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29/11/2021 às 20h46min - Atualizada em 29/11/2021 às 20h29min

Aokigahara: A floresta do suícidio

Conheça a temida floresta do suicídio e sua repercussão após um suposto vídeo circular nas redes, em 2018

Vítor Neves - Revisado por Márcia Nascimento
Aokigahara, floresta conhecida como "Bosque do Suicídio". (Reprodução/Divulgação: Cadê meu Whiskey)

Logo no início de 2018, o youtuber norte americano, Logan Paul, foi centro de críticas sobre seu comportamento desumano depois de gravar um vídeo na floresta de Aokigahara no Japão, conhecida também por “Floresta do Suicídio”.

A floresta Aokigahara ou, “Mar de árvores”, com uma área de 38 km², é situada na base do Monte Fuji, e com grande número de rochas e cavernas de gelo. Sem vida selvagem e com ausência de ventos, é uma floresta extremamente silenciosa e palco de lendas japonesas, muitas delas relacionadas a demônios, fantasmas e espíritos característicos da mitologia local.

Graças ao vídeo do youtuber, a situação foi evidenciada para algo que já vinha preocupando autoridades japonesas. A parte da floresta filmada por Logan é conhecida por seu elevado número de suicídios. O número exato de mortes no local não é divulgado, justamente para não estimular as pessoas a buscarem Aokigahara com a intenção de se suicidar, mas, estima-se que cerca de 100 pessoas por ano procuram a floresta para acabarem com a própria vida.

No Japão em geral, o número de suicídios não deixa de ser preocupante, já que em 2016, segundo relatórios oficiais do país, foram registradas, 21,8 mil mortes e esse é o menor número em mais de duas décadas.

Países com altas taxas de suicídio por 100 mil habitantes:

Países 

Taxas 

Sri Lanka

35,3

Lituânia

32,7

Coreia do Sul

32

Guiana

29

Guiné Equatorial

22,6

Bélgica

20,5

Japão

19,7

França

16,9

EUa

13,5

Alemanha

13,4

Reino Unido

10,3

Brasil

6,3

             Dados sobre maiores taxas de suicídio por mil habitantes. (Reprodução/Divulgação: Organização Mundial da Saúde)
 

Já no ano de 2017, o número de adultos que se suicidaram diminuiu, porém, o número de crianças e jovens aumentou drasticamente, com uma margem de 250 estudantes da escola primária até o ensino médio, que tiraram a própria vida. Chegando ao maior número de suicídios desde 1986, e cinco vezes maior do que no ano anterior. As causas principais relatadas foram problemas familiares, dúvidas sobre o futuro e bullying, porém, mais da metade das mortes foram por motivos desconhecidos.

Segundo estudos, o problema pode ser enfrentado, já que o grande número de suicídios está entre jovens. Neurologistas já observaram que, até por volta dos 25 anos de idade, há uma disparidade no desenvolvimento do cérebro, onde, algumas regiões cerebrais responsáveis pelos sentimentos alcançam um desenvolvimento maior que outras áreas que são responsáveis pelo controle de emoções e impulsos.

"Isso significa que (nesse período) há um risco aumentado para excessos emocionais acompanhado de pouco poder de discernimento", explica Timothy Wilens, psiquiatra infantil no Massachusetts General Hospital (EUA), no artigo publicado no jornal “Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry”.

Graças ao agravante número de mortes entre jovens e adolescentes, e a grande taxa de suicídio no país, o Youtuber, Logan Paul foi criticado por profissionais e artistas pela atitude de filmar, o corpo de uma vítima de suicídio e ainda fazer piada com o corrido. Consequentemente, o youtuber retirou o vídeo de seu canal, mas o assunto sobre a floresta continuou sua repercussão.

A floresta impressiona por sua falta de barulhos, sua densidade climática, atmosfera misteriosa, e formações rochosas peculiares. Uma parte da floresta é usada para turismo, e passeios de visitantes, porém, ao chegar a um determinado local, a área é interditada, com uma placa de aviso e ao longo do caminho várias mensagens de apoio são encontradas nas árvores ao redor.

Segundo pesquisadores, há um motivo para os suicidas japoneses escolherem a Aokigahara. O psiquiatra Yoshitomo Takahashi entrevistou sobreviventes de tentativas de suicídio feitas na floresta e concluiu que “eles acreditavam que conseguiriam se matar sem serem vistos por ninguém”. Em seu livro, já publicado, ele afirma que influencias cultural também são motivos para a escolha do local. Algumas pessoas viajavam de outras províncias até a floresta porque desejavam “dividir o mesmo lugar com outros e pertencer ao mesmo grupo”, escreveu. Ou seja, há uma necessidade de companhia e evitar a solidão, pelo menos no último momento de vida.

Por fim, o governo japonês vem tentando diminuir o número de suicídios no local. Afinal, diferentemente de outros países, o Japão tem a tradição de honrar o suicídio e não condenar o ato de uma forma religiosa, uma prática muito comum no ocidente. Dessa forma, para tentar diminuir o número de mortes, a polícia do município de Yamanashi, que é responsável pela área, colocou guias florestais para monitorar o parque a procura de pessoas que estejam sozinhas, ou aparentam precisarem de algum tipo de ajuda. Igualmente os estabelecimentos turísticos no local, que também examinam a área e procuram ajudar aqueles que procuram a floresta para tirarem a própria vida.


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