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29/09/2022 às 23h12min - Atualizada em 29/09/2022 às 23h43min

NANA, um anime com potencial para se tornar um clássico

Com uma abordagem intensa, a produção proporciona uma experiência que nos leva da euforia à comoção através do cotidiano das protagonistas

Letícia Nunes - Editado por Fernanda Simplicio
Fonte: Estúdio Madhouse / Reprodução: Twitter | @NANAsect

O anime slice of life de drama e romance, NANA, adaptação homônima do mangá escrito e ilustrado por Ai Yazawa, retrata a conexão nas relações interpessoais a partir de um contexto verossímil e envolvente, abarcado de uma trilha sonora marcante, a qual proporciona uma experiência reflexiva, provando ter potencial para se tornar uma obra clássica. 

 

Lançado em 2006, o anime é composto por 47 episódios de 23 minutos, que foram produzidos pelo estúdio Madhouse, com direção de Morio Asaka. Em maio de 2022, a animação foi remasterizada e liberada com legendas em inglês pela HIDIVE. Mas recentemente, a Netflix anunciou que também pretende incluir a adaptação no catálogo. 

NANAs fazem compras para o novo apartamento

NANAs fazem compras para o novo apartamento

Fonte: Estúdio Madhouse / Reprodução: Twitter | @NANAsect

 

Publicada na revista Cookie da editora japonesa Shueisha em 2000, a série em mangá soma 21 cadernos; devido a problemas de saúde da autora, a obra não foi finalizada, assim como o anime. No Brasil, o quadrinho vai retornar às bancas pela editora JBC, que licencia o título em português desde 2008.

 

SINOPSE

A jovem sonhadora Nana Komatsu não tem muitas pretensões para o futuro, além de conseguir um casamento estável e feliz. Por isso, após manter um relacionamento à distância por um ano, ela decide se mudar para Tóquio na intenção de reencontrar Shoji, seu namorado, e aproveitar para rever a amiga, Junko, que faz faculdade por lá.

 

Na noite em que embarca de trem, ela conhece uma xará, Nana Oosaki, que também segue para Tóquio, mas por motivos diferentes dos dela. Para superar um passado conturbado, Oosaki está determinada a se tornar uma vocalista profissional de uma banda de Punk Rock; a viagem atrasa por problemas mecânicos, dando tempo para as duas se conhecerem melhor.

NANAs descansam após passarem no supermercado

NANAs descansam após passarem no supermercado

Fonte: Estúdio Madhouse / Reprodução: Twitter | @NANAsect
 

 

Chegando em Tóquio, Komatsu perde o contato com Oosaki. Seus planos de morar com o namorado não dão certo, e a amiga lhe aconselha a procurar um apartamento. Durante a busca, Komatsu encontra um local perfeito, mas tem problemas para fechar negócio porque já tem alguém na fila. Essa pessoa é Oosaki, aquela que conheceu no trem. 

 

Rapidamente, as duas conseguem se resolver, decidindo por dividir o apartamento. A partir daí, nasce uma grande amizade, em que uma acompanha a jornada da outra na busca dos sonhos e da independência, sem ter conhecimento das armadilhas que a vida prepara para ambas.  

 

Assista o vídeo-trailer do anime na íntegra:


 

NANA ENQUANTO ANIME

As protagonistas Komatsu e Oosaki são opostas complementares. Elas possuem uma amizade encantadora de se assistir. E isso se sobrepõem aos desencontros amorosos que, eventualmente, acontecem na trama. Mas, além disso, elas são personagens complexas, e os episódios iniciais são cruciais para situar o telespectador sobre como o destino trabalha para unir as duas. 

 

Inclusive, a abordagem que o anime aposta é bastante imersiva e dinâmica, possibilitando que os eventos da estória se desenrolem sem que o contexto fique confuso. Para isso, se tem uma narração — que varia entre as NANAs no decorrer dos episódios —, que facilita a compreensão subjetiva das personagens em relação a cada avanço do roteiro; algo que eleva o nível de identificação de quem assiste com elas. 

