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30/10/2021 às 09h49min - Atualizada em 29/10/2021 às 11h24min

A evolução dos monstros no cinema

Uma breve história sobre a trajetória dos monstros mais famosos da cultura pop

Samantha Garcez - Editado por Marcela Câmara
 O cinema desde os seus primórdios é uma forma de entretenimento. As fitas dos irmãos Lumière que apesar de revelarem um caráter documental, pois as imagens captadas se resumiam a registros de cenas do cotidiano, eram exibidos em feiras de variedades. Mas o verdadeiro responsável por tornar o cinema um espetáculo foi o francês Georges Meliès, que não se deteve em utilizar apenas cenas cotidianas e investiu na expressão artística, utilizando efeitos especiais, para contar uma história. A partir deste momento o cinema consolidou-se como entretenimento.

Dessa forma o mundo cinematográfico expandiu o leque de possibilidades narrativas e diversos gêneros foram criados. No que diz respeito ao gênero terror/horror, Meliès desponta como pioneiro introduzindo truques de ilusionismo em seus filmes George Meliès acabou criando o primeiro filme de terror da história em 1896. O curta chamado A Mansão do Diabo, tem duração de um pouco mais de 3 minutos e conta a história de um suposto diabo que aparece na película como morcego, e em seguida se transforma em homem, e começa a realizar invocações de seres místicos. O filme se parece mais como uma apresentação de um mágico do que com o próprio terror em si.

Depois disso, vários cineastas contaram histórias de mistério e fantasia, assim, gênero terror veio se consolidar a partir de 1920, ano em que Robert Wiene lança O Gabinete do Doutor Caligari e surge o Expressionismo Alemão, que buscava uma representação subjetiva do mundo, capaz de revelar as angústias da existência humana através de imagens distorcidas e afastadas da realidade, remetendo a pesadelos. Com ouso de sombras e contrastes, histórias abordando temas inquietantes, além de cenários, maquiagens e figurinos exagerados, o cinema mudo alemão dos anos 1920 estabeleceu as bases para o gênero terror. Desse modo, cineastas como F. W. Murnau e Fritz Lang se destacaram pelo domínio estético, técnico e narrativo elevando o gênero.

Os filmes de horror, se valeram da imagem impactante dos “monstros”, baseando-se em criações literárias e em montagens teatrais. Assombrando e intrigando as plateias com representações visuais de criaturas sobrenaturais ou as consequências malignas da ciência mal aplicada. A galeria dos monstros no cinema é vasta e ao longo de sua história as criaturas horripilantes tornaram-se personagens icônicos da cultura pop.
Confira abaixo uma retrospectiva dos monstros mais famosos do cinema:
Frankenstein é um filme de 1910 do gênero terror mudo. O filme Foi a primeira versão para os cinemas da adaptação do livro Frankenstein de Mary Shelley. Algumas partes desse filme são coloridas, geralmente em sépia, o curta metragem foi produzida nos "Edison Studios", escrito e dirigido por J. Searle Dawley e filmado em 3 dias no Bronx, Nova York.
O lobisomem de Londres (1935)

O lobisomem de Londres (1935)

Reprodução: Google Imagens
O lobisomem (1913) é um curta-metragem mudo que é considerado o primeiro filme do personagem. Foi dirigido por Henry MacRae, e tem o roteiro baseado no conto “The Werewolves (Os Lobisomens)” (1898) de Henry Beaugrand. É considerado um filme perdido, todas as cópias supostamente teriam sido destruídas em um incêndio de 1924 na Universal Studios.
Nosferatu é uma adaptação é uma livre adaptação do romance Drácula, de Bram Stoker, embora com nomes de personagens e lugares alterados. Hutter, viaja até os Montes Cárpatos para vender um castelo no Mar Báltico cujo proprietário é o excêntrico conde Graf Orlock , que na verdade é um milenar vampiro que, buscando poder, se muda para Bremen, Alemanha, espalhando o terror na região.


Na narrativa do “Médico e o Monstro”, um advogado londrino, o Dr. Jekyll faz experiências com a natureza humana e acredita que o lado bom e ruim de cada personalidade pode ser separado quimicamente. Ao testar o soro em si mesmo, transforma-se numa outra pessoa, com uma terrível aparência, que ele chama de Sr. Hyde e que representa seu lado mal.
 

O cinema de horror moderno é marcado por outra quebra de paradigma, quando Alfred Hitchcock realizou Psicose, em 1960, no qual apresenta um assassino psicopata jovem, bonito, carismático, tímido e aparentemente inofensivo. O monstro nas telas se torna o próprio ser humano, cuja maldade parece sem limite.
Já no filme infantil da Disney inspirado no romance francês de Victor Hugo, “O corcunda de Notre-Dame” uma nova discussão em torno dos “monstros” é proposta e há uma quebra a tradição ao tornar o monstro digno de empatia. Discutindo questões morais, conta a história do homem Claude Frollo e do “monstro” Quasímodo. O filme aborda o sentimento da empatia por pessoas com deformidades extremas, consideradas “monstros” e questiona o que transforma um ser em um monstro: a aparência ou as atitudes. Dessa forma questiona os ideais de perfeição, consciência e comportamento social, e assim criar o exercício de dissociar imediatamente a feiura à maldade.
Os filmes de monstros continuam impactando e despertando nosso medo e fascínio. Os cineastas modernos como, Tim Burton trouxeram de volta histórias relacionadas a essa temática como Edward Mãos de Tesoura, Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet, Frankenweenie e muitas outras.
O apelo dessas produções está no medo que o ser humano tem do desconhecido. O medo faz parte da nossa natureza, faz parte dos nossos instintos. É necessário o medo para estarmos vivos. A grande popularidade do cinema de terror se dá pelo prazer que trazem aos consumidores: na ficção o medo converte-se numa forma de entretenimento, trata-se de temer em segurança. Por mais apavorantes que sejam os monstros, permanecemos numa situação cômoda ao consumi-los. Assim, os filmes nos permite entrar em outra dimensão e refletir sobre a multiplicidade das questões humanas, a dicotomia entre “bem e mal” e “o bonito e o feio”, além de discutir a empatia e o que é realmente monstruoso na sociedade.
 
Referências
Academia Internacional de Cinema. Expressionismo Alemão. Publicado em: 14/08/2018. Disponível em: https://www.aicinema.com.br/expressionismo-alemao-movimentos-cinematograficos/
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
NAZÁRIO, Luiz. Da natureza dos monstros. Arte & Ciência, 1998 
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