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16/10/2019 às 11h37min - Atualizada em 16/10/2019 às 11h37min

"As mulheres estão seguindo em frente e lutando para conquistar seu espaço"

Em entrevista, a influencer “JoyStick” conta um pouco mais sobre sua carreira, preconceito e o mercado de videogames

Carolina Rodrigues - Editado por Bárbara Miranda
CRÉDITOS: JoyStick via Facebook
Após um longo período de pausa, Joyce Cervantes, conhecida na internet como JoyStick, resolveu voltar à ativa. A streamer e influencer geek contou em entrevista ao Lab Dicas um pouco mais sobre seu crescimento na internet e sobre o machismo dentro da comunidade gamer, muito presente nesse mercado em ascensão.
 
CAROLINA RODRIGUES: Desde que você começou a jogar, como você decidiu criar conteúdo online e começar a fazer lives?
JOYSTICK: A minha primeira lembrança com jogos eletrônicos foi quando eu era bem criança e meus pais me deram um Super Nintendo, que tinha o jogo Super Mario, Beethoven e o do Ligeirinho (vulgo, Speedy Gonzales). Foi aí que começou a nascer minha paixão por jogos e principalmente pelo Super Mario.

Quando eu entrei na fase da adolescência eu comecei a assistir algumas streams, ver vídeos do YouTube e acompanhar alguns conteúdos e isso me divertia demais. Foi algo muito bom para mim, principalmente naqueles dias que batia uma bad, sabe?

Então conforme eu fui ficando mais velha e tive a oportunidade de começar a comprar meu próprio notebook e outros equipamentos eu pensei “por que não tentar alegrar e ajudar as outras pessoas da mesma forma que esses outros criadores fazem comigo sem nem saberem?”. Em outras palavras, assistir streams e ver conteúdo de criadores me fez um bem imenso e eu gostaria de poder fazer algum bem para as outras pessoas também, mesmo que seja pouco e de forma bem humilde.

CAROLINA: Como é para você hoje ser uma digital influencer geek?

JOYSTICK: Eu acho que eu ainda estou bem no começo, mas fico feliz demais quando o pessoal assiste uma stream minha e fica no chat conversando comigo; quando pedem algum tipo de conteúdo específico ou quando o conteúdo que eu fiz ajuda alguém.

Espero de coração poder me dedicar mais para trazer mais conteúdo para galera, pois eles são minha grande motivação.
 
CAROILINA: De lá para cá, por ser mulher, você já foi vítima de ofensas ou importunações de alguma maneira?
JOYSTICK: Infelizmente sim, tanto em stream quanto off. Acredito que onde eu mais sofri com isso foi quando eu jogava LoL. Eu não tinha um time fixo para jogar então acabava jogando com pessoas aleatórias. O interessante é que quando você vai bem numa partida todos pensam que você é um homem, falando coisas do tipo “valeu, cara”, “me add para jogar a próxima, mano”, etc. Porém quando você não vai tão bem, logo surgem as ofensas “com certeza é mulher”, “volta pra cozinha”, dentre outras. Devido a isso acabei parando de jogar LoL, pois não é todos os dias que você está bem o suficiente para não se deixar abalar por esses comentários.

Nas minhas streams eu já recebi diversas cantadas e quando eu não respondia nada logo se tornavam ofensas também.

CAROLINA: As oportunidades são as mesmas para mulheres e homens?
JOYSTICK: Olha, eu tive boas oportunidades, até porque busquei logo no início me afastar e cortar relações com pessoas preconceituosas e ofensivas, mas acredito que não deve ser assim para todas as mulheres.
Inclusive, gostaria de ressaltar que a Blizzard, da qual sou Community Partner, sempre buscou dar as mesmas oportunidades para mulheres e homens. Sempre busca divulgar o trabalho da comunidade e nos ajuda. Inclusive, há mulheres que jogam os jogos da Blizzard e que estão seguindo para o competitivo. Estou muito orgulhosa!
 
CAROLINA: Você acha que a comunidade geek é machista de alguma forma?
JOYSTICK: Quando eu era criança eu cresci jogando com meus irmãos e primos e eu fui a primeira dos meus irmãos a ganhar um vídeo game, então naquela época eu nem sabia da existência dessa discriminação. Conforme fui crescendo e tendo contato com outras pessoas fui vendo que não era bem assim. Sofri preconceito, sim, por ser mulher e vejo nos comentários das comunidades que infelizmente a comunidade geek ainda é muito machista. As mulheres que conseguem crescer e se destacar nunca recebem o devido crédito por seus esforços, sempre tem alguém pronto pra atacar e dizer que ela só conseguiu crescer por outros motivos.
 
CAROLINA: Como você visualiza o mercado gamer/geek para as mulheres? É um bom momento para que possam se inserir na área?
JOYSTICK: Pelo que eu ando acompanhando do cenário gamer/geek esse é um bom momento sim para as mulheres, porque cada vez mais as empresas estão vendo que o público feminino nessa área está crescendo.

As mulheres estão seguindo em frente, jogando, partindo para o competitivo e lutando contra todo tipo de preconceito para conquistar seu espaço.

Estou muito feliz vendo o crescimento do público feminino, de streamers, geradoras de conteúdo, jogadoras profissionais, organizadoras de eventos de jogos, narradoras e dentre tantas outras que estão aí enfrentando seus medos e seguindo rumo ao seu sonho.

Agradeço imensamente pela oportunidade de falar aqui sobre esse tópico que ainda é meio que um tabu.

Um grande abraço a todos e beijos da JoyStick!
 

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