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20/01/2021 às 08h21min - Atualizada em 20/01/2021 às 08h22min

Cobra Kai: terceira temporada abraça o passado sem perder sua autonomia narrativa

Obra é um perfeito equilíbrio entra desenvolvimento de histórias e fanservice

Ricardo Accioly Filho - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Netflix / Reprodução: Revista Galileu
Após quase dois anos, a série derivada da franquia Karatê Kid, Cobra Kai, ganhou sua terceira temporada, agora pelo streaming Netflix. Impulsionada pela visibilidade da plataforma, a obra vem ganhando ainda mais popularidade entre os jovens e sendo a prova de um trabalho bem feito de continuidade de narrativa sem uso gratuito de fanservice. Na nova temporada, acompanhamos as consequências do desfecho violento da segundo temporada, após uma batalha campal na escola entre os seguidores do Karatê Myagi-Do, de Daniel Larusso, e do Cobra Kai, de Johnny Lawrence, em que Miguel Diaz é lesionado gravemente na coluna.

Dentro dessa perspectiva, a série apresenta como Daniel Sun e Johnny Lawrence lidam com a nova realidade de questionamentos internos e externos sobre a presença do karatê na cidade. Em meio a isso, John Kreese se apodera do Cobra Kai e inicia a formação de impiedosos discípulos, como há 30 anos. No terceiro ano da série, a obra continua equilibrando bem as duas gerações de elenco com os jovens personagens tendo ainda mais desenvolvimento e inserindo novas problemáticas e camadas, naturalmente, adotando uma abordagem mais dramática e violenta, em relação aos dois anos anteriores.

Samantha, filha dos Larussos, enfrenta o trauma de ter estado envolvida no confronto na escola, tendo Tory como a sua algoz e fonte de todos os seus medos. Enquanto que Miguel Diaz embarca em uma jornada de autodescobrimento e recuperação, apoiada em um crescimento pessoal paralelo de seu sensei. No entanto, é Robby Keene que tem o caminho mais tortuoso já que a série apresenta seu declínio moral a cada episódio. Mas se a terceira temporada de Cobra Kai tem uma marca e nome é John Kreese. No novo ano, o vilão de Karatê Kid tem, enfim, sua história narrada, desde os tempos de soldado na Guerra do Vietnã. Através de flashbacks, vemos como sua personalidade foi sendo moldada até se tornar o impiedoso e cruel sensei do Cobra Kai.




Algo que, inclusive, faz melhorar o terceiro filme da franquia, Karatê Kid: O Desafio Final, de 1989, ao justificar algumas ações. E é justamente ao estabelecer pontes entre os filmes da trilogia original e a nova leva de histórias que Cobra Kai tem seus pontos altos. Como grande virtude, a série faz uso do fanservice de forma natural, como se os encaixes narrativos já fizessem parte de um planejamento prévio. Na terceira temporada, Daniel Larusso retorna para o Japão para salvar sua empresa da falência e reencontra antigos amigos de Karatê Kid: A Hora da Verdade Continua, de 1986. É nostálgico e prazeroso voltar a Okinawa, mas ainda mais recompensador pela passagem ter função na narrativa ao trazer novo sentido ao personagem.

No entanto, o maior e mais esperado fanservice, já dado indícios ainda na segunda temporada, foi o retorno de Elisabeth Shue, a Ali Mills, de Karatê Kid: A Hora da Verdade, de 1984. Funcionando não apenas como saudosismo, a personagem tem a função de derrubar as barreiras entre Daniel Larusso e Johnny Lawrense para que, enfim, possam lutar juntos contra John Kreese. Tudo isso em uma roupagem que não prende a história ao seu passado, pelo contrário. Ao trazer elementos da trilogia original, Cobra Kai repensa seus conceitos, homenageia o que foi feito e conduz os personagens à reflexão e evolução narrativa em um grande trabalho de cuidado da produção em abraçar os filmes, mas sem perder sua autonomia como arco narrativo.

A cada temporada, Cobra Kai prova ser uma excelente mescla entre desenvolvimento de histórias e fanservice, mas mais do que isso é a própria história de William Zabka e Ralph Macchio, que ao se reencontrarem 30 anos depois retornam ao protagonismo de décadas atrás. A série tem cuidado, amor e qualidade em cada tomada realizada, com um potencial que chega ao seu ápice na terceira temporada, após a crise com a plataforma original, Youtube Premium. Que os próximos capítulos nos entreguem ainda mais ação e fanservice, na medida certa. Agora, apoiada na Netflix, ganhou terreno para não apenas mais uma temporada, já confirmada pela plataforma, mas também para duas ou três, já que seus idealizadores já afirmaram não ser um quarto ano o desfecho das histórias, pois é como dito na série, um Cobra Kai nunca morre.
 
REFERÊNCIAS:
ELOI, A. Cobra Kai – 3ª temporada. OMELETE. 14 de na. De 2021. Disponível em: <https://www.omelete.com.br/netflix/criticas/cobra-kai-3a-temporada-critica>. Acesso em: 18 de jan. de 2021.
VACCARI, B. Cobra Kai atinge audiência surpreendente com terceira temporada. CANAL TECH. 14 de jan. de 2021. Disponível em: <https://canaltech.com.br/series/cobra-kai-atinge-audiencia-surpreendente-com-terceira-temporada-177428/>. Acesso em: 18 de jan. de 2021.
MARTINS, R. [CRÍTICA] Cobra Kai: terceira temporada equilibra bem fanservice e desenvolvimento de personagens. LEGIÃO DOS HERÓIS. 11 de jan. de 2021. Disponível em: <https://www.legiaodosherois.com.br/2021/cobra-kai-3-temporada-critica.html>. Acesso em: 18 de jan. de 2021.
Netflix Brasil. Cobra Kai: Temporada 3 | Trailer oficial | Netflix. YOUTUBE. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=B9U8OgTGDSk>. Acesso em: 18 de jan. de 2021.

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