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14/12/2021 às 03h00min - Atualizada em 14/12/2021 às 00h48min

Brasileiros que se reinventaram na pandemia

Com a pandemia sendo uma realidade no Brasil, o desemprego bateu recorde no primeiro trimestre desse ano.

Vanessa Morais - Revisado por Isabelle Marinho
(Foto: Reprodução / g1.globo.com)

O primeiro caso confirmado de Covid-19 no Brasil foi em fevereiro de 2020 e, desde então, o desemprego cresceu. No mês de setembro deste ano, o Brasil chegou a marca de 13,5 milhões de desempregados, cerca de 3,4 milhões a mais do que em maio, o que representa uma alta de 33,1%. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que a taxa de desemprego ficou 14% maior em todos os tempos.

No ano de 2019, o desemprego se igualou a 11,9%, dados preocupantes e uma realidade ruim na economia vieram com a pandemia. Mas, segundo pesquisas do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), desde 2016, o desemprego e o número de pessoas sem carteira assinada está aumentando.

Entretanto, a Covid-19 trouxe um impacto significativo para a maioria das pessoas, os negócios fecharam, o desemprego cresceu e cada vez mais pessoas se viram sem renda para trazer comida para sua casa. Mesmo com a política econômica do atual presidente, o comprometimento de aumento de emprego, com a reforma trabalhista e tantas outras, não teve efeito. Todavia, com o auxílio emergencial muita gente foi contemplada mesmo sem ter direito e teve outras que do auxílio emergencial tiraram a ideia dos seus novos negócios.

Segundo pesquisa feita pelo Sebrae, em 2020, 4 em cada 10 empresas inovaram seus negócios, e também 1 milhão e 800 mil pessoas se inscreveram no programa de microempreendedor individual. Entre 7 de março e 4 de julho deste ano, o Portal do Empreendedor registrou 551.153 novos microempreendedores no país, 16.788 a mais do que no mesmo período de 2019. 

Apesar de todo cenário negativo atual, o brasileiro leva sério o ditado: "Sou brasileiro e não desisto nunca" e tem visto uma oportunidade em meio a toda essa crise. Adriana Souza faz parte desse grupo de pessoas, lançando sua loja virtual de roupas em meio a pandemia, o seu Instagram profissional conta com cerca de 1.261 seguidores.

 
"A ideia surgiu bem antes da pandemia quando meu pai falou. Porém, não dei muita importância, foi na pandemia quando me vi sem nada no armário eu tive que fazer algo e surgiu a dk souza", disse Adriana.

Sem ter o que comer em casa, Adriana representa milhões de trabalhadores que perderam seus empregos, milhões de mães e pais de famílias que se viram sem ter para onde correr, sem ter a quem pedir ajuda e, no meio de tudo, estão tentando sobreviver. 
"Já trabalhei de tudo um pouco na minha trajetória de vida, já vendi 'espetinho', óculos, lanches, roupas, já fui cabeleireira, operadora de caixa, costureira, entre outros, o que não se pode é desistir", completa a empreendedora.
 
Não só Adriana, mas outros brasileiros também viram uma oportunidade de crescer em meio à crise, Letícia Maria é estudante de jornalismo e, com seu namorado Esaú Júlio, criou o 'Seu Dogão', uma lanchonete de cachorro quente gourmet de 30 a 60 cm, funcionando quinta a domingo em apenas delivery e com o instagram @seudogaooficial, a estudante de jornalismo divide seu tempo entre a faculdade, trabalho e a lanchonete.
 
"A ideia do Dogão sempre existiu, curso jornalismo, mas isto não morreu em mim, sempre tive no meu coração de abrir minha própria empresa, de ser empreendedora, sempre gostei muito. Eu estava a procura do que abrir, uma vez estava comendo em casa e com minha mãe e Esaú pedimos um cachorro quente do grande, quando ele chegou foi uma tremenda desilusão, não veio nada do que prometeram na propaganda., pão velho e sem gosto, conversa vai e conversa vem, surgiu aquilo de 'se fosse nós, faríamos melhor' daí surgiu o dogão', conta Letícia.

Ainda em conversa, a jovem conta da dificuldade que foi abrir o seu negócio e que não é nada daquilo que todos pensam.

 
"No início de março foi quando se deu a criação da lanchonete, nós achávamos que era só comprar algumas coisas e fazer, porém, quando nos deparamos com os preços das coisas e todos os detalhes que tínhamos que colocar como, por exemplo, achar fornecedor bom e em conta, comprar caixas do pão, todos os materiais, 'banner', sachês, molhos caseiros. Pensamos que era uma coisa e foi outra, o nosso maior incentivo foi a minha mãe que nos deu força'', completa.
Letícia afirma que a lanchonete possui todos os trâmites: tem seu próprio CNPJ e é até encontrada no IFood. E que, apesar de estar cursando jornalismo, ela pretende se especializar na área de empreendedorismo.
 
"Sim, eu pretendo fazer um curso. Ser empreendedora não é só criar um negócio em casa, tem tudo por trás. Quando se trata de comida e principalmente na parte financeira, nós precisamos, sim, fazer um curso de empreendedorismo, não é só chegar e vender, é fazer as contas de tudo que gastou, colocar o preço certo e justo, é você saber administrar tudo. Se não tiver esse cuidado, você acaba perdendo tudo, o curso é fundamental", finaliza a estudante.

Com o isolamento social, teve o aumento de cursos grátis online. Diversas empresas compartilharam essas grandes oportunidades para brasileiros e pessoas de fora aprenderem algo novo, enquanto se adaptam a essa nova realidade. Como é o caso de Enderson Gomes e Jennifer Ramos, que concluíram alguns cursos relacionados ao empreendedorismo que lhes ajudaram na criação do seu negócio.

 
"Surgiram alguns cursos na pandemia para pequenos empreendedores, fiz um e todo o conhecimento adquirido tem me ajudado até hoje. A Lovely foi criada na famosa cozinha de vó. De início era só a oportunidade de ter uma renda extra, hoje dependemos da Doceria', conta Jennifer.
Criada na pandemia, a doceria conta com mais de 7.500 seguidores no seu Instagram. Funcionando de sexta a segunda apenas delivery e os demais dias para encomenda, a Lovely conta com três funcionários, incluindo os donos que cuidam de tudo.
 
"Como o iniciamos na pandemia, não tivemos grandes surpresas, nos adaptamos a nossa nova realidade. Acredito que a parte mais difícil para mim, foi porque eu estava finalizando a graduação enquanto começava a empreender, muitas vezes tive que parar a produção para realizar uma prova, entregar trabalho ou até mesmo assistir aula virtual. Para Enderson é um desafio constante, ele como vestibulando para medicina concilia a rotina dos cursinhos, das aulas 'online' com as produções, têm sido exaustivos'', disse.
A parte mais difícil de empreender e criar seu próprio negócio é a constância. É preciso ser firme quando resolve criar uma empresa, e a parte mais difícil é 'permanecer' e conciliar a vida pessoal com a empresarial é fundamental. Adriana, Letícia e Jennifer são exemplos de brasileiras que souberam tirar algo bom de tudo do caos que estava acontecendo, elas se adaptaram ao novo normal e com a nova situação econômica que o país apresentava. Mulheres completamente diferentes, mas que tinham um único objetivo: 'sair do desemprego e ir em busca de algo novo'.

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