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29/11/2021 às 15h26min - Atualizada em 27/11/2021 às 12h16min

Evolução dos vilões da Disney

Aterrorizantes ou nem tanto, veja como foi o desenvolvimento dos maiores mentes vilanescas das animações

Ramon de Paschoa - Editado por Ana Terra

Por quase 100 anos a Disney nos contou as mais fantásticas histórias e que permeiam nossas vidas até hoje. Desde princesas, heróis e sidekicks seus filmes também são marcados por terem um personagem maligno que move a trama e é sobre eles que vamos falar hoje.

Perversos, cruéis e egoístas, esses são os vilões da casa do Mickey. Muito piores que Regina George, suas motivações são bem diferentes dos nossos protagonistas esperançosos, muitas das vezes seus planos nunca dão certo e seu lado da história não é contado para o telespectador.

As clássicas 

A primeira vilã desse texto surgiu lá em 1937 no clássico “Branca de Neve e os sete anões”. Já que estamos falando de uma animação do começo do século passado, muitas de suas cenas podem ter traumatizado muitas criancinhas por aí, como a cena da Branca correndo pela floresta com as árvores com rostos medonhos ou até mesmo a rainha se transformando em uma velha com todos os efeitos da época. 

“Espelho, espelho meu”, começamos o filme com a icônica frase da Rainha má. Extremamente narcisista e egoísta, ela passa todo filme tentando ter o posto de mulher mais bonita do reino como sabemos, mas suas atitudes são bem cruéis desde querer envenenar nossa protagonista ou até mesmo querer que alguém a mate e entregue seu coração como prova do assassinato.

O tempo se passou, e de madrasta para outra, nos anos 50 conhecemos a mulher que mudaria o significado de segunda mãe para sempre. A famosa história da gata borralheira que sofre nas mãos da Lady Tremaine e suas filhas, e novamente temos uma vila motivada pela inveja. Cinderella era bondosa e tinha amor pelas pessoas ao seu redor diferente de Tremaine, que só queria viver no luxo sem se preocupar com possíveis consequências.

Nove anos depois chegou a dona de todo o mal, ela mesma, Malévola. Não estamos falando de alguém que queria riquezas ou uma que queria ser a mais bela, mas sim a mulher que queria vingança por que não foi convidada ao batizado da princesa Aurora, e quando assistimos ao live action de 2014, vemos o ponto de vista da personagem e também o motivo de suas atitudes mostradas na animação de 1959.

Uma curiosidade para você leitor, tanto a Madrasta quanto Malévola foram dubladas pela mesma atriz, Eleanor Audley, sabia dessa? 

Agora, nos anos 60, outra personagem icônica surge, só que a própria transcende os limites do seu filme. É Incrível como os próprios protagonistas ficam em segundo plano quando se trata de Cruela DeVil

Além de ser uma mulher estilosa e vemos isso no live action de 2021, não podemos esquecer que ela matava animais para usar sua pele em seus casacos, não podemos esquecer que na versão de carne e osso feita pela atriz Emma Stone, a personagem não matou os dálmatas e que toda essa história foi invenção da imprensa.

Capitão Gancho, Rainha de Copas e até mesmo o Chernabog fizeram parte dessa fase clássica, mas com a morte do Walt em 1966, os roteiristas se encontraram em um grande labirinto e não sabiam por qual caminho seguir. Foi na Era de Bronze que surgiram personagens como o Rei João e a Madame Medusa e em 1986, no filme “As Peripécias de um Ratinho Detetive”, recebemos o professor Ratagão, que possui aquele ar espalhafatoso que tornaria a marca da próxima geração.

Era da renascença

Creio que na Era da Renascença moram os vilões favoritos de muita gente e o que faz a gente gostar tanto deles e o carisma que eles adicionam na história e também a codificação queer que muitos têm. 

Chegamos em 1989, com ela que dispensa apresentações, Úrsula. Minha curiosidade favorita sobre ela é que a personagem foi inspirada em uma Drag Queen, a Divine, em todos seus trejeitos, maquiagem e com a voz da atriz Pat Carroll, ganhamos a primeira vilã da Disney com um solo musical. 

A fórmula estava feita, a história contaria sobre algum jovem tentando encontrar seu lugar no mundo e com isso traria um vilão carismático para cativar o público adulto com algumas piadas de duplo sentido, “the body language” como diria Úrsula.

Gaston, Jafar, Claude Frollo e Capitão Radcliffe, obviamente pulando o vilão do filme Mulan (1998) porque ninguém lembra dele, marcavam a imagem vilanesca em seus longas, mas dois deles merecem destaque e são Hades e Scar.

