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11/06/2021 às 21h28min - Atualizada em 11/06/2021 às 21h59min

Laura Dean Vive Terminando Comigo e a importância da diversidade e representatividade nas histórias em quadrinho

Joérica Cunha - Editado por Fernanda Simplicio


Publicada no Brasil pela Editora Intrínseca em 2020, a Graphic Novel Laura Dean Vive Terminando Comigo, das autoras Mariko Tamaki e Rosemary Valero-O’Connell, conta a história da estudante do ensino médio Freddy Riley, que mesmo após um ano de relacionamento ainda não consegue acreditar que a popular Laura Dean é a sua namorada.

O relacionamento dos sonhos. Laura Dean é bonita, divertida, e estar com ela é mágico, no início. Freddy vai percebendo aos poucos comportamentos abusivos de Laura Dean, o que vai ferindo a sua autoestima e causando inseguranças.
O ponto principal da trama é o relacionamento tóxico das personagens, e nós vamos acompanhando por meio de uma narrativa fofa e peculiar as situações e o amadurecimento de Freddy.




A obra tem lindas, delicadas e expressivas ilustrações, apresentadas nas cores preto e rosa.

O jeito meigo com que a protagonista de descendência asiática consegue compartilhar suas dores com o leitor é envolvente, a cada decepção que Freddy tem com Laura, nós também nos desiludimos. O crescimento da personagem, a construção de sua autoestima e as respostas aos seus questionamentos internos foram muito bem elaborados.

Outro ponto muito positivo de “Laura Dean Vive Terminando Comigo” são seus personagens secundários que realmente fazendo diferença na história.



A HQ introduz de forma sutil e natural uma grande diversidade de personagens representativos, o que nos leva a reflexão da importância dos autores e editoras introduzirem os temas raciais e de gênero em suas tramas, através de personagens que realmente representem.

Nos últimos anos, as principais editoras de super-heróis do mercado, Marvel e DC, vem tentando diversificar os personagens em suas histórias. Já faz um tempo que personagens de culturas e nacionalidades diferentes estão sendo introduzidos nas tramas.

Já a inserção de personagens de sexualidade e gêneros diferentes tem sido realizada me forma mais gradual e recente. É verdade que as grandes editoras do mercado já possuem diversos personagens que representam a comunidade LGBTQIA+, a Marvel e DC, por exemplo, possuem personagens homossexuais, bissexuais, pansexuais, assexuais, intersexuais, e não-binários.

O exemplo das grandes editoras tem sido atendido, e aos poucos a presença destes personagens nas histórias em quadrinhos têm se tornado comum.



Apesar de uma grande parte do público nerd apoiar e perceber a importância de termos cada vez mais diversidade nos personagens, ainda existe uma parte dos consumidores que não acham a ideia tão maneira assim, ainda mais quando a forma de representar um determinado nicho ocorre pela adaptação de um personagem já existente e famoso, como quando o Estrela Polar se assumiu homossexual (inclusive sendo o primeiro super-herói a se assumir), e a mudança do Capitão Marvel para Capitã Marvel.

É comum ouvir de uma parte dos consumidores de histórias em quadrinhos que tais mudanças ocorrem por conta de “tentativas incessantes de agradar as minorias”, o que não condiz com a realidade, já que na maioria das vezes a maioria representada não necessariamente é a maioria quantitativa, além de, alegar ser uma “tentativa de agradar minorias”, demonstra um olhar insensível e preconceituoso, que não enxerga a falta de respeito com a realidade.

A luta de um personagem nos quadrinhos passa a ser a luta de um grupo. A inclusão de novos personagens representa a inclusão das minorias na sociedade, de forma igualitária, sem servir apenas como capacho dos "dominantes". A partir do momento em que rejeitamos a inclusão de personagens, estamos nos colocando em figuras antagonistas, e a partir daí, barramos a ideia de progresso.

A representatividade nos quadrinhos empodera as pessoas. Dá a elas o direito de sonhar, e consegue mudar a vida delas através disso. Observar essas narrativas é um modo de encarar a si mesmo como alguém confiante. É através do entretenimento que convivemos com pessoas e lutas diferentes.



A HQ Persepólis, da autora Marjane Satrapi, é um ótimo exemplo fora do universo dos super-heróis a respeito da representatividade, que nos traz uma perspectiva do que é ser uma mulher iraniana e não se encaixar em sua própria cultura; e a história da divertidíssima Lizzie Bordello e as Piratas do Espaço, da autora Germana Viana, que aborda perspectivas com Deus, que é negra, gorda e bissexual, na tripulação do navio espacial, também tem uma personagem trans, a Fran.



É preciso recordar que a diversidade nos quadrinhos não refere-se apenas a representatividade de identidade de gênero, cultura e nacionalidade, pessoas com doenças e deficiências também fazem parte da nossa sociedade, fazem parte do público consumidor das HQ’s, e também querem se enxergar nelas. Além, de que a representação de pessoas com deficiências contribuem para que outras pessoas possam compreender melhor do que se trata.
 
REFERÊNCIAS:
PEREIRA, Eduardo. Só mais uma história de uma banda | HQ está de graça no mês do orgulho LGBTQIA+. Omelete, 01 de jun. 2021. Disponível em: < https://www.omelete.com.br/quadrinhos/so-mais-uma-historia-de-banda-gratuito-mes-lgbtqia >. Acesso em: 08 de jun. de 2021.

VIEIRA, Natan. Diversidade e Representatividade no universo dos quadrinhos. Canal Tech, 08 de set. 2019. Disponível em: < https://canaltech.com.br/quadrinhos/diversidade-e-representatividade-no-universo-dos-quadrinhos-148207/ >. Acesso em: 08 de jun. de 2021.

MARINO, Dani. Representatividade nas HQS: tá tendo sim. E vai ter mais. Judão, 15 de ago. 2016. Disponível em: < https://judao.com.br/representatividade-nas-hqs-ta-tendo-sim-e-vai-ter-mais/ >. Acesso em: 08 de jun. de 2021.
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