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25/10/2019 às 15h46min - Atualizada em 28/10/2019 às 15h46min

Indústria cultural e a limitação do cinema

Entenda a polêmica entre grandes cineastas de Hollywood e a Marvel

Josué Ernandes - Editado por Milena Iannantuoni
Foto: Divulgação/ Marvel Studios
O termo cinema foi cunhado por Adorno e Horkheimer, e significa transformar o lazer e a cultura em lucro para o sistema capitalista e consequentemente em consumo para a massa. E hoje se tornou  um dos principais produtos de consumo da indústria cultural, portanto, vêm sofrendo transformações com o passar do tempo, e a produção em larga escala também se adaptou com as novas mudanças.

Com o crescimento e os avanços tecnológicos, alguns gêneros cinematográficos se destacam no sistema capitalista e passam a produzir filmes em grandes proporções para suprir a necessidade da demanda popular. Um dos exemplos mais conhecidos dessa produção são os filmes da produtora Marvel Studios, sustentada pela cultura Geek.

Conhecida pelo nome de UCM (Universo Cinematográfico da Marvel), o estúdio já produziu 23 filmes de 2008 à 2019 e ultrapassou a marca de US$ 20 bilhões em bilheteria mundial, em um curto período de 11 anos. Apenas em 2019, foram lançados 3 filmes da produtora com bilheterias superior à US$ 1 bilhão.
 

(Foto: Reprodução/ Fandom)

Comandado por Kevin Feige, produtor executivo, e agora diretor criativo do estúdio, o UCM construiu um sistema próprio com histórias que se conectam a cada filme lançado e com reuniões dos principais heróis em filmes épicos. Mas, se por um lado a Marvel conseguiu atrair fãs dos quadrinhos e fãs que passaram a gostar do gênero super-herói, o outro lado conseguiu atrair um grande time de cineastas e diretores poderosos de Hollywood que acreditam que o "Movimento Marvel" possa estar limitando o cinema e diminuindo a produção de outros gêneros cinematográficos.
 
As polêmicas começaram quando o diretor Martin Scorsese comentou que não considerava os filmes da Marvel Studios como "cinema". O cineasta elogiou a qualidade da produção dos longas mas que nas obras, os atores não conseguiam "passar uma experiência emocional e psicológica para o público". Ele ainda explicou que os longas parecem atrações de parque de diversão. O comentário do cineasta logo abriu portas para diversos debates sobre o que poderia ser ou não considerado cinema.
 
James Cameron (Diretor de Avatar)
 

 Foto: Getty/ Marvel Studios
 
Antes da última obra que fecha o arco da saga do infinito, o diretor James Cameron que dirigiu o filme Avatar, falou que espera que a onda de filmes da Marvel chegue ao fim. "Espero que a fadiga de filmes de 'Vingadores' chegue rápido. Não é que eu não ame os filmes. É só que, por favor, existem outras histórias para contar, que não são sobre machões sem família fazendo coisas que desafiam a morte por duas horas sem parar, e destruindo cidades no processo", comentou ele.
 
Jennifer Aniston (FRIENDS)
 

Foto: Getty/ Marvel Studios
 
A atriz conhecida por interpretar o papel de Rachel Green no seriado Friends, Jennifer Aniston, diz acreditar que a Marvel Studios representa um "Mal cinema" e é por esse por motivo que os atores estão migrando para a TV ou para os serviços streamings. “Você vê o que está passando por aí nos cinemas e só está diminuindo e diminuindo. São só filmes grandes da Marvel. Realmente não estou interessada em interpretar em frente a um fundo verde", justifica ela.

 

Foto: Divulgação/ Marvel Studios

Não é a primeira vez que esses tipos de discussões acontecem e diretores conservadores na indústria expõe suas opiniões. No Brasil, com a chegada da ação "Cinema Marginal" – movimento que pregava a ideologia da contracultura e tinha a influência do tropicalismo – os cineastas do  "Cinema Novo" (anterior ao Marginal), criticaram este estilo. Glauber Rocha, um dos principais nomes do "Cinema Novo" e o percursor do movimento, criticou veementemente o "Cinema Marginal", os chamando de "Udigrúdi", versão baixo nível de "Underground" em referência aos filmes norte-americano.
 
 

Foto: Divulgação/ Marvel Studios

 A editora Marvel é o principal Blockbuster - produtos populares e de apelo comercial - da indústria cinematográfica. As franquias da produtora geram alta comoção e consequentemente muito lucro para os seus desenvolvedores. A exemplo, é o fato de que 4 das 10 maiores bilheterias da história do cinema são da Marvel. Em contrapartida, é fato que a produção em larga escala desses filmes de sucesso ocupa grande parte das salas de cinema, deixando um espaço quase vago para filmes alternativos ou independentes. Sem espaço, esses filmes estão migrando para os serviços de streaming, como por exemplo a Netflix ou a Amazon Prime Video.
 

 Foto: Divulgação/ Marvel Studios
 
Em outra visão, os comentários desses cineastas renomados podem soar como exagerados ou até mesmo elitistas visto que os telespectadores dos filmes da Marvel é a massa. Esses são responsáveis por democratizar uma arte que, até então, era limitado à elite. Ou seja, hoje, os telespectadores que consomem esse produto é diversificado, seja de classe social ou até mesmo de faixa etária.
 
REFERÊNCIAS
 
OLIVEIRA, Murilo. Jennifer Aniston fala sobre seu retorno à TV: “No cinema agora só tem os filmes da Marvel”. Disponível em < https://ovicio.com.br/jennifer-aniston-fala-sobre-seu-retorno-a-tv-no-cinema-agora-so-tem-os-filmes-da-marvel/amp/ > Acesso em: 21 de outubro 2019.
 
GARÓFALO, Nicolaos. Martin Scorsese afirma que filmes da Marvel não são cinema. Disponível em <  https://www.google.com/amp/s/www.omelete.com.br/amp/marvel-cinema/martin-scorsese-filmes-marvel-nao-sao-cinema  > Acesso em: 21 de outubro 2019.
 
A COZINHA. Todos contra a Marvel: entenda as críticas ao sucesso do MCU. Disponível em <https://www.omelete.com.br/filmes/omeletv-live-todos-contra-a-marvel  > Acesso em: 21 de outubro 2019.

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