Ao mesmo tempo que algumas características deles batem, ambos são extremamente diferentes. Começando por Hades, os roteiristas mudaram drasticamente os deuses da mitologia grega, e aqui, nosso antagonista vive na sombra de seu irmão Zeus, uma vibe de Loki e Thor no MCU, o que faz com que o público goste muito dele e seu jeito sarcástico e que todos seus planos para deter Hércules nunca funcionem por conta de seus capangas Pânico e Agonia.

Da Grécia para o reino animal, em O Rei Leão (1994), novamente temos o antagonista ofuscado pelo irmão, só que aqui a motivação de Scar e tomar a coroa das terras do reino por pura inveja de Mufasa e como forma de subir ao trono ele mata seu irmão sem dó nem piedade, e a bizarra analogia nazista em sua música solo com a participacão das hienas deixam ele como um dos mais memoráveis e aterrorizantes da Disney. 

Anos 2000

Como bem sabemos, os anos 2000 para o estúdio não foi um dos melhores. Foi por aqui que os vilões e nem seus heróis são lembrados, por exceção da maravilhosa da Ysma e seu ajudante Kronk, mas foi nessa década que um de seus poucos sucessos não precisou necessariamente de alguém cruel como a Malévola ou a Rainha má.

Em Lilo e Stitch (2002), a figura maligna é totalmente esquecida e com o protagonista que temos a questão da maldade. De acordo com o Jumba, cientista criador do nosso alien, Stitch foi feito para destruir tudo o que toca e várias vezes ao longo do filme ele tenta provar que faz o bem, deixando o vilão como alguém que compõe o elenco de personagens do longa.  

Para encerrar o ciclo de animações 2D, foi no final da década que o mesmo combo de princesa com um sonho e vilão com música memorável voltou. Com Dr. Facilier de A Princesa e o Sapo (2009) e a Mãe Gothel de Enrolados (2010) que a fórmula da renascença voltou. Mesmo sendo recentes, eles acabaram ganhando notoriedade do público com o passar do tempo.

Tá, e agora, por qual caminho vamos seguir? Bom, acho que sabemos que a Disney ama uma fórmula e os filmes atuais acabam espremendo a laranja até não sobrar mais, se é que me entendem.

O Rei Doce de Detona Halph (2012) veio com o plot twist que se tornaria bem mais famoso no ano seguinte com Frozen (2013). A explosão que foi let it go e as outras músicas do reino de Arendelle rodaram o mundo e obviamente o dueto de Anna e Hans também, e acho que ninguém esperava que um príncipe nos moldes de Eric e Philip poderia ser uma figura maléfica, né? Mas aqui temos quase o mesmo caso de Stitch, após revelar seus poderes durante a coroação, a rainha Elsa é colocada como monstro por não conseguir se controlar. 

Essa construção de reviravolta ficou até 2016, em Zootopia, e no mesmo ano outra fonte surgiu com Moana do mesmo ano e dessa vez as forças da natureza ocupariam o renomado lugar de vilão dos longas animados.

Chegando no fim da nossa análise e pulando alguns anos para que o texto não fique enorme, olhando para o presente e o passado das animações vemos que em muitos casos faz muita falta a presença de algum mal nos filmes. Em Zootopia a vilã não chega a ter 5 cenas e em Wi-Fi Halph (2018) também temos o problema de não ter alguém para bater de frente com os mocinhos e sim as emoções do personagem principal.    

Agora é com você leitor, será que é hora da Disney voltar a investir em seus vilões ou continuar fazendo com que seus protagonistas tenham conflitos internos para que a história tenha algum enredo?


Referências:

8 fatos curiosos sobre os vilões da Disney que você precisa saber. Recreio, [S. l.], p. 1, 15 jan. 2021. Disponível em: <ttps://recreio.uol.com.br/entretenimento/8-curiosidades-sobre-os-viloes-da-disney-que-talvez-voce-nao-saiba.phtml>. Acesso em: 23 nov. 2021.
Coisas que você não sabia sobre os vilões da Disney. [S. l.], 7 jun. 2021. Disponível em: <https://disney.com.br/novidades/coisas-que-voce-nao-sabia-sobre-os-viloes-da-disney>. Acesso em: 23 nov. 2021.
MONTENEGRO, Janda. 12 Vilões da Disney que queremos ver em um filme solo no estilo ‘Cruella’. Cine POP, [S. l.], p. 1, 6 jul. 2021. Disponível em: <https://cinepop.com.br/12-viloes-da-disney-que-queremos-ver-em-um-filme-solo-no-estilo-cruella-298001/> . Acesso em: 23 nov. 2021.
TOP13 VILÕES DA DISNEY. Dentro da chaminé , [
S. l.], p. 1, 6 jul. 2021. Disponível em: <https://dentrodachamine.com/2020/08/04/top13-viloes-da-disney/>. Acesso em: 23 nov. 2021.


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