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25/06/2019 às 17h58min - Atualizada em 25/06/2019 às 17h58min

Do baião ao rock: foi dada a largada para a 11° edição da Procissão das Sanfonas, em Teresina, Piauí

Evento será dia 2 de agosto e vai homenagear Luiz Gonzaga, Raul Seixas e Jackson do Pandeiro

Ohana Luize
Festa de lançamento contou com diversas apresentações e muitos talentos. (Foto: Ohana Luize)
A puxada no fole do acordeom anunciou o lançamento da 11ª edição da Procissão das Sanfonas, em Teresina-PI. E dessa vez o som começa pelo baião e promete passear pelo genuíno rock com pegada nordestina homenageando 30 anos da partida de Luiz Gonzaga e Raul Seixas, e ainda o legado de Jackson do Pandeiro que completaria 100 anos. Com essa diversidade musical o evento, lançado no último dia 5 de junho, conclama o mote #VivaoSertãoAlternativo.
 
A procissão já é tradicional no calendário cultural de Teresina e está marcada para o dia 2 de agosto. Pelas principais ruas do centro da cidade, são feitas homenagens e apresentações organizadas pela Colônia Gonzaguiana de Teresina, grupo que reúne artistas, pesquisadores e fãs de Luiz Gonzaga. A noite de lançamento foi no complexo cultural Clube dos Diários e reuniu centenas de apreciadores dessa manifestação cultural.
  
Na 
família de João Batista dos Santos a tradição da sanfona passa de geração em geração. (Foto: Ohana Luize)

A sanfona está presente na vida de muitas famílias e vai passando pelas gerações. É o caso da família de João Batista dos Santos, artista de rua e sanfoneiro desde 1962. Hoje, com 82 anos, ele transborda vitalidade e diz que a influência musical “vem de Deus, pois quando eu nasci ele me abençoou e disse ‘nasceu um tocador’. Essa cultura da sanfona é tudo para mim”, conta o artista natural de Oeiras, primeira capital do estado. No lançamento da procissão, o músico foi acompanhado de João Filho e do neto, Nairon Santos da Silva.

Durante o desfile da marca oficial da 11ª Procissão das Sanfonas, mulheres, jovens e até crianças exibiram não somente a arte que carrega o rosto dos homenageados do ano, mas também o talento com diversos instrumentos. Para Maisa Vieira de Sousa, multi-instrumentista que toca triângulo, percussão, zabumba, pandeiro, dentre outros, é gratificante estar presente no palco. “Quando vejo que estou no meio de vários homens tocando, sinto que venci todas as barreiras e isso é gratificante. Sempre viajo e estou no meio da música e, na maioria das vezes, estou só eu de mulher. Eu toco meus instrumentos há anos e até hoje sigo”.

Maisa Vieira de Sousa, multi-instrumentista destaca a participação feminina nesse meio. (Foto: Ohana Luize)
 
LANÇAMENTO

“É a primeira vez que estamos fazendo um lançamento assim da procissão. Reunimos os nossos melhores artistas que vieram tocar gratuitamente nessa noite e nós criamos essa tradição. Estamos festejando o rei do baião, Luiz Gonzaga, o rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, e o rei do rock, Raul Seixas. Vamos manter vivas as memórias desses artistas que tanto contribuíram para a cena cultural nordestina. Então vamos continuar fazendo música para esse povo”, declarou Wilson Seraine, professor, pesquisador, entusiasta da cultura gonzaguiana e idealizador da Procissão das Sanfonas.
 
A festa no dia 5 contou com os artistas Roraima, Vagner Ribeiro, Gonzaga Lú, Flávio Moura, Écore Nascimento, José Quaresma, Bráulio, Robert Seixas & Banda Check-up, Wener Mariz, Marinaldo do Forró, Inácio Botelho, Antônio do Acordeon, Isaac, Luiz Marcos e Daniel Leal. “Todos os estilos são uma corda única que mantém viva a cultura do nordeste. Homenagear o Raul, que foi discípulo de Gonzaga, é fundamental para mostrar que a música dele, mesmo sendo rock, caminha junto com a diversidade nordestina e agrega estilos”, declarou Robert, músico que dedica tributos ao artista considerado por vezes como pai do rock brasileiro.

Robert Seixas, que dedica tributos a Raul, foi uma das atrações da festa de lançamento. (Foto: Ohana Luize) 
 
A expectativa para o dia 2 de agosto é de uma procissão que celebre o sentido do verso declamado pelo professor Wilson Seraine, da autoria do poeta Edvaldo Santos:
 
Gonzaga cantou o sertão
E tudo que nele existe
Cantou o matuto triste
Fazendo um risco no chão
Cantou a dor e aflição
Que a seca sempre causou
Cantou a fogo pagou
E o jumento nosso irmão
Ninguém cantou o sertão
Do jeito que Gonzaga cantou

Editado por Alinne Morais

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