornando diretora executiva de negócios externos da Universidade, em 2002. Em 2005, ela se torna a vice-presidente da Comunidade dos Negócios internos do Centro Médico da Universidade de Chicago
 

Publicação de Michelle Obama para redes sociais. (Divulgação: @michelleobama - Instagram)


No dia 20 de janeiro de 2009, Barack Obama assumiu o cargo de Presidente dos Estados Unidos e como primeira-dama, Michelle esteve envolvida em várias causas importantes. Obama foi reeleito no ano de 2012 com a ajuda de Michelle, que fez presença constante e foi um grande destaque na campanha. Michelle Obama foi considerada uma primeira-dama carismática e engajada.


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