O ano era 2005, tínhamos Harry Potter e O Senhor dos Anéis adaptados para o cinema, o segundo inclusive venceu 11 categorias no Oscar. Então era esperado que o clássico da ficção científica O Guia do Mochileiro das Galáxias fosse para a telona.
Aqui temos Arthur Dent (Martim Freeman, ele mesmo) é um homem normal, que está tendo um péssimo dia. Após saber que sua casa está prestes a ser demolida, ele descobre que Ford Prefect, seu melhor amigo, é um extraterrestre. Para completar, fica sabendo que a Terra está perto de ser destruída. Sem saída, Arthur pega carona em uma nave espacial que está de passagem. Ele passa então a conhecer o universo, sendo que tudo o que precisa saber sobre sua nova vida está contido em um valioso livro: o Guia do Mochileiro das Galáxias.
Douglas Adams (1952-2001) sempre pensou no seu best seller para outras mídias, seja histórias para o rádio, ou aventuras que misturavam o humor ácido e satírico com aventuras interplanetárias, com os mesmos personagens. A Disney aprovou o projeto apenas em 2003, com um roteiro feito pelo autor.
A direção ficou a cargo de Garth Jennings, conhecido pelos clipes de "Coffee & TV" (Blur), "Right Here, Right Now" (Fatboy Slim) e "Imitation of Life" na época. Foi sua estreia na direção de um longa-metragem. O projeto andou rápido, o elenco foi escolhido e teríamos as versões em carne e osso dos personagens imaginados por Adams e veríamos pela primeira vez o veículo de "improbabilidade infinita" que carrega os protagonistas através da galáxia para as suas aventuras. O longa adapta o primeiro livro.
Mesmo com uma equipe apaixonada e seguindo a descrição dos personagens à risca, o sucesso não veio. A adaptação teve uma recepção de público e bilheteria medianos. O principal problema apontado pelos fãs da obra foi a introdução de um narrador que explicava os elementos aos espectadores, o que fazia perder os elementos do humor conhecido de Douglas. Alguns críticos chegaram a dizer que houve uma subestimação do público.
Mesmo assim, o longa tem seus acertos. Ele sabe se divertir e adaptar com elementos práticos a loucura do autor. Há sim um respeito pela narrativa, principalmente no sentido dos elementos, até mesmo o narrador improvável tem bons momentos. A cena dos golfinhos e dos sofás trazem a megalomania que percebemos lendo a história.
As atuações de Martin Freeman, está perfeito como o terráqueo Arthur Dent. Seu robe puído, toalha estampada e cara de alienado estão ótimos. Sam Rockwell (Os vigaristas) também diverte como o presidente da galáxia Zaphod Beeblebox, a grande surpresa do filme, já que o ator é conhecido pelo drama e não pela comédia. E como nos livros, Marv, o andróide paranóide rouba as cenas, Interpretado pelo anão Warwick Davis (Star Wars: O Retorno de Jedi) e dublado por Alan Rickman (Snape, de Harry Potter), o personagem pessimista tem as melhores cenas do filme.
Ao assistir ao filme, há uma sensação dele seguir os eventos do livro, na mesma ordem. A introdução de Humma Kavula, personagem criado pelo próprio autor especialmente para o filme. Interpretado por John Malkovich, inverte os eventos e suas formas de vermos o livro.
O final decepciona, por justamente não usar todos os elementos construídos pela história. Há muito da Disney aqui, para trazer uma história mais ‘palatável’ para diversas idades. Não que não houve respeito pela obra, mas modificar para facilitar o entendimento, foi o erro dessa adaptação.
Não há nenhuma notícia sobre uma nova tentativa de adaptação da obra para os cinemas, mesmo ele tendo recebido mais histórias de ficção científica ao longo dos anos, temos Douglas Adams no horizonte. Há uma série sendo produzida pela Hulu, mas não possui data de estreia e detalhes revelados recentemente.
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