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11/03/2023 às 11h59min - Atualizada em 11/03/2023 às 11h33min

Atomic Heart pode ser banido na Ucrânia

O game é centro das discussões em possível envolvimento com o governo Russo

João Vitor O. Santos - Editado por Ana Terra
Fonte: MundFish/Divulgação

Atomic Heart, uma distopia Sci-Fi na União Soviética de 1955 foi lançado na última semana de fevereiro. O game que já tinha ficado nos holofotes das polêmicas por conta dos rumores de conter 6 horas de cenas de sexo e por encontrarem um desenho racista na TV, voltou ter problemas quando descobriram nos seus termos de uso algo que supostamente o coloca em um esquema de coleta de dados para o governo russo. O caso caminhou de uma forma que o levou para uma nova ramificação do conflito Rússia x Ucrânia. 



As influências russas não estão apenas na ambientação do game, na verdade, essas influências estão no estúdio MundFish desde a sua criação, afinal, o seu fundador é Robert Bagratuni, um homem russo. A MundFish foi fundada por Robert em meados de 2017, antes disso ele trabalhava como diretor criativo na Mail.ru (atual VK), uma rede social bem parecida com o Facebook e bem popular na Rússia.  

Apesar de fazerem parte da história do estúdio e, com certeza, influenciarem as decisões de ambientação para Atomic Heart, a nacionalidade do criador e o seu trabalho antigo não são métricas e nem motivos para problematizar o título.  

Vendo esses murmurinhos - xenofóbicos - à nacionalidade do criador; e comentários sobre a crise entre a Rússia e a Ucrânia, o perfil oficial do Atomic Heart publicou um tweet tomando um lado: "Nós notamos muitas questões sobre onde nós, na Mundfish, estamos. Queremos garantir que a Mundfish é uma desenvolvedora com um time global focado em um game inovador e que somos sem dúvida uma organização pro-pacifista contrária a violência contra as pessoas". 

Mesmo com essa postagem, houve discussões sobre uma suposta ligação entre o estúdio e o governo russo depois do site ain.capital descobrir nos termos de uso da loja da Mundfish algo como "A Mundfish coleta dados dos usuários e pode fornecê-los para as autoridades russas".  

Segundo o estúdio Mundfish em conversa com o site GamesRadar, os termos de uso estão desatualizados e já deveriam ter sido removidos. O game e o site não coletam e não usam nenhum dado de usuário.  

Entretanto, um ponto interessante cria mais uma pulga atrás da orelha nessa história. Acontece que a VK possui um grupo de empresas e, entre elas, tem uma distribuidora – VK Play – e foi por ela que o game Atomic Heart foi distribuído. E essa odisseia de dúvidas não acaba aí. A VK e o seu grupo tiveram 50% das suas ações compradas em 2021 por uma empresa chamada GazProm. A GazProm é uma empresa de energia de forte ligação com o governo de Vladimir Putin.  

Essas discussões e murmurinhos aconteceram por aqui no ocidente, entretanto as preocupações e ações mais pesadas claramente foram acontecer na Europa Oriental, onde se localiza a Ucrânia.  Desde o lançamento de Atomic Heart, o lado político buscou formas de tirá-lo de circulação no país. Ainda na primeira semana de lançamento, Alex Bornyakov (Ministro da Transformação Digital) fez pedidos para que a distribuição do game fosse limitada nos outros países, alegando a potencial coleta de dados de usuários e uso do dinheiro das compras do game em ações na guerra contra a Ucrânia.   

O pedido oficial só foi feito no dia 3 de março pelo Vice-primeiro-ministro Mykhailo Fedorov. Nele, Fedorov pede para que o Jim Ryan (diretor executivo da Sony Interactive Entertainment), Kenichiro Yoshida (presidente da Sony Group Corporation), Brad Smith (presidente da Microsoft) e Gabe Newell (diretor executivo da Valve) façam o banimento de Atomic Heart de suas plataformas.  

 


No pedido, Fedorov reafirma a preocupação de Bonyakov sobre os perigos do dinheiro das compras de Atomic Heart ser usado para financiar a guerra. Além disso, comenta sobre o game violar a legislação ucraniana por promover o comunismo e símbolos soviéticos.  


Atomic Heart pode ser jogado no PC, PS4, PS5, Xbox One e Xbox Series X/S. Além disso, faz parte do Xbox Game Pass e quem possui a versão Ultimate consegue jogar sem baixar através da ferramenta Xcloud.  

REFERÊNCIAS

RAPHAEL, P. Atomic Heart: Entenda a polêmica sobre o game TERRA 23 de fev. de 2023. Disponível em: <https://www.terra.com.br/gameon/plataformas-e-consoles/atomic-heart-entenda-a-polemica-sobre-o-game,7e822ef54bd4578cecabb3ec948b4ecfntwq4gri.html> Acesso em 28 de fev. de 2023. 

PARÁBOA, C. Ucrânia oficializa pedido para banimento de vendas de Atomic Heart MEUPLAYSTATION 04 de mar. de 2023. Disponível em: <https://meups.com.br/noticias/ucrania-pede-banimento-vendas-atomic-heart/> Acesso em 06 de mar. de 2023. 


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