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29/11/2021 às 00h00min - Atualizada em 29/11/2021 às 00h01min

Enem 2021 registrou 26% de abstenção no primeiro dia de prova

A taxa é a menor dos últimos anos. Em contrapartida, o número de inscritos também foi baixo

Ludmilla Dias - Editado por Júlio Sousa
Caderno de prova do primeiro dia do Enem 2021. Reprodução: Luccas Diaz/Divulgação

No último dia 21, candidatos de todos os estados, mais o Distrito Federal, realizaram o primeiro dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021. Os candidatos responderam 45 questões de Ciências Humanas (geografia, história, filosofia e sociologia) e outras 45 de Linguagens e Códigos (língua portuguesa, literatura e língua estrangeira), além da redação. Ao todo, 3.109.762 milhões de brasileiros se inscreveram, somada a versão digital e impressa. Deste número, 26% dos participantes não compareceram. O número de ausências foi maior para os que optaram pela prova digital.

 

Os dados foram divulgados pelo presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Danilo Dupas, durante entrevista coletiva que ocorreu no mesmo dia. Também estavam presentes o ministro da Educação, Milton Ribeiro, o diretor de operações dos Correios, Carlos Henrique Ribeiro, e o delegado da Polícia Federal, Cléo Mazzotti. O ministro considerou os números um sucesso. "O Enem foi um sucesso, 24% [na verdade, 26%] de abstenção ainda na pandemia, é um número significativo. Sem o Enem, uma série de passos da educação brasileira sofreria um atraso", afirmou. 

 

Neste ano, o número de inscritos foi inferior quando comparado às últimas edições. Para o diretor executivo da organização social Todos Pela Educação, Olavo Nogueira, existem três motivos que podem ter levado a baixa adesão.
 

“ A fragilíssima estrutura do ensino remoto e a quebra do vínculo de muitos alunos com os estudos inviabilizou a preparação de muitos estudantes que, em condições normais, provavelmente participaram do Enem; empobrecimento das famílias, decorrente da crise econômica e potencializado por um auxílio emergencial errático e intermitente (por decisão do governo); a decisão do governo Bolsonaro de não rever a regra que nega o direito à taxa de isenção àqueles que não compareceram ao exame no ano anterior”, explica. 

 

A aplicação do exame ocorreu em meio à uma crise no Inep. No início do mês, trinta e sete funcionários pediram exoneração. Todos ocupavam cargos diretamente ligados à realização de provas, como o Enem e o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade). Eles alegaram, em ofício, "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima" do órgão. Além disso, houve denúncias de suposta interferência na elaboração das questões e no último dia 15, o presidente Jair Bolsonaro, durante viagem à Dubai, disse que as questões do Enem estavam "começando a ter a cara do governo". 

 

Durante a coletiva, quando questionado, o ministro comentou a fala de Bolsonaro e negou as acusações feitas contra a transparência da realização da prova. "Não teve interferência e nem escolha de perguntas. Quando o presidente fala, eu afirmo que tem a cara do governo, transparência, seriedade, sem desvio de recurso, vazamento. Essa é a cara do governo. Desafio qualquer um a dizer que teve interferência na montagem da prova", afirmou. 

 

Na segunda-feira (22), o presidente Bolsonaro conversou com apoiadores na saída da residência oficial, no Palácio da Alvorada. Na ocasião, ele declarou que a prova ainda teve "questões ideológicas", sem citar nenhuma específica, e que se ele e o Ministro da Educação pudessem interferir, isso não teria ocorrido. Professores que avaliaram as questões, afirmaram que a prova foi neutra e seguiu o mesmo padrão de edições anteriores.

 

Depoimento no Senado Federal e Câmara dos Deputados

O presidente do Inep, Danilo Dupas, foi convocado para prestar informações sobre os pedidos de exonerações dos servidores. Ele compareceu na Comissão Senado do Futuro (CSF), no último dia 17 e negou interferência na elaboração das questões do exame. Dupas também atribuiu a saída dos funcionários a questões salariais e ainda, ao retorno do trabalho presencial.  

 

Sete dias antes, Dupas compareceu à Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e em pronunciamento garantiu a realização do Enem e que a edição não seria afetada pela saída coletiva dos servidores.  

 

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