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08/08/2020 às 15h59min - Atualizada em 08/08/2020 às 15h55min

Caem 70% das vendas online e presenciais por conta da pandemia, segundo empreendedora

Micro e pequenas empresas vivem em meio a incertezas e dificuldades

Giovanna Dreçador - Revisado por Barbara Honorato
Pesquisas do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) realizadas na primeira quinzena de junho apontam que a pandemia impactou negativamente as empresas por todo o Brasil, tanto que 32,6% encerraram definitivamente suas atividades, principalmente as pequenas e microempresas. Especialistas apontam que o cenário atual é preocupante para a economia brasileira e projetam uma recaída de 6,5% no PIB (Produto Interno Bruto). Empreendedores e pessoas atuantes em diversas áreas se adaptam à nova realidade no âmbito virtual e com as medidas de proteção - distanciamento, uso de máscaras, álcool em gel, etc.
 
Mariza de Almeida, graduada em Ciências Econômicas (Universidade de Passo Fundo), mestre em Economia e Desenvolvimento (Universidade Federal de Santa Maria) e doutoranda em Economia Aplicada (ESALQ/ USP) explica como do ponto de vista econômico se encontrava a situação brasileira para a abertura de novos negócios. “O Brasil estava se recuperando de um baixo crescimento que estava presente nos últimos anos. Em 2018, a gente fechou o PIB com uma taxa de 1,3% e em 2019 com um crescimento de 2,1%. Por trás de tudo isso, havia também uma expectativa de crescimento para esse ano (2020) por conta de algumas reformas que estavam em andamento, como da previdência, tributária e administrativa. O próprio ministro da economia, Paulo Guedes, previa que 2020 a gente teria uma taxa de crescimento do PIB acima de 2%. Então havia um ambiente favorável para empresas”.

Conversando com a gestora de políticas públicas, pesquisadora da área economia e criadora de conteúdo voltado a economia, Mariana Moreira, explica que apesar desse crescimento desenvolvimento lento que ocorre desde 2014, o Brasil ainda lidava com problemas como a alta dívida pública, taxas altas de desemprego e o crescimento do PIB. Porém, foram esses os fatores que fomentaram o empreendedorismo nacional. “Segundo dados de uma pesquisa realizada pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) nesse período o crescimento foi o maior em relação aos últimos 14 anos anteriores. Podemos falar que tanto numa óptica macro que nos levaria a dizer primeiro o porquê o setor micro e pequenas empresas cresceu em duas análises. Abrir uma empresa por enxergar uma oportunidade no mercado e outra por necessidade. Colocando em números, no ano de 2014, 71% das pessoas abriam empresas o faziam por enxergar oportunidade no mercado e outros 29% por necessidade de uma alternativa de renda. Já em 2015 o cenário mudou respectivamente para 56% (por oportunidade) e 44% (por necessidade). Quando falamos de oportunidade no mercado, podemos fazer uma ligação aos visionários em relação ao empreender criativo e ainda enxergar uma demanda. Quando falamos sobre necessidade normalmente as pessoas buscam uma renda”.

“O que a gente pode perceber, neste mês (julho de 2020), é que a economia brasileira ela vai decrescer. Isso baseado no próprio Boletim Focus que está prevendo uma queda no PIB de 6,5% para 2020.Isso se compararmos, a expectativa de crescimento era de 2%, e agora a gente vai fechar com uma queda de mais de 5%. Então o cenário atual é muito preocupante. E essa queda ela é advinda da retração do consumo, da redução de produção, e principalmente das empresas que precisaram ficar de portas fechadas”, comenta Mariza de Almeida sobre o cenário com a presença da pandemia.
Ainda sobre o cenário atual com a pandemia, o governo toma medidas fundamentais para a continuidade dos pequenos, micro negócios e autônomos se manterem o básico em dia. Entretanto, essas medidas tem um impacto direto na economia do país, dando mais um motivo de preocupação para especialistas.
“Falando de um cenário mais geral é que mesmo com uma carga de endividamento do governo, foi preciso que medidas fossem tomadas para manter a economia girando mesmo que com dificuldades. Para as empresas se manterem foi disponibilizado um crédito do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) que estava ligado aos gastos com a folha de pagamento. Também tivemos a medida do auxílio emergencial que para empreendedores menores e autônomos foi uma medida de atender as necessidades básicas dessas pessoas que não iriam conseguir se manter sem poder trabalhar. Claro que isso vai influenciar na dívida pública, mas foram medidas extremamente necessárias. Muitos economistas que estão dedicando-se ao estudo do cenário econômico em tempos de pandemia afirmam que nós não temos uma receita para solucionar os problemas econômicos, porque está sendo algo desconhecido, principalmente para a economia”, discorre Mariana Moreira.

Para empreendedores, o campo de possibilidades passou quase que exclusivamente para vendas on-line. Mesmo que alguns segmentos já tenham autorização para abrir, existem alguns fatores que ainda limitam o fluxo de pessoas e de caixa – dois elementos essenciais para a continuidade de um negócio. A equipe de reportagem conversou com empreendedores de áreas diferentes.

Os segmentos autorizados a abrirem durante a pandemia tem seus horários de funcionamento reduzidos. Márcio Luna, dono da academia Vida & Corpo Fitness, relata que no início do ano a academia andava bem. Porém, com a chegada da pandemia, e consequentemente da quarentena, a gestão passou a ser mais difícil. Assim que o segmento foi autorizado a abrir, os cuidados com o uso de máscara, distanciamento, uso de álcool em gel e horário reduzidos foram respeitados. Mesmo assim, devido ao medo e o horário de funcionamento reduzido para 6 horas, o número de alunos frequentes cairam.

Falando de bens duráveis, mais especificamente do ramo de brinquedos, Mariângela dos Santos, dona da loja Angel & Kids Brinquedos e Presentes, apontou que apesar da continuidade dos trabalhos no âmbito virtual e com sistema de entregas, houve uma recaída de 70% nas vendas. Dando um ar de insegurança para aqueles que dependem de vendas.
 
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