Fonte e Reprodução: Dreamworks | Edição: Taís Wölfert
O vídeo-trailer de Ruby Marinho – Monstro Adolescente saiu este mês. O filme é a nova animação da Dreamworks e tem estreia prevista para 26 de junho nos cinemas brasileiros. Mas, o que mais chamou a atenção no vídeo-trailer não foi a história em si, mas sim, a aparência de uma das personagens. Chelsea é a personagem que chamou atenção; não por seu comportamento nem por seu potencial. Mas, sim, porque é uma sereia branca, ruiva, que usa a mesma paleta de cores de uma outra sereia conhecida: a Ariel de A Pequena Sereia.
No mesmo ano em que a Disney vai lançar o live-action de A Pequena Sereia– e escolheu uma atriz negra para interpretar a personagem, Halle Bailey –, a Dreamworks traz uma sereia nos exatos moldes em que parte do público queria que a Ariel do live-action fosse. Seria isso um sinal? Talvez, não só um sinal, como um enorme farol. Só que, talvez, não seja bem o sinal que as pessoas estão esperando.
Com o lançamento do vídeo-trailer de Ruby Marinho, alguns comentários começaram a surgir nas redes sociais. Pessoas falando que a Dreamworks alfinetou a Disney; que aquela era a Ariel que queriam. Não é difícil achar algum youtuber do meio de filmes que tenha feito um vídeo com chamadas parecidas com isso. Mas, quem viu o vídeo-trailer e prestou atenção, notou que, na verdade, a alfinetada não é para a Disney, e sim, para as pessoas. Principalmente, as preconceituosas.
Só pelo vídeo-trailer já fica claro que Chelsea vai ser a vilã da história – a garota bonita, mas não tão legal quanto pensam que ela é. Só que o vídeo-trailer vai muito além. Em dado momento, Ruby está dialogando com sua vó, e a mais velha descreve as sereias como: “as criaturas mais perigosas e sedentas por poder”. Ruby questiona a fala, afirmando que: “as pessoas adoram sereias”. Assim, a vó da protagonista é bem direta e sucinta ao falar: “é claro que adoram, as pessoas são burras”.
A Dreamworks foi a campeã do primeiro Oscar na categoria de Melhor Animação com Shrek, e traz filmes com temáticas diferentes das habituais desde sempre. Shrek 2, em 2004, apresentou uma personagem transsexual. Mas, antes disso, a história do monstro verde se sobressaiu no meio de tantas produções da Disney com princesas padrões. Nada contra princesas padrões, os filmes também são ótimos. Mas, a Dreamworks ousou com um ogro ranzinza como protagonista.
Fonte: Dreamworks | Reprodução: Veja
Não só isso, ela traz e encaixa personagens dos mais variados tipos em histórias aleatórias. Quem lembra do tubarão vegetariano de O Espanta Tubarões? Pois é, a produtora é repleta de personagens considerados diferentes, e às vezes, até a margem da sociedade, como os fora da lei de Os Caras Malvados; metáforas para pessoas e acontecimentos na vida real. E, apesar de ter passado por um período com produções bem infantis, parece que a sequência de Gato de Botas trouxe o brilho de volta para a Dreamworks, e a indireta de Ruby Marinho não é só para a produtora rival.
E a Ariel do live-action não é a primeira sereia negra em uma produção audiovisual. Primeiro, é preciso falar que sereia não existe. Segundo, existem duas produções mais recentes que apresentaram sereias negras: a primeira temporada de Cidade Invisível, em 2021, apresentou uma Iara (Jessica Córes) negra, e a primeira temporada de Wandinha contou com Bianca (Joy Sunday), uma sereia negra.
Ou seja, mesmo que sereias não existam, as pessoas já tinham visto sereias não brancas antes. E talvez, seja hora de reassistir as produções da Dreamworks e absorver de fato o que se assiste para entender as críticas colocadas nas animações ao invés de reproduzir comportamentos criticados nos filmes.
Fonte e Reprodução: Dreamworks | Edição: Taís Wölfert