Bate-papo entre as NANAs antes delas dormirem

Bate-papo entre as NANAs antes delas dormirem

Fonte: Estúdio Madhouse / Reprodução: Twitter | @NANAsect

 

Apesar de ser uma produção com uma grande carga dramática, NANA consegue incluir alívios cômicos na narrativa. E mesmo que o enredo se torne mais intenso a cada episódio por causa das reviravoltas que ocorrem — e que podem, até mesmo, sobrecarregar emocionalmente quem assiste —, tem-se ainda uma leveza e fluidez nas transições.

 

NANA ENQUANTO CLÁSSICO

Falando da obra em geral, tratando-se principalmente do primeiro contato, a versão em anime é a mais recomendada, visto que através dela é possível conhecer o lado musical do enredo. Além disso, o anime utiliza dos mesmos traços que a autora usa nos quadrinhos. E neste caso, a estética é uma característica marcante, que atribui charme à produção. 

 

Independente disso, as reflexões propostas por NANA são o ponto mais forte. O destino das protagonistas se mostra incerto, e é notável o quanto as duas são inseguras sobre quais as decisões certas a tomar para alcançar aquilo que desejam. E a dificuldade em lidar com isso na fase jovem adulta e a necessidade de autoconhecer-se, são as que prevalecem dentre todas as outras.

NANAs caem no sono depois de uma noite agitada

NANAs caem no sono depois de uma noite agitada

Fonte: Estúdio Madhouse / Reprodução: Twitter | @NANAsect

 

Por fim, NANA também destaca a influência das relações interpessoais na construção da perspectiva de mundo. Ou melhor, o resultado dessas experiências. Considerando que cada relação nos atravessa de uma maneira — seja ela romântica ou não —, determinando, então, o modo a qual interpretamos e superamos os percalços da vida.

 

E é neste caso que a obra mostra potencial para se tornar um clássico. Mesmo que o final não seja conclusivo, à medida que o tempo passa, NANA não deixará de ser relevante. E não apenas pelo conceito, mas, pela forma como integra o telespectador no cotidiano das protagonistas — que é bastante realista —, possibilitando que nos vejamos nelas.

 

REFERÊNCIAS:

BLEIBER, Kay. Nana e o medo da solidão. HGS Anime, 13 de set. de 2021. Disponível em: < https://hgsanime.com/2021/09/13/nana-e-o-medo-da-solidao/ >. Acesso em: 23 de set. de 2022.

 

BRITO, Beatriz. Nana: as desventuras da independência aos vinte e poucos anos. Delirium Nerd, 11 de jul. de 2017. Disponível em: < https://deliriumnerd.com/2017/07/11/manga-nana/ >. Acesso em: 23 de set. de 2022. 

 

CLARA, Ana. NANA | AI YAZAWA. Roendo Livros, 20 de mai. de 2016. Disponível em: < https://www.roendolivros.com.br/2016/05/resenha-nana.html >. Acesso em: 23 de set. de 2022.

 

ELLEN, Meyre. Anime: Nana. Agora que Sou Crítica, 3 de jul. de 2012. Disponível em: < https://agoraqueeusoucritica.blogspot.com/2012/07/nana.html >. Acesso em: 23 de set. de 2022. 

 

GODOY, Fábio. Nana – Quando me apaixonar novamente. Anime 21, 5 de mar. de 2019. Disponível em: < https://anime21.blog.br/2019/03/05/nana-quando-me-apaixonar-novamente/ >. Acesso em: 23 de set. de 2022.

 

NOTÍCIAS DA NETFLIX. Netflix adiciona Nana e mais 12 peças de anime com acordo com a Nippon. Guia da Netflix, 29 de ago. de 2022. Disponível em: < https://guianetflix.net/17504/noticias-da-netflix/netflix-adiciona-nana-e-mais-12-pecas-de-anime-com-acordo-com-a-nippon/ >. Acesso em: 23 de set. de 2022. 

 

NUNES, Letícia.  Após 12 anos, NANA volta às bancas brasileiras. Lab Dicas Jornalismo, 27 de jul. de 2022. Disponível em: < https://labdicasjornalismo.com/noticia/11539/apos-12-anos-nana-volta-as-bancas-brasileiras >. Acesso em: 23 de set. de 2022. 


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