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25/09/2019 às 22h42min - Atualizada em 25/09/2019 às 22h42min

Crítica | (Des)encanto – Parte 2

Animação retoma com um equilíbrio de narrativa, temas e piadas

Vitória Xavier - Editado por Bárbara Miranda

A primeira temporada de (Des)encanto rendeu muitas opiniões diferentes, sendo que algumas pessoas gostaram e outras não. Tudo porque, desde o seu anúncio, a série já reuniu muitas expectativas em cima dela, pois o criador é nada mais, nada menos do que Matt Groening Criador de “Os Simpsons" e “Futurama”. 

Consequentemente, todo mundo já esperava uma grande produção em Desencanto, o que necessariamente não ocorreu da forma desejada. O principal fator que desencadeou críticas negativas, foi a falta de narrativa, muitas episódios foram simplesmente jogados de forma bem aleatória. Sendo que uma plataforma como a Netflix, acaba pedindo episódios que se conectem entre si, afinal, a tendência dos telespectadores, é curtirem aquilo te prendem, ocasionando a vontade de maratonar. 

Um outro ponto a ser citado, que apesar de ser algo muito relativo, é o humor da série, que tem como prioridade focar em algo mais crítico. Porém, o esperado não foi alcançado, já que algumas piadas se tornaram forçadas demais, especialmente na dublagem brasileira, onde a aposta em tentar introduzir memes, tornou tudo ainda mais forçado. 

Mas afinal, a segunda parte, conseguiu trazer aquilo que todo mundo esperava na primeira parte? (spoilers da primeira temporada)

Para recordar, a primeira parte terminou com a princesa Tiabeanie (Abbi Jacobson), apelidada de Bean, tomando uma difícil escolha: salvar a vida da sua mãe, condenada a viver como forma de pedra, ou do seu companheiro de aventuras, o Elfo (Nat Faxon). Sua escolha acaba desencadeando um plot twist na série, que revela que a vilã da trama é a sua própria mãe, a Rainha Dagmar (Sharon Horgan). A mesma transforma todos os habitantes do reino em pedra, sobrando apenas o rei Zog (John DiMaggio), que enfrenta a solidão no seu castelo. 

A segunda parte começa dando continuidade para o enredo, mostrando mãe e filha viajando para um reino distante, que é a antiga casa de Dagmar, onde agora vive os tios de Bean. A nossa princesa se vê em um momento de solidão, afinal o seu amigo Elfo está morto, e o seu demônio pessoal, Luci (Eric André) está desaparecido.

Buscando algo para acabar com a solidão, ela acaba descobrindo coisas que não eram para ela saber, incluindo descobrir que a sua mãe não é quem ela pensava que era. A partir daí, a série toma um rumo mais macabro. E como já apresentado no trailer, a aventura de Bean parte para o inferno, pois ela percebe a burrada que fez, e vai atrás de salvar a vida do Elfo.


FONTE: Desencanto (Reprodução/Netflix). 

Com o fim dessa história, a animação inicia outros assuntos de uma forma bem sutil, ou seja, os episódios não ficam tão jogados como a da primeira parte, e os outros personagens são mais explorados. A relação entre o esquecido personagem Derek (Tress MacNeille) e a sua meia-irmã, a princesa, é trabalhada de uma forma que faz com que a gente entenda mais como futuro herdeiro do trono se sente. E a ex-rainha Oona (Tress MacNeille) também recebe um foco, afinal, todo o desentendimento entre ela e a família real obviamente acarretaria consequências.

Um dos maiores elementos da série é mais aproveitado dessa vez, que é a época a qual ela se passa, a era medieval. As situações de vida são mostradas, como a falta de entendimento em relação às doenças, o poder do clero, o medo do “novo”, mitos, e é claro, situações envolvendo desigualdade de gênero e o feminismo. A Bean é um ótimo símbolo para isso, pois ela é uma princesa que não aceita um “não”, e está sempre querendo quebrar padrões. 

Por fim, toda essa situação a leva para mais um novo mundo, que trouxe o estilo Steampunk. Ou seja, a série dá um grande pulo de um ambiente sem tecnologia nenhuma, onde a população vive totalmente às escuras, para um local cheio de novas tecnologias. E apesar do local não ser totalmente explorado, a animação consegue trazer o conteúdo de uma forma que desperta a curiosidade do telespectador para saber onde aquilo vai dar. 


FONTE: Desencanto (Reprodução/Netflix). 

A segunda parte de (Des)encanto consegue atingir as expectativas que faltaram na primeira parte, com um equilíbrio de narrativa, temas e piadas. O final dela, assim como da primeira, deixa espaço para uma continuação, já que novamente existe um plot twist. Além disso, esses novos episódios foram um processo de resolução dos problemas criados anteriormente. A questão da introdução de elementos que trazem um ar de mistério ajudou no quesito de prender o telespectador, despertando a curiosidade.  



REFERÊNCIAS
 
NOLLA, Thiago. CRÍTICA | (DES)ENCANTO: 1ª TEMPORADA – PARTE 2 – A ASCENSÃO E A QUEDA DE TIABEANIE. Nos bastidores. Set. 2019. Disponível em: <https://nosbastidores.com.br/critica-desencanto-1a-temporada-parte-2/>. Acesso: Set 2019. 
MARQUES, João Felipe. (Des)encanto | Crítica – 2ª Temporada. Observatório do cinema. Set. 2019. Disponível em:<https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criticas/criticas-de-series/2019/09/desencanto-critica-2a-temporada> . Acesso: Set 2019. 
BILHETERAMA. DESENCANTO FICOU DIVERTIDA!! (Parte 2, 2019) | Crítica sem Spoilers. 2019. (4m51s). Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=r7eiqf6U2gQ&t=33s>. Acesso: Set 2019.  

BILHETERAMA. DESENCANTO PODIA SER INCRÍVEL, MAS... (Parte 1, 2018) - Crítica sem Spoilers | VEDA 20. 2018. (5m41s). Disponível em:<
https://www.youtube.com/watch?v=Z2ZufG0i-NU&t=237s> . Acesso: Set 2019. 
 
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