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09/12/2021 às 02h11min - Atualizada em 07/12/2021 às 22h06min

Resenha crítica | Quanto vale ou é por quilo?

Filme de Sérgio Bianchi fala sobre o antigo comércio de escravos e ainda os interesses empresarias atuais

William Haxel - Revisado por Márcia Nascimento
(foto : Arquivo Nacional do Rio de Janeiro)
Capa do filme "Quanto vale ou é por quilo?". (Foto/Reprodução: TV Brasil)

Quanto vale ou é por quilo? é um filme de 2005, produzindo no Brasil por Sérgio Bianchi. O elenco conta com atores como Caio Blat, Lázaro Ramos, Danton Melo, Leona Cavalli, Zezé Mota, Joana Fomm, entre outros. O longa-metragem traz uma abordagem realística entre o antigo comércio dos escravos e os interesses empresariais atuais, abordando situações como: relações de interesse, autopromoção, escravidão, violência e corrupção, entre esses, a que mais se destaca é a utilização da solidariedade pelos interesses capitais. Com isso, circunstâncias históricas serão utilizadas para a elaboração desta resenha.

Falando, a princípio, do colapso do feudalismo nas camadas sociais do século XVI e do surgimento do novo meio de produção conhecido como capitalismo, nasce o modelo cultural europeu que mais tarde contribuiria para o conceito do homem universal. Com a ascensão do iluminismo no século XVIII, surge com ele o pensamento filosófico-antropológico que atribuiu o conceito de "civilizados e selvagens". Mais à frente, essas culturas consideradas selvagens passam a ser deslocadas geograficamente sob força, pois tinham valores econômicos que contribuíam para movimentar o novo sistema de produção.

Relacionando esses conceitos históricos, o filme vai abordar nitidamente em suas cenas as relações entre: senhores de engenho e escravos, conhecido como comércio de escravos, e patrões e empregados, as empresas atuais, uma relação de vulnerabilidade social vinda das desigualdades causadas pela escravidão. Como uma forma de "solidariedade". O filme trará uma hipotética relação de troca, onde a patroa propõe a festa de sua empregada em troca de horas extras trabalhadas. O mesmo acontece com a escravizada, onde "sua amiga" paga sua alforria para terceiriza-la e obter lucros. Mas o que mais se destaca no filme é a respeito das Organizações não Governamental, as ONG´s, utilizarem de pessoas em situação de rua para se promover economicamente - o que não é tão diferente da nossa atual realidade. Observando o fragmento, percebe-se que o filme aborda a exploração das pessoas vulneráveis que sonham em ter seus prazeres realizados em nome da solidariedade. Quanto vale? Vidas. É por quilo? Sim, o corpo em massa dos necessitados. 

 

Trailer do filem “Quanto Vale ou é Por Quilo?”. (Reprodução: História do Cinema Brasileiro/YouTube)


Com efeito, as narrativas apresentadas acima descrevem as ideias principais do filme. Embora não só tenha essa abordagem, a obra apresenta vários outros temas relevantes que compõe nossa sociedade. As abordagens do filme não estão distantes de nossa contemporaneidade, como podemos ver atualmente na "era das(os) blogueiras(os)", a preocupação com o status social e como muitos utilizam dos meios de comunicação a fim de obter  benefício próprio. Por fim, a nossa história muda, mas sempre existe algo do passado que nos prende, dito isso, o filme quanto vale ou é por quilo nos permite ver a nossa realidade nua e crua.

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