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29/03/2023 às 18h04min - Atualizada em 29/03/2023 às 17h29min

Desmatamento Legalizado: Como organização conhecida mundialmente pela sustentabilidade está promovendo o aumento de atividade irregular ao desmatamento?

Graves infrações ambientais estão sendo justificadas, após receberem selo de garantia sustentável para extração e transporte de madeira.

Natália de Oliveira Bortolotti - Editado por Maria Eduarda
Fonte: Edison Veiga Reprodução: BBC News Brasil
No Brasil, desde 2002 as práticas irregulares ambientais cresceram. Somente no começo desde ano até março, houve aumento do desmatamento em 169%, segundo dados do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA). Atualmente, as atividades irregulares madeireiras no país recebem um selo internacional de uma organização que aprova e garante trabalhos sustentáveis, o que favorece no valor do produto e agrega participação em grandes mercados.

Porém, conforme uma investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), a ONG Forest Stewarship Council ou Conselho de Manejo Florestal (FSC), certificadora de exercício sustentável, está assegurando diversas empresas nacionais com acúmulos de crimes ambientais como: grilagem, ocupação de terras protegidas, trabalhos análogos a escravidão, transporte irregular, criação de estradas,  entre outras.
 
A organização sem fins lucrativos FSC é uma das ONGs mais conhecidas no mundo na área de preservação e na garantia de sustentabilidade a produtos madeireiros. Fundada na Alemanha, no final de 1990, seu objetivo é fiscalizar o manejo florestal por meio de certificações aos produtores e compradores, garantindo melhores práticas ambientais sem degradação do meio ambiente.
 
No Brasil, são 8 milhões de hectares são certificados pelo FSC. Embora hoje nosso país seja o 6º colocado no ranking de mais certificações, o IBAMA já atuou as empresas Juruá Florestal, Alecrim Indústria de Madeiras, Pampa Exportações e Madeireira Rancho da Cabocla, por ações ilegais na retirada de madeira em área de preservação, condições insalubres de trabalho, ocupação de terra indígena. Sua fama e honra são grandes, mas a realidade é que mesmo com todas as certificações emitidas pela FSC, várias empresas foram multadas assim que sua atuação no país começou.
 
Todas elas tem em comum as certificações pela FSC, e mesmo a organização estando ciente de algumas práticas ilegais realizadas pelas empresas, os selos não são retirados. Alguns foram suspensos por alguns meses, porém há uma dificuldade em suspender os certificados dos membros imorais e garantir a real missão do selo, que é a sustentabilidade. Esta certificação garante ao comprador que o produto está conforme a legalidade ambiental desde o corte da madeira até a comercialização, mas, muitos compradores realizam pagamentos superiores, acreditando que não estão sendo cúmplices em crime ambiental.

O greenwashing (lavagem verde) também conhecido como “maquiagem verde”, claramente engana quem acredita na credibilidade do selo, já que há recorrência em certificar empresas que cometem crimes ambientais.
 

Em nota, ao consócio ICIJ, a FSC esclarece em nota disponível em seu site, “O FSC nunca se apresentou como uma solução autônoma para combater o desmatamento, o comércio ilegal de madeira ou outros problemas relacionados ao manejo [...], é válido destacar que nenhum sistema projetado para criar mudanças em conjunturas complexas do mundo real alcançará 100% de perfeição”

 
Com todas alegações sem respostas satisfatórias por parte da ONG, o Greenpeace uma organização ambiental conhecida mundialmente pela luta a preservação do meio ambiente, que foi parceiro da FSC durante anos, rompeu sua ligação após a organização não ser mais confiável e pela falta de fiscalização correta, acarretando falhas nas informações transmitidas ao público.

Referência: Posição do FSC Brasil sobre o relatório recente do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. Site, Forest Stewardship Council Brasil 2023. Disponível: < https://br.fsc.org/br-pt/newsfeed/posicao-do-fsc-brasil-sobre-o-relatorio-recente-do-consorcio-internacional-de-jornalistas>. Acesso 28/03/2023. 
 
 
 

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